ENQUANTO O BRASIL NÃO ENRIQUECE URÂNIO PARA FINS MILITARES, IRÃ DESENVOLVEU TÉCNICAS PARA ACELERAR O PROCESSO EM SEGREDO
Israel ainda estará com uma espinha nuclear atravessado em sua garganta até que as instalações nucleares de Fordow, a cerca de 400 metros abaixo de uma montanha seja destruída. É a versão real do filme Maverick, de Tom Cruise, que ainda pode ser visto nos canais de streaming. Lá, o Irã ainda acelera o enriquecimento do urânio a quase 95%, que poderia ser usada, como prevê Israel, em 14 bombas nucleares, em apenas dois meses. O Primeiro Ministro Israelense, Benjamin Netanyahu este ontem (19) em Washington com o presidente Donald Trump, o seu vice, JD Vance e o Secretário de Estado Marco Rubio, levando as ultimas informações sobre a necessidade imediata de usarem a bomba especial de penetração de solo, que só os Estados Unidos tem. Acredita-se que seriam preciso pelo menos 4 delas para se chegar nas instalações iranianas e destruí-las. Os americanos ainda resistem. As bombas só podem ser transportadas pelo bombeiro B-52 invisível aos radares.
Rafael Grossi, Diretor Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse que o Irâ pode usar uma outra instalação para enriquecer o urânio: Isfahan, embora já tenha sido bombardeada pelos israelenses, mas o complexo nuclear é gigantesco, segundo ele. Aqui, o Petronotícias procurou o Diretor Técnico da ABDAN, Leonam Guimarães(direita), que também é consultor da AIEA, ex-presidente da Eletronuclear, profundo conhecedor do tema, além de ser amigo pessoal de Rafael Grossi. Ele falou sobre as profundas diferenças entre os programas de enriquecimento de urânio feito pelo Brasil e o que é feito ainda no Irã:
– No Brasil, a Constituição de 1988 estabeleceu que “toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional”, consignando em lei interna a renúncia a armas nucleares. Desde então, o programa brasileiro ganhou transparência e foco civil, embora com significativa participação técnico-científica da Marinha (notadamente para propulsão naval). Diferentemente do Brasil, o Irã desenvolveu sua capacidade de enriquecimento de forma sigilosa nos anos 1980-90, enfrentando posteriormente sérias desconfianças internacionais.
– E o sistema do Irã, é o mesmo do Brasil?
– Tanto Brasil quanto Irã utilizam a tecnologia de centrifugação gasosa, mas o Brasil desenvolveu-a internamente para fins pacíficos, enquanto o Irã importou e adaptou projetos clandestinamente, inclusive enfrentando ataques externos devido às suspeitas sobre os propósitos do seu programa.
– O Irã tem várias instalações de enriquecimento de Urânio. E o Brasil, quantas instalações o Brasil possui?
– O Brasil possui uma única instalação industrial de enriquecimento, de porte limitado, embora o know-how
seja próprio e haja espaço para expansão que fica em Resende (Fábrica de Combustível Nuclear – INB) cujas
primeiras cascatas de centrífugas entraram em operação em 2006. O Irã possui as instalações de Natanz, com uma planta subterrânea de grande porte (~13.000 centrífugas ativas) e uma planta piloto na superfície (algumas centenas de centrífugas avançadas) e de Fordow, instalação subterrânea de menor porte (~3.000 centrífugas).
– Basicamente qual a principal diferença entre o programa iraniano e o programa brasileiro?
– O Brasil é um Estado não nuclear do TNP, com todas instalações sob salvaguardas integradas ABACC/AIEA, participante de tratados regionais e globais de não proliferação, gozando de boa reputação ilibada de cumprimento, apesar de manter posição firme pela equidade, pois defende o desarmamento dos arsenais existentes e reluta em aceitar controles adicionais unilaterais. O Irã está dentro do TNP mas sob escrutínio intenso.
Enfrentou sanções e só aliviou sua situação diplomática com o agora incerto acordo de JCPOA de 2015. A diferença fundamental é que, enquanto o Brasil adotou uma postura de transparência e cooperação irrestrita com regimes de não-proliferação (com exceção do Protocolo Adicional), o Irã vive uma relação contenciosa com esses regimes, cumprindo formalmente o TNP, porém acusado de violações que abalaram a confiança internacional.
– Sabe-se que a Agência Internacional de Energia Atômica trabalha, fiscaliza usando as suas salvaguardas. Como isto funciona?
– As salvaguardas da AEIA são implementadas no Brasil pelo Acordo Quadripartite Brasil-Argentina-ABACC-AIEA (vigente desde 1994). São salvaguardas abrangentes cobrindo 100% das instalações nucleares do País. Brasil e Argentina estabeleceram anteriormente a esse acordo um sistema de salvaguardas complementares regionais em vez de firmar o Protocolo Adicional. O Irã tem um Acordo de Salvaguardas Abrangente em vigor desde 1974. Em 2005 teve uma não conformidade declarada e após 2021 passou a ter cooperação limitada, com redução de acesso da AIEA às suas instalações.
