UNIDADE QUE PERMITE ECONOMIA DRÁSTICA DE ÁGUA NAS REFINARIAS SERÁ INAUGURADA ESTE MÊS | Petronotícias




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UNIDADE QUE PERMITE ECONOMIA DRÁSTICA DE ÁGUA NAS REFINARIAS SERÁ INAUGURADA ESTE MÊS

Por Rafael Godinho / Petronotícias:

Será inaugurada em breve a primeira Estação de Tratamento de Água (ETA) para testes hidrostáticos do mundo. A unidade, que está sendo montada na Refinaria do Nordeste (Rnest), em Pernambuco, é peça fundamental de um processo inédito de limpeza interna de sistemas de tubulação, e promete reduzir drasticamente o consumo de água nas refinarias. Para saber as novidades sobre a execução do projeto, que já foi premiado como o Primeiro Comissionamento com Sustentabilidade do Mundo, conversamos com seu idealizador, Bernardino Nilton do Nascimento, técnico em construção naval no consórcio Rnest-Conest. Bernardino, que já abordou o projeto no 5º Fórum do Comissionamento do Comperj, afirma que, graças à iniciativa, a utilização da água na Rnest será reduzida de 16 milhões de litros para, no máximo, 400 mil litros. De acordo com Bernardino, a montagem da ETA já está adiantada e a inauguração deve acontecer ainda neste mês de janeiro. Segundo ele, a primeira ETA do mundo terá capacidade para 200 mil litros. Será o bastante para atender aos testes hidrostáticos da Refinaria do Nordeste.

Qual é a função do teste hidrostático?

O teste hidrostático serve para dar garantia às soldas e à tubulação das refinarias. Quando realiza o teste, você faz uma pressão maior no sistema para ver se ele vai resistir às operações. Cada sistema de refinaria tem uma pressão diferenciada.

Como ocorre esse procedimento? Qual é importância da Estação de Tratamento de Água dentro do processo?

Após a montagem do tubo, é necessário então fazer o teste hidrostático. Na água usada para fazer o teste, é injetado um produto químico, onde se inclui um anticorrosivo. Para fazer o teste hidrostático, contaremos  com uma Estação de Tratamento de Água (ETA) sustentável. Para nós, a ETA passa a ser primordial, porque observamos que é possível fazer a limpeza da água após o teste. Isto é, além de tratamento, também podemos falar em reuso de água, o que é bastante importante dentro do processo sustentável.

Como será a Estação de Tratamento de Água?

Fizemos uma ETA para 200 mil litros de água, que está sendo montada em Pernambuco, na cidade de Ipojuca, na Refinaria do Nordeste (Rnest). A ETA projetada ainda vai captar água da chuva para utilização nos processos. Além disso, a bomba interna dela, de circulação, será movida à energia solar. A ETA foi toda desenvolvida pela Hidroquímica, empresa brasileira que também desenvolveu o processo químico CCOSS (Chemical Cleaning One Step), que manterá o tubo protegido de corrosão durante dois anos, após os testes hidrostáticos, com uma camada de proteção interna.

Como tem sido a repercussão do Comissionamento Sustentável?

O projeto está rodando o mundo. Já foi parar na Arábia, Venezuela, EUA, Alemanha, Itália etc. Onde há refinarias. Nos EUA, até em usina nuclear. Graças a Deus, está sendo bem divulgado. Eu mesmo me surpreendi. Pelo que sei, no mundo nunca foi feita uma ETA sustentável para testes hidrostáticos. Está chegando o dia da inauguração, que contará com representantes de todos os segmentos da Petrobrás e da sociedade de Pernambuco, que hoje sofre com a seca. No processo antigo, a construção de uma refinaria como a Rnest poderia gastar mais 1 bilhão de litros de água. Daria para sustentar a cidade do Recife por uma semana. Mas a economia é grande, e é isso que está dando a repercussão mundial. Se fosse uma redução de 10% no consumo de água, embora bastante, não despertaria o interesse do mercado. Mas é de cerca de 90%!

Como ocorreu a escolha da empresa Hidroquímica para a execução da ETA?

Entre as empresas, a Hidroquímica foi a que mais se aproximou do nosso objetivo e fez todo o projeto da ETA. A Estação vai integrar o 1° Comissionamento Sustentável do Mundo, idealizado por mim. Nossa maior preocupação, ao negociar com os fornecedores, era que todo material relacionado ao comissionamento tivesse uma garantia de cinco anos, após a usina entrar em operação. Válvulas, as gaxetas das válvulas, selos mecânicos das bombas… Estamos buscando itens duráveis e estamos conseguindo.

Como o senhor vê a relação entre durabilidade e sustentabilidade?

Dentro da indústria e das construções, acho que a mentalidade tem que mudar. Uma coisa é comprar uma televisão que vai durar três anos, ou um terno que, mesmo bonito, dura pouco. Quando se trata de obra, a visão deve ser outra. É preciso comprar coisa boa e durável, pois existe a vida do operador e de outras pessoas envolvidas em risco, além do perigo de poluição. Então o empresário deve mudar sua visão. Estamos sendo muito bem recebidos pelos grandes empresários, mas infelizmente tem havido alguma resistência na camada empresarial da base.

 Qual é o procedimento para preparar a tubulação da refinaria?

