HYDRO ALUNORTE JUSTIFICA COMPRA DE TUBOS SEM CERTIFICAÇÃO PARA OBRA EM REGIÃO ONDE HOUVE DESASTRE AMBIENTAL

A Hydro Alunorte voltou a enviar novas explicações para justificar ter cotado a compra de tubos API e se decidir por adquirir tubos sem certificação em obra de adutora no município de Bacarena, no Pará, onde em fevereiro deste ano  houve um gravíssimo acidente ambiental, com derramamento de resíduos químicos  de sua mina que atingiu quase duas mil famílias locais. Para lembrar, A empresa é uma gigante norueguesa atuando em 40 países e é dona da maior refinaria de óxido de alumínio do mundo, localizada no Pará, a 50 quilômetros de Belém. A empresa  está sob a lupa investigativa por um crime ambiental que compromete o meio ambiente e a saúde de comunidades locais. A empresa, que usa bauxita para produção de alumina (ou óxido de alumínio), é acusada de ter contaminado áreas verdes e rios do entorno com rejeitos formados de bauxita e outros elementos tóxicos como chumbo ter transbordado após fortes chuvas ocorridas na região entre os dias 16 e 17 de fevereiro de 2018. O  Ministro do Meio Ambiente José Sarney Filho chegou a dizer na época que, por não haver “dúvida nenhuma sobre as responsabilidades da empresa, multas pesadas deveriam ser aplicadas e as atividades da refinaria na região deveriam ser suspensas.”

A empresa enviou para diversas empresas um pedido de orçamento para compra de tubos com certificação API, que são mais caros e mais seguros do que qualquer um  outro. Depois de pegar todos os orçamentos, decidiu, comprar de uma distribuidora de tubos sem certificação. O perigo levantado pelo Petronotícias não é sobre a lisura ou não dessa compra, a Hydro é uma empresa privada, tem seus próprios métodos de apuração e compliance, e faz a compra onde  bem entender. O estranho é cotar certo, exigindo tubos API, com selo de garantia da American Petroleum Institute, e comprar um outro tipo de tubo sem a qualificação necessária para instalar numa área onde acabou de ter um acidente ambiental extremamente sério, contaminante, que prejudicou as vidas de quase duas mil famílias. Em uma nota enviada nesta quarta-feira(20), a Alunorte diz que “o fornecedor selecionado atende a todos os requisitos especificados na concorrência.” Mas isso não é inteiramente verdadeiro. A Distribuidora de Tubos Ipiranga não tem nem a certificação e nem o selo de garantia da American Petroleum Institute. O uso de um tubo sem certificação necessária significa risco. Simples assim. As empresas que certificadas são fiscalizadas. A Anglo American, dona do mineroduto Minas-Rio,  que explodiu recentemente em Minas Gerais, que o diga.

O Petronotícias mantem cinco perguntas básicas para a empresa, mas efetivamente, até agora, apenas uma questão foi respondida:

• Gostaríamos de saber por que a empresa especificou um tipo de tubo na proposta feita às empresas e comprou outro tubo, sem certificação?
• A empresa está ciente dos riscos que essa ação pode causar?
• Essa foi uma decisão econômica?
• Qual a diferença preços de um tubo API para um tubo sem certificação?
• Se há diferença no preço, essa diferença compensa os riscos de se comprar mais barato os tubos sem certificação?

Nesta quarta-feira(20) a Hydro Alunorte, enviou as seguintes explicações que reproduzimos na íntegra:

“ Com relação à reportagem publicada pela Petronotícias, em 19 de junho de 2018, a Alunorte esclarece que o fornecedor selecionado atende a todos os requisitos especificados na concorrência.

A tubulação adquirida será utilizada para transportar água da chuva das bacias de contenção para as bacias de recepção da Estação de Tratamento de Efluentes Industriais (ETEI).

A pressão de trabalho requerida pelo projeto da referida tubulação é de 1kg por centímetro quadrado e as especificações da tubulação a ser fornecida pela empresa selecionada suporta pressão de até 22kg por centímetro quadrado, evidenciando que não há risco.”