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ABDAN VÊ PLANO DECENAL DE ENERGIA COMO TÍMIDO NA QUESTÃO NUCLEAR

DSC_0012O Seminário Internacional de Energia Nuclear (SIEN) termina nesta sexta-feira (14), com a visita técnica à fábrica de combustível nuclear da INB, em Resende (RJ). Durante os dias do encontro, houve um consenso geral entre os membros do setor: o plano decenal de energia colocado em consulta pública pelo governo deixou a desejar no que se refere à energia nuclear. O presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), Celso Cunha, classifica o planejamento como “tímido” e afirma que mudanças são necessárias. “Eu acho que nós todos temos que fazer contribuições. A Abdan fará e acho que temos que fazer essas sugestões para que possamos mostrar algumas questões que precisam ser ajustadas”, afirmou em entrevista durante o SIEN. Cunha também afirmou que a associação está fazendo reuniões com membros do setor de energia para definir os detalhes de um road map que apresentará ao mercado com as sugestões da entidade para ajudar no crescimento da indústria nuclear brasileira.

Qual a sua avaliação sobre o plano decenal de energia?

Esse plano, que está em consulta pública, tem uma questão do início de operação de Angra 3 para 2026. Mas a obra está prevista para acabar em 2024. Isso precisa ser ajustado, porque do contrário estamos dando uma informação que não bate com a informação financeira. Mas acho que isso é algo perfeitamente ajustável.

De maneira geral, acho o plano tímido. Ele, acertadamente, continua priorizando a questão das fontes renováveis, como a eólica e solar, mas a energia de base não está vindo na mesma pujança. Hoje, o Brasil tem um problema sério de energia de base. Temos seis novas usinas hidrelétricas para serem construídas, mas não são grandes empreendimentos. E duas delas tem problema de licenciamento que já vem de algum tempo. Isso significa que temos as opções das térmicas a gás ou nuclear. O carvão é uma opção também, mas existem questões sobre a baixa qualidade do carvão brasileiro, por isso essa fonte não é privilegiada na matriz energética. Já o gás sim, está priorizado.

Como o senhor vê a preferência pelo gás dentro do planejamento do governo?

Todos estão contando com o gás que será produzido no pré-sal. E estamos falando de uma operação complicada, porque será necessário um reservatório para manter essa usina funcionando. É completamente possível, mas tudo é uma questão de custo. Não que não existe espaço para as térmicas a gás, só acho que o papel da nuclear poderia ser privilegiado. Isso porque ela tem baixíssima emissão e pode ser colocada na maioria de sites. Eu acho que nós todos temos que fazer contribuições ao plano. A Abdan fará e acho que temos que fazer essas sugestões para que possamos mostrar algumas questões que precisam ser ajustadas.

A Abdan tem participado de outras discussões sobre o setor nuclear?

Tem outras consultas públicas acontecendo. Por exemplo, fomos convidados na questão do meio ambiente para o Protocolo de Paris. E aí sim, a nuclear tem um papel importante. De todas as usinas, é a que menos polui. O mundo todo está crescendo muito em volume de energia nuclear, que é altamente segura. Os acidentes do passado, como Chernobil, ficaram para trás. Fukushima não foi um problema nuclear, e sim sísmico. E as novas usinas hoje já aprenderam com isso. É um processo evolutivo muito rápido. E ainda teremos as pequenas centrais nucleares, que virão logo mais no futuro. São questões que precisarão ser discutidas mais a frente. Até 2050, essa discussão precisa estar bem colocada.

Como o senhor avalia o desafio da alocação de mão de obra no mercado atualmente?

O setor continua atraindo pessoas, contudo existe uma questão séria que é a empregabilidade. Esses jovens saem da faculdade e vão trabalhar onde? Não estão sendo feitos concursos públicos para essas áreas e a usina de Angra 3 está interrompida no momento. É um mercado muito seletivo. São muito poucas as pessoas que saem da faculdade e conseguem uma vaga. Hoje, a Abdan tem um programa com a World Nuclear Association, que é o World Nuclear University. Esse ano fizemos um evento para os jovens e em março do ano que vem faremos outro para incentivá-los. A Eletronuclear está fazendo programas incentivados para desligamento e aposentadoria. Isso terá um custo. Quanto mais tempo nós demorarmos a definirmos Angra 3, maior será o custo. Não apenas o custo do valor da obra, mas também para a formação de mão de obra.

Em que fase está o novo planejamento estratégico da Abdan?

O planejamento estratégico já está pronto e em curso. Já temos uma série de ações em andamento, como na área de comunicação. Temos uma pessoa cuidando das redes sociais, inauguramos nosso perfil no Facebook e no Twitter e o site novo entrará no ar em agosto. Além disso, tivemos reunião com a Empresa de Pesquisa Energética para que eles participem do road map que estamos desenvolvendo, com sugestões de caminhos para o setor. A Eletronuclear também está colocando uma pessoa para participar desse processo.

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