É preciso limpar os tubos internamente, usando esponjas com óxido de alumínio. Para não enferrujar, é passado um anticorrosivo. Após testar vários, encontramos um anticorrosivo à base de água, com garantia de dois anos. Depois disso, fecha-se o tubo, que é guardado. Quando o tubo for montado, é feita a solda e depois os testes hidrostáticos. No método “antigo”, a proteção química só é feita após jogar a água, que é descartada. No novo processo, a água também ajuda a impermeabilizar, e depois ainda é reutilizada.

Como tem sido a reação dos empresários?

Com esse processo, temos recebido muito apoio. No entanto, ainda existem contratos com as empresas no método antigo, então há todo um trabalho de convencimento. Porém, nos novos contratos, a Petrobrás já poderá se guiar pelo novo processo. Já tivemos até mesmo o projeto de um determinado estaleiro que nos pediu que fosse todo sustentável. No método antigo, seriam usados 16 milhões na limpeza das linhas. Com o novo processo, os gastos vão para cerca de 400 mil.

Em geral, como tem sido a resposta da Petrobrás em relação a este novo projeto?

O novo processo de limpeza de tubulação e testes hidrostáticos está cada dia mais forte dentro da Petrobrás, e já fez parte do 5º Fórum do Comissionamento do Comperj, só sobre limpeza de tubulação. O tema foi “Limpeza de Linhas e Hibernação de Instalações”, no dia 11 de dezembro. Convencer a Petrobrás não foi um estalar de dedos. Mas agora não tem mais retorno. É só avançar, descobrindo formas aperfeiçoadas. Pois sustentabilidade tem a ver com qualidade e durabilidade. Na minha opinião, a Petrobrás deveria, nas próximas refinarias, fazer sua própria ETA. Ou seja, para cada parte do contrato, a companhia deveria colocar algumas ETAs dela mesma.

Como o senhor enxerga os últimos esforços da Petrobrás para reduzir desperdícios?

Eu não vejo a nova política da Petrobrás como contenção de custo. Acho que se trata, sim, de colocar as coisas no lugar. Honrar os orçamentos reais e os prazos estipulados. Não está correto a companhia dizer inicialmente que um projeto vai custar seis milhões, e depois gastar muito mais que o previsto.

Qual é a importância do Comissionamento Sustentável no contexto das secas regionais?

Quando se fala em sustentabilidade no planeta, é preciso falar em atitude diária de cada um. Acho que o comissionamento sustentável veio a calhar, na situação que hoje o Nordeste está passando. Estive estudando a situação da água no mundo, e as projeções não são boas. Para usar água do mar, ficaria uma fortuna, e pode ficar mais caro que petróleo e se tornar motivo de guerra. Temos que nos reeducar, isto é, parar de limpar ruas e carros de forma irresponsável, deixar torneiras abertas sem necessidade. Nosso próprio governo não é sustentável. Ainda não há essa visão de desperdício. Estamos tendo uma atitude diferente: recuperar a água potável usada nos testes hidrostáticos.

Quando o projeto começará a ser utilizado na Refinaria do Nordeste?

O processo de limpeza já está sendo utilizado na Rnest. Falta apenas inserir a ETA, que já está sendo montada. A água vai sair da ETA, vai receber o produto para o teste hidrostático, depois do teste volta para a ETA, onde é tratada para reuso. O projeto será realizado dentro do consórcio Conest, Odebrecht e OAS. A ETA vai fornecer água para a tubulação de duas Unidades de Destilação Atmosférica (UDA), por onde o petróleo entra e se transforma em óleo diesel.

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Monique
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Monique

Excelente reportagem e iniciativa. Assim esperamos que a Petrobras e outras empresas tenham o pensamento sustentável e que o Brasil seja exemplo mundial nessa questão. Parabéns!

Vitor
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Vitor

Muito bom saber que tem pessoas preocupadas com a agua, excelente esse comissionamento sustentavel e se Deus quiser as outras grandes obras não só do nosso Brasil mas do mundo vão aderir a esse projeto idealizado por um brasileiro! Parabéns!!!

Cosme Ferreira da Silva
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Cosme Ferreira da Silva

Este processo,que por sorte nasce no Brasil,ajudará ainda mais alavancar o nosso Paìs no competitivo mercado mundial.
“Parabéns”

Janaína
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Janaína

Todos devemos ter esta conciêntização do uso da água, o comissionamento sustentável já é um enorme avanço, para um futuro inovador. Parabéns!!!

RDias
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RDias

SENSACIONAL !!!

Parabens pela inovação, para mim a melhor noticia de 2013 !!

Espero que os diretores do COMPERJ e demais Refinarias a construir, estejam cientes das inovações utilizadas na RNEST.

Bruno
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Bruno

Percebe-se, que líderes do quilate de Bernardino,com seus projetos inovadores voltados principalmente para a SUSTENTABILIDADE do planeta,mas,sem perder a competitividade do mercado, nos enchem de esperança, quanto ao futuro de nossos filhostanto no trabalho como numa terra melhor,sem o fantasma da falta de agua para assombra-los

Valeu , CAMPEÃO!

RICARDO LOBO
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RICARDO LOBO

Parabens pelo projeto
que saibamos valorizar e apoiar esse projeto inovador.

Marques
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Marques

Parabens pela grande ideia!
reduzir o gasto de agua em 90 % é fantastico, é pensar no futuro e evitar a terceira guerra mundial.

Newton
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Newton

Que o mundo saiba valorizar e apoiar esse projeto.

katia
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katia

Fantastico nos ultimos 10 anos concerteza é o melhor projeto, devemos ter orgulho por este ser elaborado por um brasileiro.