2W LANÇARÁ USINA DE ENERGIA VIRTUAL E FINTECH NAS PRÓXIMAS SEMANAS PARA ESTREITAR RELAÇÃO COM CONSUMIDORES
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
A crise energética brasileira será um desafio e tanto para consumidores, geradores e governo pelos próximos meses. Ao mesmo tempo, porém, o cenário de dificuldades imposto pela escassez de chuvas também traz novas oportunidades de negócios para empresas do setor elétrico, como é o caso da 2W Energia. A companhia lançará nas próximas semanas um sistema tecnológico, batizado de “2W Virtual Power Plant”, que poderá ajudar na gestão do consumo de eletricidade em tempos de crise energética. “Existem consumidores que não conseguem reduzir a carga da forma como o governo quer, enquanto outros conseguem. Esses dois grupos precisam encontrar-se de algum jeito”, explicou o CEO da companhia, Claudio Ribeiro. “Esse sistema possibilita que a 2W seja o link que vai ligar geradores e consumidores, trabalhando nessa sobra ou falta de energia que está acontecendo neste momento”, acrescentou. Além desse sistema de usina de energia virtual, Ribeiro revela ainda que a 2W também lançará uma fintech, a 2W Pay, que ofertará serviços financeiros para consumidores de energia. “O que queremos ser de fato é uma grande plataforma de relacionamento com o consumidor”, afirmou. O executivo falou também sobre o andamento dos projetos das duas usinas eólicas da empresa no Nordeste e compartilhou suas perspectivas em relação ao setor elétrico brasileiro.
Para começar nossa entrevista, gostaria que nos atualizasse sobre o desenvolvimento dos dois parques eólicos da 2W no Nordeste brasileiro.
As obras já começaram no primeiro projeto eólico, chamado Anemus, que fica localizado no município de Currais Novos (RN), com 138 MW de capacidade instalada e 33 aerogeradores. Nesse empreendimento, contamos com dois fornecedores. O primeiro deles é a WEG, que fornecerá a parte de torres e aerogeradores. A WEG, inclusive, vai operar e fazer manutenção da planta durante 20 anos. Já a parte de BOP (civil e eletromecânica) ficará com a Allonda, que é uma empresa bastante conceituada. Estamos fazendo a mobilização do canteiro de obras e a ideia é que esse projeto passe a gerar energia em setembro de 2022.
O nosso segundo projeto eólico, chamado Kairós, fica no município de Icapuí, no Ceará, com 260 MW de capacidade instalada. Eu creio que iremos finalizar a estruturação financeira desse projeto nos próximos três meses, em paralelo com a contratação dos fornecedores de máquinas e BOP. Estamos em um processo de conversas com potenciais fornecedores, que devem ser anunciados ao mercado em três meses. O projeto Kairós deve entrar em geração comercial a partir do terceiro trimestre de 2023.
Poderia falar também como o senhor acompanha o debate sobre a abertura do mercado livre no país e se isso, de algum modo, impacta no planejamento de negócios da 2W?
A 2W defende a democratização da informação e que a energia chegue de maneira mais competitiva a uma maior quantidade de consumidores do Brasil. Nosso plano de negócios não considera ainda uma eventual liberalização. Quando trabalhamos no B2B [sigla para Business to Business], estamos falando de consumidores que já podem fazer a migração para o mercado livre. Ainda não estamos contando com nenhuma mudança regulatória.
Agora, do ponto de vista estratégico e de médio prazo para o país, eu não tenho a menor sombra de dúvida de que o Brasil caminhará para um processo de liberalização do mercado em meados dessa década. Isso é inexorável. O país está atrasado nesse sentido, o que afeta também o Custo Brasil.
A 2W está inserida no mercado e tem essa experiência com o consumidor B2B. Por isso, nossa empresa terá condições de relacionar-se também com o consumidor do B2C [Business to Consumer] de baixa tensão no futuro. A 2W vem preparando-se para isso do ponto de vista de tecnologia e canais de venda. Devemos fechar o ano de 2021 com 1.000 agentes autônomos no Brasil inteiro – atualmente contamos com 600.
Além disso, acabamos de lançar a marca Wave, com duas plantas de geração distribuída em Minas Gerais, para vender energia para os consumidores de baixa tensão. Essa é uma forma de começarmos um relacionamento com esse tipo de consumidor – que hoje não pode migrar para o mercado livre, mas que em algum momento poderá.
