O ANO DE 2018 SERÁ DECISIVO PARA O PROGRAMA NUCLEAR BRASILEIRO
O ano de 2017 vai terminando com notícias ruins e boas para o setor nuclear brasileiro. As boas, além do fim da interinidade e as confirmações na presidência da Nuclep do Almirante Carlos Seixas; e e da Eletronuclear de Leonam Guimarães, tiveram a aprovação do enquadramento das usinas de Angra no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento de Usinas Nucleares (Renuclear) e o aumento da tarifa para geração nuclear, que poderá dar algum fôlego à Eletronuclear. A ruim é a inércia para solucionar o problema do pagamento de juros de R$ 30 milhões mensais ao BNDES de um empréstimo para Angra 3, que está com suas obras paradas, comprometendo a vida econômica da empresa, com uma série de consequências que o Petronotícias vem falando com regularidade.
Dentro do nosso projeto Perspectivas 2018, que busca ouvir personalidades influentes do mercado, conversamos com o Presidente da ABDAN, Associação Brasileira de Desenvolvimento das Atividades Nucleares, Celso Cunha. Ele fez uma análise do que aconteceu neste ano e fala sobre como vê o futuro das atividades nucleares no Brasil no ano que vem:
1- Como analisa os acontecimentos de 2017 em seu setor?
– “O Setor foi marcado em 2017 pela continuidade das indecisões pela retomada das obras de Angra 3 e pela inexistência de uma política Nacional para o Programa Nuclear. Tivemos muitas notícias durante o ano. E gostaria de destacar as que foram negativas e as que foram positivas. Primeiramente as negativas:
a) PNDE 2026 indica somente a conclusão de Angra 3 para 2026, mesmo com o financiamento da Eletronuclear esta marcado para término em 2024;
b) O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) não discutiu em sua a reunião o término de Angra 3;
c) Eletrobrás será privatizada. Isto está gerando muita insegurança no setor privado;
d) A discussão da Consulta Pública 033 (Aprimoramento do marco legal do setor elétrico) é vista como incerta e de difícil implantação neste cenário.
e) A INB teve um corte sinalizado em seu orçamento para 2018 de 67%. Isto impedirá a produção de combustível para as usinas de Angra 1 e 2 para 2019;
f) O início de pagamento do financiamento das obras de Angra 3 pela a Eletronuclear ao BNDES de R$ 10 milhões está provocando desbalanceamento do fluxo de caixa da empresa. A Empresa deixa de cumprir TAC’s com os Municípios, não paga a INB e volta a ter problemas com as obras do depósito de combustíveis utilizados, o que pode levar a uma paralisação das Usinas de Angra 1 e 2 por impossibilidade de armazenamento deste combustível utilizado;
g) Muitas mudanças de comando nas Empresas Públicas do seto;
H) Falta de uma política para apoio a Medicina Nuclear.
Agora, as positivas:
a) Contratação dos Estudos de Modelagem Econômica e Jurídica para a conclusão das obras de Angra 3 em parceria com a iniciativa privada;
b) Início das obras do reator de Multipropósito;
c) Continuidade das obras do Prosub;
d) Maior discussão do Setor nas mídias especializadas e no meio politico.
e) Reativação da Comissão Nuclear, agora ligada ao GSI.”
2- Quais seriam as soluções para os problemas que o país atravessa?
“Acho que o término das obras de Angra 3 e sinalização para a construção das próximas usinas. A Reestruturação do setor com a publicação de uma nova política Nuclear e a Reestruturação de toda a legislação do setor. Esses pontos seriam muito importantes.”
3- Quais as perspectivas para 2018? Pessimistas ou otimistas?
– “ Olha, na verdade as perspectivas são pessimistas, contudo esperamos que os projetos que estão em andamento sejam concluídos e que a situação do orçamento das empresas públicas seja solucionado.”
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