GENOYER BUSCA PARCEIRO BRASILEIRO PARA FABRICAR MATERIAIS ESPECIAIS PARA O PRÉ-SAL | Petronotícias




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GENOYER BUSCA PARCEIRO BRASILEIRO PARA FABRICAR MATERIAIS ESPECIAIS PARA O PRÉ-SAL

Por Rafael Godinho (rafael@petronoticias.com.br) – 

Guilherme Bräuniger, gerente comercial, e Tanguy Tack, diretor-geral da Genoyer no Brasil.

O grupo francês Genoyer está comemorando um ano desde a fundação do seu primeiro escritório no Brasil e pretende se consolidar naquele que tem considerado um dos mercados mais promissores do mundo. Em entrevista ao Petronotícias, o diretor geral do Grupo Genoyer no Brasil, o francês Tanguy Tack, afirma que a empresa não tem interesse em abrir mais de um centro de estocagem e logística aqui, mas sobretudo atuar num segmento mais especializado. Para tanto, aposta na experiência internacional da holding no fornecimento de materiais especiais para óleo e gás, e já busca um parceiro brasileiro que tenha interesse em fabricar localmente os produtos, que incluem revestimentos e materiais cladeados, entre outros. O grupo, que compreende a trading Phocéenne e oito fábricas ou unidades de produção internacionais, possui mais de 90% dos seus 350 milhões de euros de faturamento provenientes do setor de petróleo e gás natural. No Brasil, a Genoyer já forneceu materiais para o Comperj e a Refinaria de Cubatão. Além disso,  já fechou contratos para a P-74 e as demais plataformas da Cessão Onerosa.

Vocês vieram para o Brasil em quais circunstâncias e com que objetivo?

Começamos a fazer negócios no Brasil entre 2005 a 2006, isso por meio da matriz, na França, sem presença local. A atuação se dava por viagens e por meio de representantes. Entre setembro e outubro de 2012, abrimos um escritório, de apenas 20m², antes de virmos para o atual, de 80 m², no Centro da Cidade.

Qual foi o atrativo para se instalarem aqui?

Identificamos o mercado do Brasil como um dos maiores mercados do mundo para desenvolver nossa produção. Nosso grupo não é só de produção ou trading, mas ambos. Ele tem faturamento de 350 milhões de euros por ano, e a trading Phocéene, maior empresa do grupo, está faturando cerca de 200 milhões de euros. As demais empresas são de fabricação, e a Vilmar é a maior usina ou forjaria, com 500 empregados baseados na Romênia, produzindo flanges. Eles já conquistaram o CRCC há dois anos. 

No total, o grupo possui quantas empresas?

A holding Genoyer é divida em duas áreas. Há a parte de trading, que é especializada no fornecimento de pacotes para tubos e conexões, de qualquer diâmetro e material, para qualquer projeto, como FPSO, TLP, WHP… ; e outra parte é de fabricação. Contamos com oito fábricas, na França, Romênia, Alemanha, Inglaterra, Emirados Árabes Unidos e Estados Unidos; além de três grandes centros logísticos, que ficam em Marseille (França), em Dubai (Emirados Árabes) e na África. Temos mais de 15 escritórios espalhados pelo mundo com mais de 1 mil funcionários.

Vocês têm interesse em abrir um desses centros logísticos no Brasil?

Para o Brasil temos planos de abrir um estoque logístico até 2015, nos moldes dos que temos em Dubai, França e África. Nosso maior objetivo é nos concentrarmos num segmento especializado, onde não há muita competição e onde podemos fazer diferença, por conta do conhecimento técnico e o comércio dos materiais especiais. 

Que tipo de material especial vocês fornecem?

Estamos desenvolvendo agora muitas vendas com revestimento de liga de níquel, interna e externa, para resistir à corrosão do gás. A produção do pré-sal tem se mostrado muito corrosiva em todos os novos campos da Petrobrás. Assim, material inoxidável, duplex, tubulação com revestimento especial etc. serão normais para os FPSOs. Cada vez será usado mais material especial.

Qual é o diferencial do material fornecido pela empresa perante os concorrentes?

Realmente existem diversos fabricantes no mundo que sabem bem como fazer isso, mas aqui no Brasil não há muitos, apenas um ou dois. Logo, há espaço para fazer muito mais. Revestimento é uma parte, mas há também um aço liga muito especial que poucas empresas no mundo fabricam, e que será muito interessante também desenvolver aqui no Brasil.

