DISPUTA ENTRE RÚSSIA E UCRÂNIA PODE AFETAR FORNECIMENTO DE GÁS PARA OS PAÍSES DOS BALCÃS
A disputa envolvendo contratos de distribuição de gás poderá prejudicar fornecimento a países europeus. Nações dos Bálcãs seriam as principais afetadas, afirmam especialistas europeus. A nova briga entre a Rússia e a Ucrânia por causa do gás, está preocupando a União Europeia (UE). Com base na experiência de conflitos semelhantes, em 2006 e 2009, quando o gás deixou de fluir através da Ucrânia, Bruxelas se ofereceu para ajudar na solução da disputa. Há preocupação também em Berlim. “É do interesse da UE, assim como da Rússia e da Ucrânia, que estes dois países se revelem parceiros confiáveis no fornecimento do gás europeu e que a segurança do fornecimento permaneça sem interrupção”, disse o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert.
No final de fevereiro, o tribunal de arbitragem da Câmara de Comércio de Estocolmo determinou que a gigante do gás russa Gazprom pague à companhia ucraniana Naftogaz uma compensação de 2,56 bilhões de dólares porque a Rússia enviou menos gás através do gasoduto ucraniano do que o acertado contratualmente. As autoridades ucranianas já começaram a confiscar ativos da Gazprom na Ucrânia. A Gazprom anunciou que recorrerá do veredicto. Antes, o grupo russo havia anunciado a rescisão de todos os contratos com a Naftogaz. O lado ucraniano respondeu que a Gazprom não pode rescindir o fornecimento e o trânsito de gás antes de 2019.
O gás russo é muito importante para a Alemanha. Mas a maioria do fornecimento para o país não chega através de gasodutos ucranianos. Nos últimos anos, a maior parte do gás consumido na Alemanha foi fornecida pelos gasodutos Nord Stream, do Báltico, e Yamal-Europa, através da Bielorrússia e da Polônia. No ano passado, a Alemanha consumiu um recorde de 53 bilhões de metros cúbicos de gás russo, que tem uma participação de 40% da quantidade consumida. Segundo Forbrig, uma parte considerável dessa demanda é coberta também com fornecimentos da Noruega e da Holanda.
Graças à diversificação do fornecimento de gás e às instalações de armazenamento existentes, uma suspensão do fornecimento vindo através da Ucrânia não atingiria a Alemanha. Conflitos anteriores de gás entre a Ucrânia e a Rússia mostraram que os países dos Bálcãs é que seriam os mais afetados: Bulgária, Romênia, Sérvia, Bósnia-Herzegovina e Macedônia. Esses países não possuem outros meios para obter gás russo. A Eslováquia também é fortemente dependente do oleoduto ucraniano.Mas na Europa Central, as linhas estão agora bem interligadas. O centro de estudos globais Strategy 21, de Kiev, acredita que as tentativas de se parar o escoamento de gás pela Ucrânia, apesar das obrigações contratuais, só prejudicariam a Gazprom, porque não há alternativas suficientes ao gasoduto ucraniano. Por isso, apesar do desejo de se punir a Naftogaz, não haverá uma nova guerra do gás.
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