CONEST DESENVOLVE PROJETOS PARA AUMENTAR PRODUTIVIDADE NA RNEST

Por Rafael Godinho (rafael@petronoticias.com.br) – 

Num contexto de rigorosa seca no Nordeste, no último dia 19 foi oficialmente inaugurada a Estação de Tratamento de Água (ETA) da Refinaria Abreu e Lima, ou Refinaria do Nordeste (Rnest), localizada no município de Ipojuca, na região metropolitana de Recife (PE). A unidade permite uma drástica economia de água na limpeza das tubulações * e é uma iniciativa do Consórcio Conest, formado pela Odebrecht Engenharia Industrial (50%) e pela OAS (50%). Após entrevistarmos o técnico Bernardino Nascimento, idealizador do primeiro comissionamento sustentável, conversamos com Antenor de Castro, engenheiro mecânico da Odebrecht há 35 anos e Diretor de Contrato junto à Petrobrás. Ele falou da importância do projeto e ressaltou que o consórcio tem estimulado ideias de funcionários para aumentar a produtividade nas obras, com iniciativas como o Programa de Excelência de Produtividade (PEP) e a Fábrica de Ideias.

Qual é o papel do Consórcio Conest dentro da Refinaria do Nordeste (Rnest)?

O consórcio Conest é responsável por dois contratos, num total de oito unidades: duas Unidades de Destilação Atmosféricas (UDAs), duas unidades para Hidrotatamento (HDT) de diesel, dois HDTs de nafta e duas Unidades de Geração de Hidrogênio (UGH). A UDA é o local que recebe o petróleo visando à separação que dá origem aos produtos derivados, como o diesel. Esses produtos vão para o processo de Hidrotatamento e para a UGH, para se tornarem mais puros, visando aos parâmetros de qualidade definidos pelas Rnest, que são mais exigentes do que o comum. Por exemplo, o diesel processado no Brasil tem 50 partes de enxofre por milhão (ppm), enquanto o diesel daqui tem 10 ppm.

Em que momento a Rnest começou a desenvolver soluções ambientalmente responsáveis?

Eu diria que a Rnest já nasceu com esse perfil. Eu sei que em várias unidades da Petrobrás estão sendo feitos esforços para conquistar um diesel mais puro e de melhor de qualidade, com menor presença de enxofre; mas principalmente em favor do Meio Ambiente.

Fale sobre o processo de comissionamento sustentável.

Diante de um problema de falta de água, buscou-se fazer algo diferente do usual. Surgiu então esse processo como alternativa ao consumo tradicional de água e começamos a avaliar. É um processo de limpeza das tubulações e tratamento da água, que foi agregando alternativas tecnológicas que existiam, mas que ainda não tinham sido aplicadas assim. Foi desenvolvido em conjunto com empresas parceiras, com o acompanhamento da Petrobrás. Tivemos que importar equipamentos do exterior, tivemos problemas com as máquinas em alguns casos, mas a gente resolveu bancar o risco e no fim mostrou-se um processo viável, passível de ser melhorado.

Qual foi o maior desafio para a implementação desse processo?

A novidade é uma coisa difícil. Primeiramente, é preciso provar para si mesmo. Muita gente acha que vai ser um processo complicado, que é arriscado demais, que pode não dar certo. Mas a economia de água é muito significativa.

O que representam esses avanços no atual contexto da Região Nordeste?

Nesse momento, as principais barragens de Recife estão em situação crítica, e a gente está deixando de consumir um volume considerável. A água vem da Compesa, que é a Companhia Pernambucana de Saneamento. Portanto, é uma água tratada, que pode se tornar potável para a população. À medida que a gente deixa de consumir, acaba disponibilizando mais água para outras utilizações.

Em termos gerais, como é o funcionamento da ETA? Qual é sua importância para o comissionamento sustentável?

Trata-se de um sistema fechado de circulação de água, que circula pelas tubulações e retorna à unidade de tratamento de água, e depois é reutilizada. O que fizemos é um conjunto de coisas que viabilizou esse novo pacote, sobretudo no jateamento interno da tubulação. E a ETA deixa de jogar água fora: a gente evita que essa água fique contaminada e permite que volte para ser tratada a um custo viável.

Qual foi o motivo no atraso da inauguração?

Já estava em operação (a ETA). Queríamos fazer o evento oficial e acabamos nos aproximando do Dia Mundial da Água, que é o dia 22 de março. O evento teve a presença de gerentes da fiscalização e representantes da Petrobrás, bem como das empresas Hidroquímica e Expanjet.

O que são os programas PEP (Programa de Excelência de Produtividade) e Fábrica de Ideias, criados pela Conest?

É um programa que foi elaborado para conscientizar as pessoas de mão de obra operacional quanto à produtividade. A partir daí, têm surgido muitas idéias, novas ou antigas. Além de receber essas idéias, a gente quer registrá-las como conhecimento a ser disponibilizado futuramente (Fábrica de Idéias). O PEP é um estímulo à produtividade, não exatamente na refinaria, mas na nossa execução. É um tema que está bastante em voga em função do que a gente vê no Brasil em relação a vários países. O brasileiro tem apenas 20% da produtividade de uma pessoa nos EUA. No Brasil está no sentido inverso de vários países. É preciso um esforço conjunto para melhorar isso.

Quais são os desafios na indústria brasileira na questão da sustentabilidade?

Programas voltados para o meio ambiente e social. Temos o Verde Vida, que transforma em adubo os resíduos orgânicos do nosso refeitório e cozinha industrial, que antes eram descartados em lixões. Cada tonelada de casca e restos de comida gera 100 kg de adubo. Mas as quantidades são maiores, chegando a 5 toneladas de adubo disponibilizado para comunidades carentes do entorno.

Existem outros programas sociais além desse?

Outro programa é o Costurando Vidas, referente aos uniformes rasgados: entramos em contato com uma cooperativa de costureiras e com um grupo de dança de Olinda, que usa esses materiais para fazer fantasias, brindes e bolsas. Há também o programa Somar, no qual a gente trabalha com jovens carentes necessitados do primeiro emprego, agregando também pessoas com deficiência física. A gente conseguiu tratar as pessoas com olhar diferente, ajudando-as a se inserirem no mercado de trabalho. Esses programas começaram a surgir no início de 2011.

* Estudos preliminares estimavam uma economia de 16 milhões de litros para 400 mil, na limpeza das tubulações das duas UDAs (Unidades de Destilação Atmosféricas) da Rnest. No entanto, segundo Bernadino do Nascimento, dados atualizados apontam uma redução de 26 milhões para até 300 mil litros.