Em tempos de crise energética, a eficiência energética deve ganhar mais atenção no país como forma de economizar recursos e energia?
Sem dúvida, o momento crítico pelo qual o país passa do ponto de vista de gestão do setor elétrico provoca a aceleração de algumas discussões. Quando falamos de eficiência energética, estamos tratando de uma ampla gama de iniciativas e ferramentas. A mais óbvia é a liberalização do setor elétrico, com a possibilidade do aparecimento de companhias que possam oferecer mais competição, serviços e tecnologia para o consumidor.
Eu acho que essa situação de crise antecipa discussões sobre outras fontes de geração, para que o Brasil fique menos dependente da questão hídrica ou climatológica. Antecipa também discussões sobre o papel das distribuidoras, a Internet das Coisas, as Smarts Cities, a Ciência de Dados, entre outros pontos que trazem mais eficiência para esse ecossistema de energia.
A 2W tem um hub de inovação chamado 2W Labs que está avaliando uma série de empresas tecnológicas. Temos uma investida nesse sentido, com a Lead Energy, que é uma empresa de tecnologia que faz leitura e aconselhamento de redução de consumo para consumidores. A 2W vai investir mais em outros mercados, como a mobilidade elétrica, por exemplo. É outra grande vertente que se intensificará. Estamos nos aproximando do tema. Nossa ideia não é só gerar energia renovável e vender para o pequeno e médio consumidor. Queremos, efetivamente, levar soluções para uma sociedade mais limpa e eficiente.
Falando em tecnologias, quais são as novidades que a 2W está preparando para o mercado?
A unidade de negócios de eficiência energética da 2W é muito ampla. Além das questões da mobilidade elétrica e a Lead Energy, que citei na resposta anterior, devemos lançar no mercado nas próximas semanas o 2W Virtual Power Plant. Esse sistema possibilita que a 2W seja o link que vai ligar geradores e consumidores, trabalhando nessa sobra ou falta de energia que está acontecendo nesse momento.
Existem consumidores que não conseguem reduzir a carga da forma como o governo quer, enquanto outros conseguem. Esses dois grupos precisam encontrar-se de algum jeito. Então, a 2W está criando esse sistema tecnológico para conseguir fazer a gestão desses clientes. Além disso, poderemos fazer recomendações para a gestão de consumidores através de geradores. Isto é, fazer um diagnóstico muito bem feito, acionar geradores em horários de pico e trazer eficiência no consumo de energia dos nossos clientes.
Essa novidade já estava sendo desenvolvida antes mesmo do agravamento da crise energética?
Isso já estava sendo pensado internamente e aceleramos esse processo agora. A eficiência energética é algo que o consumidor olha com muito bons olhos. Eficiência energética não é simplesmente reduzir o consumo. Na verdade, trata-se de como manter a qualidade da sua atividade, reduzindo o custo daquele insumo de maneira responsável. Existem algumas atividades econômicas que não podem deslocar a carga para outros horários do dia. Nesses casos, como trazer eficiência para esse consumidor? Existem algumas alternativas como, por exemplo, trazer energia de um terceiro, estocar energia, acionar um gerador, entre outras. Há uma série de iniciativas que colocaremos debaixo dessa unidade de negócios da 2W Virtual Power Plant.
Por fim, gostaria que nos contasse como a 2W vai se posicionar diante desse momento de escassez hídrica e crise energética?
A 2W quer ser percebida como uma empresa que leva soluções e democratiza a informação para o consumidor elétrico. O nosso papel com os nossos parques é gerar energia renovável de longo prazo e ter garantia de suprimento. Ao mesmo tempo, queremos vender essa energia por um custo menor para os consumidores e levar ofertas de solução. Não basta simplesmente vender uma energia mais barata. Eventualmente, um cliente precisa de algum aconselhamento ou uma solução tecnológica que possa melhorar seu consumo mensal.
Nos próximos 30 dias, lançaremos a fintech da 2W, que será chamada de 2W Pay. Vamos ofertar serviços financeiros para os consumidores, como crédito, seguro, conta corrente, entre outros. O que queremos é ser, de fato, uma grande plataforma de relacionamento com o consumidor. As empresas do setor elétrico, de maneira geral, sempre se preocuparam só com os ativos. Já a 2W tem o consumidor como sua principal preocupação. É dessa maneira que queremos ser vistos, como uma companhia que quer estar mais próxima do consumidor elétrico, tentando levar soluções e informação.
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