Atualmente vocês já fecharam contrato com algumas empresas. Podem falar já sobre isso?

Nós temos um grande contrato com a P-74, do projeto Cessão Onerosa, para a parte de tubulação cladeada, de revestimento de inconel. Todas as plataformas do projeto Cessão Onerosa, que vai ter agora quatro plataformas, estão confirmadas e mais duas vão chegar ano que vem. Então a Cessão Onerosa vai contar com seis FPSOs grandes, maiores que os replicantes. Nós estamos trabalhando também com o projeto dos Replicantes e estamos fornecendo muitos materiais para Tomé e alguns estaleiros. Também estamos negociando outros contratos, com IESA, consórcio SPS, Integra, além de grandes empresas do segmento offshore.

Vocês estão concentrados no setor de petróleo e gás natural?

É a maior parte. Cerca de 90% a 95% do faturamento vêm do mercado e óleo e gás, onshore e offshore, além da parte subsea, que é um mercado mais especializado que o offshore. Há também o mercado onshore, que serão projetos como Comperj, para o qual estamos trabalhando bastante. Esses projetos estão usando muito inoxidável, aço liga e aço especial também, que nós vamos concentrar. Em óleo & gás, agimos em todos os mercados: onshore, offshore e subsea.

Quando o senhor diz 95%, se refere também ao mercado europeu?

Na Europa, algo entre 96% e 98%. O nosso grupo mundialmente é quase 100% dedicado ao mercado óleo&gás. Nós temos uma parte em Mineração no Chile, onde há uma imensa mina de cobre. Então nós estamos regularmente em contato com elas. Mas é um caso especial. No Brasil temos intenção de desenvolver outros mercados como papel e celulose, sucroalcooleiro, mineração etc.

O que vocês pretendem desenvolver num futuro imediato?

Estamos conversando com várias empresas que fabricam materiais no Brasil para a Petrobrás. Estamos fabricando na nossa forjaria na Europa, mas estamos falando com elas para ver se poderiam desenvolver a fabricação aqui no Brasil, para oferecer conteúdo local de 90% até 100%. Nós já temos planos e ideia do custo que poderia apresentar uma unidade de fabricação aqui para fazer revestimento, cladeamento e teste. O investimento, sobre dois anos, seria de cerca de 10 milhões de euros, sendo 5 milhões de euros em cada ano. Veja que não é uma unidade grande, mas 10 milhões de euros é alguma coisa.

Poderia mencionar maiores detalhes sobre essa nova unidade?

As descrições não são abertas ao público. Envolvem o sigilo contratual junto a outra empresa privada. Mas a intenção é fazer diferença no mercado local. Seria uma solução com esse parceiro que não existe no Brasil.

Como está o mercado na Europa para vocês?

O mercado na Europa, há três ou quatro meses, está muito difícil; já está saturado com instalações e refinarias. Também a área Offshore, como o Mar do Norte, está saturada. Estão fechando unidades e desmontando plataformas. O Brasil é uma oportunidade muito grande, e estamos também desenvolvendo a África: Nigéria, Angola, Congo etc. Tratam-se dos mesmos óleo e gás, com a mesma profundidade e compressão. O mesmo pré-sal.

Mas são países que muitas vezes não têm infraestrutura…

Exatamente, e por isso é preciso construir novas refinarias e plataformas, que é o mercado que nos interessa. Agora nós temos quatro escritórios na África e um estoque em Pointe-Noire (República do Congo). Já para adquirir materiais, temos um grande escritório em Shangai, na China, onde trabalham dez pessoas, mais para comprar, do que para vender. O mais importante, quando se compra da China, é ver a qualidade. É preciso ter inspetores próprios, e não terceiros, para verificar os produtos. Recentemente a Petrobrás aprovou muitas fábricas da China, mas não se pode confiar 100% na qualidade. Na Europa até se pode um pouco mais; mas na China é perigoso. Está melhorando, com certeza, mas os nomes Phocéenne e Genoyer existem há 50 anos porque a qualidade é a prioridade. Se prejudicamos grandes clientes, como Exxon Mobil ou Petrobrás, perdemos a confiança.

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