RÚSSIA CANCELA CONSTRUÇÃO DE CORRENTE DO SUL E ASSINA ACORDO POR GASODUTO COM TURQUIA

O presidente da Rússia, Vladmir Putin, anunciou que o país cancelou a construção do projeto Corrente do Sul (South Stream), um gasoduto de grandes proporções e que alcançaria a Europa diretamente, por meio do Mar Negro, sem passar pela Ucrânia. O projeto complementaria a Corrente do Norte, que liga a Alemanha à Rússia. O estadista russo responsabilizou a Comissão Europeia (CE), braço executivo da União Europeia (UE), pela não construção do gasoduto. “Consideramos que a posição da CE não era construtiva. Se a Europa não quer realizar, quer dizer que não será realizado”, afirmou. A UE havia pedido em abril para que os russos cancelassem seu projeto, por conta da diversificação energética do continente.

A Rússia, no entanto, parece já ter encontrado um novo empreendimento para o seu gás. Um acordo foi sacramentado entre o país e a Turquia pela construção de um gasoduto submarino, com capacidade igual ao Corrente Sul. Os turcos receberão cerca de 14 bilhões de metros cúbicos de gás, e direcionará o que sobrar para sua fronteira com a Grécia. O memorando assinado pelas duas partes prevê uma redução do preço do gás vendido aos turcos de acordo com o avanço das obras.

A principal complicação imposta à Rússia para a construção da Corrente do Sul foi a falta de autorização da Bulgária para que fossem realizadas as obras do trecho marítimo do empreendimento. Passando pela Bulgária, o gasoduto iria até as Balcãs, dividindo-se depois em direção a Itália e Áustria. Putin pontuou que, se a decisão da Bulgária não foi autônoma, ela deve receber uma compensação financeira da UE. “Se a Bulgária foi privada da possibilidade de agir como Estado soberano, que pelo menos peça dinheiro à União Europeia pelo lucro cessante, porque os benefícios diretos que o gasoduto teria proporcionado a seu orçamento teriam sido de no mínimo 400 milhões de euros por ano”, analisou.