– O senhor é um consultor da Agência de Energia Atômica e amigo do seu diretor, Rafael Grossi. Qual é a imagem do Brasil neste contexto nuclear internacional?
– A imagem internacional do Brasil em relação ao nuclear é majoritariamente positiva: o país é ativo na AIEA, lidera iniciativas pelo desarmamento e demonstra que um país pode abandonar um programa potencial de armas e ainda assim colher benefícios pacíficos da tecnologia. Esse soft power eleva o status do Brasil como voz influente do Sul Global na área nuclear. O Brasil busca prestígio internacional através do exemplo de abrir mão de armas nucleares e ainda assim dominar a tecnologia pois esse discurso rende capital diplomático e é um produto da decisão política interna de renúncia à opção bélica. Enquanto no Brasil o programa nuclear é controlado pela democracia e permanece sem contestação significativa, no Irã ele é um pilar do nacionalismo revolucionário e fator de coesão interna, com as lideranças modulando até onde avançar conforme o cálculo político interno e a necessidade de aliviar ou suportar a pressão econômica externa.
– Podemos concluir que há mais certezas no programa brasileiro e muitas desconfianças no programa iraniano, basicamente ?
– Enquanto o Brasil conseguiu que seu programa de enriquecimento fosse um fator de cooperação e prestígio, o programa iraniano tornou-se um

Autoridades iranianas desligaram as câmeras da agência atômica e afastou especialistas internacionais das centrífugas
foco de conflito e sanções, transformando-se no principal campo de batalha da não-proliferação nas últimas duas décadas. Contudo, ambos os países, cada um a seu modo, afirmam a mesma tese: a de que têm o direito, como nações soberanas e pacíficas, de dominar o ciclo do combustível nuclear – a diferença está no contexto político e na confiança internacional que cada um conseguiu angariar em torno desse empreendimento tecnológico.
Próximos como estamos das ditaduras China, Rússia, Irã, qualquer movimento brasileiro para enriquecer além de 5% encontrará grande resistência. Já temos dificuldades intransponíveis para importar equipamentos de uso nuclear, tendo em vista a iniciativa do submarino nuclear. Nós participamos do NSG, nuclear supply group, que controla o comércio nuclear, e mesmo participantes não conseguimos importar nada “nucleável”. Vale lembrar que foram iniciativas nucleares underground que fizeram o Carter proibir combustível pra Angra 1, o que nos levou para os braços dos alemães e suas usinas inconstruíveis abaixo do Equador pelo excesso de engenharia. Também venderam sistema de enriquecimento quando tanques… Read more »
E já que estamos falando em submarino nuclear, o possível futuro reator do submarino está sendo desenvolvido em Aramar. Para que um reator seja qualificado ele deverá ser testado além de seus limites, em testes muito exigentes. Ocorre que ele estaria sendo tratado para mostrar suas virtudes, sendo uma máquina nova, as virtudes podem ser poucas ou não existirem. Várias são as alternativas de falhas, desde simples até catastróficas, como a fusão do núcleo do reator. Portanto as instalações deverão ter capacidade de lidar com o pior cenário possível. Ter capacidade de desligar, resfriar e conter produtos de fissão, sem… Read more »
O posicionamento de Dráusio Atalla erra em três frentes:
• Superestima dificuldades externas, quando na verdade o desafio é interno e de gestão estratégica de desenvolvimento tecnológico.
• Subestima a competência técnica do país, ignorando os avanços institucionais e científicos acumulados nas últimas décadas.
• Adota um discurso alarmista e obsoleto, sem base nas práticas contemporâneas de licenciamento, segurança e operação de instalações nucleares.
A crítica construtiva ao programa nuclear é sempre bem-vinda, mas deve ser tecnicamente informada e politicamente responsável. No caso dos comentários de Atalla, trata-se mais de uma repetição de narrativas ultrapassadas do que de uma contribuição efetiva ao debate.
Os comentários de Dráusio Atalla publicados no Petronotícias, embora bem-intencionados e com o mérito de manter o debate público sobre o programa nuclear brasileiro, contêm interpretações imprecisas, conclusões apressadas e generalizações técnicas que merecem ser devidamente desqualificadas à luz dos fatos. A seguir, apresento uma resposta técnica e fundamentada, pontuando os equívocos de forma objetiva: ⸻ 1. Equívoco sobre supostas “dificuldades intransponíveis” para importar equipamentos de uso nuclear Afirmação de Dráusio: “Mesmo sendo membro do NSG, o Brasil tem dificuldades intransponíveis para importar equipamentos de uso nuclear.” Desqualificação: Essa afirmação é tecnicamente equivocada e politicamente desinformada. O Brasil, como país… Read more »