PETROBRÁS BUSCA DAR DESTINO DEFINITIVO PARA MILHARES DE BARRIS COM TONELADAS DE BORRA DE ÓLEO RADIOATIVO DE SUA PRODUÇÃO
Poucas pessoas, mesmo ligadas ao setor de petróleo e gás, já ouviram falar em NORM (Naturally Occuring Radioactive Materials), uma borra radioativa do petróleo que não é utilizada e, pelo risco de contaminação, precisa ser armazenada em segurança. Ela pode ser tratada, mas nem a Petrobrás domina esse conhecimento. Por isso, tem armazéns gigantescos no Espírito Santo, Macaé e Sergipe, onde milhares de barris estão estocados até que se consiga um destino seguro. Havia uma dúvida se o Código de Conduta da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), arbitrava sobre a questão do NORM. Uma dúvida esclarecida pelo diretor da CNEN, Ricardo Gutteres: o código da agência trata apenas de fontes criadas pelo homem. O país que produzir qualquer material radioativo, é o responsável pelo seu destino. Não pode sequer exportar para outro país, a não ser que haja consentimento dos órgãos de fiscalização desses dois países. O que exporta e o que importa. Agora, a Petrobrás tem pressa para dar um destino final para os milhares de barris com toneladas de borra radioativa que produz. A Shell, que também produz petróleo no Brasil exportou para os Estados Unidos uma parcela de borra oleosa radioativa que ela produziu aqui. A CNEN apenas verificou se havia Tório ou Urânio no material exportado. Se houvesse, ele seria taxado. Como os órgãos ambientais americanos do Texas deram sinal verde para a exportação, a CNEN sequer emitiu qualquer documento, segundo Gutteres. No Texas, a Shell contratou uma empresa americana para dar o destino final ao NORM produzido pela petroleira no Brasil.
Até onde se sabe, essa preocupação vem sendo tratada com alguma urgência e muita preocupação. Por coincidência, hoje (26), o Instituto Brasileiro de Petróleo- IBP – organizou um encontro de especialistas para tratar deste tema, no Rio de Janeiro. O evento marcará o lançamento do Caderno NORM, e terá palestras importantes sobre o tema ouvindo as opiniões dos seguintes especialistas: Carlos Henrique (IBP); Ricardo Gutteres (foto) (CNEN); Breno Bispo ( Ibama); Gisele Guimarães ( SRT); Gustavo Gomes ( Petrobrás); Marcelo Valinhas ( Petrobrás) Leandro Rodrigues (Shell); Carlos José (CENPES); Rogério Mourão (CDTN); Horst Monken Fernandes (AIEA); Nerbe José Ruperti Junior (CNEN); Flávia Schenato ( CNEN) e Nivaldo Carlos da Silva (LAPOC).
O Petronotícias procurou a Petrobrás para saber a posição da empresa diante de uma situação de risco e que merece toda a atenção. Veja o posicionamento da empresa
– Como e onde a Petrobrás faz o armazenamento da borra oleosa radioativa e os demais resíduos originários da extração do petróleo?
– A Petrobrás armazena a borra oleosa contaminada com NORM de acordo com os procedimentos da Comissão Nacional de Energia Nuclear, CNEN, NN-8.01/2014, norma que se aplica à gerência de rejeitos radioativo de baixo e médio níveis de radiação. Os locais de armazenamento são depósitos iniciais inspecionados pela CNEN localizados em bases terrestre em Macaé-RJ e Serra-ES e Sergipe.
– A partir do recolhimento da borra oleosa, qual é o processo até estarem armazenadas?
– Após recolhimento nas unidades, as borras oleosas são acondicionadas em sacos plásticos dentro de tambores metálicos e fechados com tampa metálica. Em seguida são identificados e medidos os níveis de radiação de superfície e segregadas conforme Norma CNEN NN 5.01/1988 para Transporte de Materiais Radioativos, por via marítima e terrestre até as Bases Terrestres.
– A Petrobrás continua a manter a geração média de mil barris de NORM/ano?
– A geração de borra varia com o plano de manutenção das unidades de produção.
– Além dos depósitos de Aracruz, no Espírito Santo, Macaé e Sergipe, a Petrobrás mantém outros depósitos para os tambores de a NORM?
– Os depósitos citados são no município de Serra, no Espírito Santo, Macaé e Sergipe.
– A CNEN tem mantido a fiscalização desses estoques de NORM? Qual é a recomendação que ela faz?
– A CNEN inspeciona regularmente os depósitos com o objetivo de verificar o cumprimento dos requisitos de segurança estabelecidos na Norma NN-8.01/2014.
– Como ficaram os tambores de NORM depois do incêndio no Espírito Santo? Eles continuam armazenados nas mesmas condições? A CNEN fez alguma exigência?
– Os tambores danificados foram descontaminados em área licenciada e descartados como sucata. Os resíduos contidos nos tambores danificados de NORM que estavam no incêndio no Espírito Santo foram transferidos para tambores metálicos novos e acondicionados em sobreembalagens plásticas em depósitos iniciais licenciados pelo IBAMA e autorizados pela CNEN no Município de Serra.
– Onde e como são armazenados os produtos inorgânicos NORM, como tubos, etc ?
– Os tubos e equipamentos que apresentam NORM são descontaminados por meio de contrato com empresa especializada em Macaé-RJ, licenciada e autorizada pela CNEN.
– A Petrobrás contrata que empresa para fazer a descontaminação radiológica dos resíduos inorgânicos. O que é feito com material que é descontaminado e com os que continuam contaminados?
– A Petrobrás mantém contrato com empresas licenciadas e autorizadas pela CNEN. A incrustação removida de tubos e equipamentos é recolhida e acondicionada em tambores metálicos e devolvida à base terrestre da Petrobrás em Macaé. As sucatas isentas são recicladas.
– Os tubos que são jateados no processo de descontaminação, geram um outro passível ambiental radiológico, como a água e o material extraído. O que é feito com esse material? Também estão sendo armazenados junto com os depósitos de tambores de NORM?
– A incrustação removida de tubos e equipamentos é recolhida e acondicionada em tambores metálicos e devolvida à base terrestre da Petrobrás em Macaé.
– Segundo a recomendação internacional da Agência Internacional de Energia Atômica, – Código de Conduta – “Quem gera passivo radiológico, é responsável por dar uma destinação final a ele.” A destinação final de NORM gerado pelas atividades da PB segue essa recomendação?
– A Petrobrás atende à legislação brasileira, Lei 10.308/2001, e às normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear, órgão regulador que estabelece normas e regulamentos em radioproteção e é responsável por regular, licenciar e fiscalizar a produção e o uso da energia nuclear no Brasil.
– O número de barris de NORM gerado é em torno de mil por ano. A medida que a produção aumenta, esse passivo também aumentará, assim como seu risco, principalmente de um incêndio, que resultaria em um problema ambiental radiológico nunca visto em nossa história. O que a Petrobrás pretende fazer com os barris NORM, que a cada ano cresce em quantidade?
– A geração de NORM não segue obrigatoriamente o crescimento da produção posto que depende das características de cada reservatório, dos métodos de recuperação secundária empregados, estágio da exploração do reservatório, entre outros fatores. A borra oleosa gerada nos processos de produção é classificada como de baixa atividade e baixo nível de radiação compatíveis com a segurança das instalações industriais onde são armazenadas. A Petrobrás vem estudando em seu Centro de Pesquisas, formas de compactação do resíduo e alternativas de disposição final.
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