ALEMÃ DEVA QUER ESTREITAR LAÇOS COM COMPANHIAS DE PETRÓLEO NO BRASIL | Petronotícias




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ALEMÃ DEVA QUER ESTREITAR LAÇOS COM COMPANHIAS DE PETRÓLEO NO BRASIL

Por Rafael Godinho (rafael@petronoticias.com.br) – 

A empresa germânica Deva, controlada pela norte-americana Federal Mogul, quer se desenvolver no mercado brasileiro, especificamente no fornecimento de seus mancais autolubrificantes. Atualmente, a companhia já tem um trabalho estabelecido junto às concessionárias de hidrelétricas, fornecendo peças para turbinas no país. Mas, devido às normas do conteúdo local no setor de petróleo e gás natural, a vinda de tradicionais empresas parceiras da Deva tem movido a empresa a se envolver mais intimamente com o mercado brasileiro. Por enquanto, segundo o representante da Deva na América do Sul, Wanderley Egídio, a empresa não pensa em abrir uma unidade de fabricação no Brasil. Ainda assim, quer se aproximar da engenharia local, a fim de oferecer, em terras brasileiras, o mesmo grau de suporte técnico que ela dá no exterior.

Qual é a especialidade da Deva?

A empresa é alemã, está localizada próximo à Frankfurt, e nosso negócio são mancais autolubrificantes. Uma das áreas em que se aplica essa tecnologia é o mercado offshore de Óleo & Gás, por meio de materiais que podem ser aplicados sem necessidade de uma lubrificação externa, como graxa. São peças que trabalham a seco, sem problemas.

Vocês já estão estabelecidos no Brasil?

Não. A estrutura da Deva, por opção, é estabelecida na Alemanha. É uma empresa centenária, e no momento não há plano para montar uma estrutura fora da Alemanha. A empresa controladora da Deva é norte-americana: é a Federal Mogul. Por isso, o nome oficial da Deva é Federal Mogul Deva.

Como vocês têm buscado ampliar a participação no mercado nacional?

Temos tentado ampliar a exposição da empresa, como durante a feira OTC Brasil, em que participamos. Em geral, as companhias que atuam no mercado offshore são internacionais, já temos negócios com elas em outros lugares do mundo, como Noruega e Cingapura. Inclusive, a Deva já participa há muitos anos da OTC em Houston. Como a OTC veio para cá também, a Deva acompanhou. A empresa não esteve na primeira edição do evento, mas participamos na segunda versão.

Vocês já possuem uma lista de consumidores no Brasil?

Estamos nos desenvolvendo nesse ramo de atuação do mercado brasileiro. Aqui, atuamos há mais tempo em outros segmentos, como, por exemplo, o mercado de turbinas hidroelétricas. Atendemos todos os fabricantes de turbinas, que são mundiais também. São empresas internacionais que têm no Brasil um dos maiores mercados do mundo, e atendemos diretamente às concessionárias e proprietárias das usinas. Quanto ao mercado de óleo e gás, temos relacionamento com essas empresas no exterior e agora queremos implementar o mesmo relacionamento aqui. Esse é o plano.

Quando diz que ainda estão se desenvolvendo no Brasil, significa que ainda não há contrato fechado?

Na realidade, não se trata de uma relação de contrato. Por exemplo, participamos há pouco tempo de um projeto de âncora linear, fabricada por uma empresa italiana de grande importância nesse segmento, que inclusive fornece equipamentos para a Petrobrás. Desenvolvemos a engenharia com eles, envolvendo a empresa deles na França e aqui no Brasil. Foi um fornecimento: entregamos as peças e pronto. Logo, não é um relacionamento de contrato. São fornecimentos avulsos, em que a gente desenvolve a engenharia com o cliente, e ele faz a opção de aplicar a nossa tecnologia. Concluído o fornecimento, seguimos para o próximo negócio. Não é uma relação de contrato, permanente.

A Deva existe há quanto tempo e qual é o tamanho dela no mercado global?

Ela é uma empresa que inicialmente foi fundada há mais de cem anos, mas fechou na época da segunda guerra mundial e reabriu depois. Então, há um intervalo nessa contagem de tempo. Mas é uma empresa com mais de cinquenta, mesmo considerando apenas a segunda abertura. A Deva, em si, é relativamente pequena: são cerca de 250 funcionários na Alemanha, além de gente atuando em vários cantos do mundo. Mas o grupo Federal Mogul, o proprietário norte-americano dela, tem mais de cem mil funcionários. É grande. É uma empresa mais focada em autopeças, um outro segmento.

Qual é o horizonte de vocês aqui no Brasil?

Existe uma demanda que a Petrobrás está impondo aos fornecedores no sentido de que eles produzam os seus equipamentos no país. Então, muitas das empresas que são parceiras da Deva fora do país estão vindo para cá, o que gerou um interesse nosso também. Muitas companhias vão trazer engenharia para cá. O nosso trabalho está muito associado à parte de concepção, e menos de engenharia. Enquanto a engenharia estava lá fora, havia pouco interesse em vir aqui, porque se fazia engenharia na Noruega, nos Estados Unidos, e em outros lugares. Como parte dos grandes players de engenharia estão vindo para o Brasil, a Deva também está se aproximando da engenharia local para poder dar o mesmo suporte técnico que ela dá no exterior.

Pretendem abrir algum escritório no Brasil?

A Deva escolheu atuar no mundo todo por meio de representantes. Eles desenvolvem o mercado local e dão o suporte técnico, comercial e logístico ao cliente. No entanto, a relação de negócios é direta com a empresa na Alemanha. O papel dos executivos locais é estabelecer o vínculo entre as empresas. Se, por exemplo, o cliente necessitar de um aprofundamento técnico, o suporte virá de nossa engenharia na Alemanha. O cliente compra direto da Alemanha, por importação mesmo.

É mais vantajoso fazer dessa forma?

A estrutura da empresa foi montada com essa centralização. É a maneira que ela encontrou para trabalhar. Toda a parte de fabricação e tecnologia está centralizada, e as pessoas que atuam ao redor do mundo canalizam os negócios para lá. Para os clientes, é mais barato porque, se colocarmos um intermediário – um distribuidor, uma revenda – no caminho, o produto ficará mais caro para o cliente final, inibindo o contato direto. Então é uma opção estratégica da empresa, de não abrir nada fora da Alemanha. Por enquanto, porque no futuro não sabemos como será.

A Deva sempre se dedicou à mesma área de negócio, inclusive antes da Segunda Guerra?

Sim. Ela partiu de uma invenção do fundador, que é essa tecnologia. Ele foi um pioneiro, e tem sido também na evolução dos produtos. A empresa partiu de uma invenção, que gerou um produto, que, por sua vez, gerou uma empresa.

Pode dar exemplo da aplicação dos produtos da Deva?

Basicamente, onde houver um movimento relativo entre duas peças – uma articulação, rotação ou qualquer outro movimento -, em baixa velocidade, e não se queira empregar lubrificação, em tese nossa tecnologia pode ser aplicada. O segundo passo é fazer o estudo de viabilidade técnica: recolher os dados do projeto para saber se vai funcionar. A partir daí é que vamos dizer se o produto é adequado para aquela aplicação.

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