O OPERADOR NACIONAL DE ENERGIA CONSIDERA O TÉRMINO DE ANGRA 3 FUNDAMENTAL PARA DAR ESTABILIDADE A MATRIZ ENERGÉTICA
O dia de hoje (22) será muito importante para a retomada das obras da Usina Nuclear Angra 3. A Câmara deve votar a Medida Provisória 814, pois ela tem prioridade sobre as outras medidas. O Deputado Júlio Lopes, que é o relator da medida, está mito otimista quanto a sua aprovação. Para ele, a interação com o governo permitiu que as alterações feitas levassem a aceitação do relatório. A aprovação da medida vai ao encontro de um trabalho minucioso do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), dirigido por Luiz Eduardo Barata (foto), que aponta a energia nuclear fundamental por sua eficiência, confiabilidade e por seus custos atrativos. O trabalho teve o objetivo de caracterizar a importância da usina nuclear Angra 3 no atendimento eletro-energético ao Sistema Interligado Nacional (SIN). O resultado deste estudo revela, curiosamente, pelas posições contrárias à energia nuclear, que o atual diretor geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, desconhece efetivamente a importância da geração nuclear na matriz brasileira e que está divorciado de uma realidade óbvia da necessidade energética para sustentar o crescimento do país no futuro.
O trabalho do ONS indica que Angra 3 irá possuir capacidade instalada de 1.405 MW, embora ainda esteja sem previsão para entrada em operação no horizonte do planejamento da operação. Ela vai integrar o complexo da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, que inclui a Angra 1 (657 MW), e Angra 2 (1.350 MW), as duas em plena operação. Na nota técnica, a importância de Angra 3 para o SIN está avaliada sob dois aspectos: 1) dos benefícios sob o ponto de vista energético; 2) dos benefícios sob o ponto de vista elétrico. O trabalho mostra que sob o enfoque do atendimento energético, Angra 3 apresenta as seguintes características:
1- Sua capacidade instalada, e a previsão de alta disponibilidade e elevada confiabilidade a tornam, mesmo se avaliada isoladamente, um dos principais recursos para atendimento ao mercado da Região Sudeste e do SIN;
2- Como disponibilizará sua produção diretamente na Região Sudeste, maior carga do SIN, contribui para evitar congestionamentos nas interligações entre subsistemas, principalmente com o advento do atraso das obras da Abengoa;
3- Devido a seu baixo custo unitário variável previsto será uma das fontes preferenciais para despacho, seja por mérito econômico ou por razões de segurança eletro-energética;
4- A operação de Angra 3 durante um mês corresponde a 0,6% da energia armazenável máxima da Região Sudeste, o que em base anual corresponde a um acréscimo de 7,2% da energia armazenável máxima desta região.
Sob o ponto de vista elétrico, a usina Angra 3 traz os seguintes principais benefícios relacionados ao desempenho elétrico da Rede Básica de suprimento à área Rio de Janeiro/Espírito Santo:
1-Permite manter a qualidade do suprimento em situações de parada das UTEs Angra 1 e Angra 2, para recarga ou manutenções;
2- Aumento nos limites de transmissão para a área Rio de Janeiro/Espírito minimizando a necessidade de geração térmica e/ou uso de SEPs de corte de carga, principalmente em situações de contingências duplas;
3- Melhor perfil de tensão nas malhas de 500 kV e 440 kV da região Sudeste, decorrente da redistribuição de fluxo através de atendimento local ao centro de carga (Rio de Janeiro e Espírito Santo).
Para o ONS, é possível concluir que a Usina Angra 3 terá papel relevante no horizonte abarcado pelos estudos de planejamento da operação do ONS. Sobre os benefícios energéticos, o trabalho a avaliação da importância da usina Angra 3 para o SIN, sob o enfoque do atendimento energético. A avaliação toma por base dados verificados da operação e informações dos estudos de médio prazo do Programa Mensal de Operação – PMO, e do Plano Anual da Operação Energética de 2016- PEN 2016. A UTN Angra 3 estará representada no Subsistema (e no Submercado) Sudeste/Centro-Oeste, podendo-se observar que sua confiabilidade será uma das mais altas entre as usinas térmicas do SIN, atestado pela previsão de seu baixo índice de indisponibilidade não programada – 2,00%.
O trabalho apresenta ainda a Tabela SIN mostrando a capacidade instalada e participação por fonte até 2016:
Hidráulica – 102.008 MW – 71 %
Nuclear- 1.990 MW – 1,4 %
Gás / GNL – 12.414 MW – 8,7%
Carvão – 3.174 MW – 2,2 %
Biomassa- 7.775 – 5,4 %
Outras – 867 MW – 0,6 %
Óleo / Diesel – 4.732 MW – 3,3 %
Eólica – 9.754 MW – 6,8 %
Solar – 18 MW – 0,0 %
Total – 142.732 MW – 100 %
A potência instalada de Angra 3, 1.405 MW, corresponderia a 0,9% da capacidade instalada no SIN, e 4,5% da capacidade instalada em termelétricas até o fim de 2016. Com a expansão da oferta de geração prevista no PEN 2016, em 2020 esses percentuais passariam, respectivamente, para 0,8% do SIN e 4,1% da capacidade termoelétrica total. Como a produção de Angra 3 será disponibilizada diretamente na Região Sudeste, que possui a maior carga do SIN, esta usina contribuirá para evitar congestionamentos nas interligações entre subsistemas. Sua geração máxima, superior a 1.200 MW médios, é suficiente para atender sozinha a aproximadamente 1,8% da carga do SIN e mais de 3,2% da carga do Sudeste no ano de 2021. A operação da UTN Angra 3 durante um mês corresponde a 0,6% da energia armazenável máxima da Região Sudeste, o que em base anual corresponde a um acréscimo de 7,2% da energia armazenável máxima desta região. O custo variável para despacho de Angra 3, previsto para ser inferior a 30 R$/MWh, a torna uma das fontes mais atrativas do SIN.
Quando se observa a participação dos montantes de disponibilidade energética por faixas de custos unitários variáveis – CVUs – as usinas nucleares se destacam em relação às demais fontes, contribuindo de forma significativa para menores custos de operação do SIN. A combinação de elevada potência instalada, baixo custo para despacho, alta disponibilidade e grande confiabilidade caracterizam a UTN Angra 3 como uma das fontes prioritárias para despacho, seja por mérito econômico ou por razões de segurança eletro-energética. A fonte nuclear apresenta fator de utilização crescente, nunca inferior a 92%, atingindo aproximadamente 98% de utilização em 2016, caracterizando-se como uma geração eminentemente de base.
Acho que ao invés de discutir sobre Angra 3 o governo deve se preocupar com a saúde,educação e segurança pública a retomada de Angra 3 pode-se postergar por outras formas de energia menos perigosa como a energia solar, energia eólica.