AMPLIAÇÃO DA QUALIFICAÇÃO DE PROFISSIONAIS SERÁ FUNDAMENTAL PARA O CRESCIMENTO DO MERCADO NUCLEAR
Na edição desta sexta-feira (20) da série especial Perspectivas 2020, falaremos sobre a preparação e o treinamento de recursos humanos para o setor nuclear. Nossa convidada de hoje é a Diretora da World Nuclear University (WNU), a brasileira Patricia Wieland. Para ela, os programas de educação e treinamento existentes devem ser ampliados. Isso para que uma nova força de trabalho esteja disponível e qualificada para atuar no mercado. Usando dados disponíveis na indústria, Wieland lembra que mais da metade de todos os colaboradores precisarão de um aumento significativo na qualificação até 2022. “Tendo em consideração as inovações tecnológicas que, com certeza, serão absorvidas pela área nuclear, a área de recursos humanos deve se preparar e implementar rapidamente as modificações em conteúdo e metodologia para treinamento”, afirmou. Neste sentido, para o Brasil, a diretora da WNU sugere o desenvolvimento de um plano nacional da força de trabalho com diversas especialidades para a energia nuclear.
Como viu o seu setor em 2019?
Desenvolver recursos humanos para a indústria nuclear requer tempo e atenção ao alto padrão de competência e desempenho requeridos.
O mercado de trabalho mundial na área nuclear está movimentado e otimista com a construção de novas plantas nucleares. O que se viu foi mais mobilidade, ou seja, profissionais mudando de país de residência por conta de oportunidades de emprego na área nuclear. Também vimos o aumento do movimento por inclusão, com mais programas visando oportunidades iguais, equilíbrio de gênero e diversidade na força de trabalho. O networking profissional está cada vez mais forte com jovens interessados, participando em grupos de discussão nas redes sociais. Foi bom ver mais integração entre as gerações, por exemplo, com programas que incentivam o relacionamento com mentores, tentando evitar o gap e criando caminhos para desenvolvimento profissional.
Na World Nuclear University vimos um interesse grande em participar de programas de desenvolvimento de lideranças. O Sumemr Institute teve 82 alunos de 39 países.
Qual e a sua expectativa para 2020?
O gerente é peça chave para o crescimento, para adotar novas tecnologias e permitir o desenvolvimento de habilidades essenciais entre os colaboradores para qualquer situação previsível. Os gerentes que ajudam sua equipe a desenvolver suas carreiras crescerão também e ficarão prontos para ocupar cargos mais altos. Portanto, a preparação dos gerentes para um tempo de evolução é fundamental.
Essa é a estratégia esperada, especialmente considerando o programa de crescimento do número de plantas nucleares. Para um site com 2 reatores, o número estimado de pessoas pela AIEA [Agência Internacional de Energia Atômica] é mais de 1.000 profissionais. O numero de especialistas da área nuclear não é tanto como se imagina: 7 engenheiros de reatores e 15 combustível nuclear; 30 nuclear safety review e proteção radiológica. Já para o treinamento especifico da mão de obra para o site, são previstos 48 profissionais de treinamento.
Os programas de educação e treinamento existentes devem ser ampliados para garantir que uma nova força de trabalho esteja disponível e qualificada para atuar nas instalações planejadas no tempo certo. Portanto, minha expectativa para 2020 é que os programas de treinamento continuem e se adaptem para as condições de crescimento. E que os profissionais experientes em cargo de chefia considerem embarcar na área de treinamento como professores e mentores, para manter viva a corrente do conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes para na área nuclear.
Jovens da área nuclear interessados em desenvolver seu potencial de liderança e gerenciar projetos não devem ser tímidos. Apresentem-se e mostrem seu potencial. O Brasil precisa de lideranças competentes, com iniciativa e ágeis para levar avante o programa nuclear nas próximas décadas.
O que gostaria de sugerir para que seu segmento de negócios seja mais ativo?
É importante criar oportunidades e seguir as tendências mundiais. O World Economic Forum publicou o relatório “The Future of Jobs Report 2018” que apresenta informações e dados para facilitar o entendimento das transformações socioeconômicas atuais e preparar líderes para o crescimento econômico e progresso social.
O relatório diz que, até 2022, nada menos que 54% de todos os colaboradores precisarão de um aumento significativo na qualificação (Upskilling e Reskilling). Desses, estima-se que cerca de 35% exijam treinamento adicional de até seis meses. As habilidades que continuam a crescer em destaque até 2022 incluem a criatividade, originalidade e iniciativa, pensamento crítico, persuasão e negociação, bem como a aprendizagem ativa e estratégias de aprendizagem. A crescente importância de habilidades, como design e programação de tecnologia, destaca a crescente demanda por várias formas de competência em tecnologia identificadas pelos empregadores pesquisados para este relatório. A inteligência emocional, a liderança e a influência social, bem como a orientação para o serviço, também veem um grande aumento na demanda em relação ao seu destaque atual. O relatório encontra evidências extensivas da demanda acelerada por uma variedade de funções novas, relacionadas à compreensão e ao aproveitamento das tecnologias emergentes: especialistas em AI e Machine Learning, especialistas em Big Data, especialistas em automação de processos, analistas de segurança da informação, experiência do usuário e interação usuário-máquina; engenheiros de robótica e especialistas em Blockchain.
Tendo em consideração as inovações tecnológicas que, com certeza, serão absorvidas pela área nuclear, a área de recursos humanos deve se preparar e implementar rapidamente as modificações em conteúdo e metodologia para treinamento.
No Brasil, com a expectativa de 6 novas plantas nucleares no Brasil, eu gostaria de ver o desenvolvimento de um plano nacional da força de trabalho com diversas especialidades para a energia nuclear, envolvendo uma estratégia eficiente de pesquisa, educação e treinamento com centros de pesquisa e universidades em estreito relacionamento com a indústria e a cadeia de suprimento.
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