DEPOIS DA MALHA DE GASODUTOS E RECUO NA PARADA DAS FÁBRICAS DE FERTILIZANTES, PETROBRÁS QUER VENDER REFINARIAS
É compreensível que o Presidente da Petrobrás, Pedro Parente, tenha o seu jeito de administrar e acredita que a privatização da companhia seja uma saída para os problemas que ela atravessa. Mas há setores que são estratégicos para o país e que devem e precisam ser preservados. Foram estruturas, estudos e descobertas desenvolvidas a duras penas, que estão sendo vendidas a toque de caixa, por qualquer preço. Cria-se uma suspeição das razões para que isso ocorra, ainda mais porque a companhia está sob a manta do governo mais impopular da história da república do Brasil, com um presidente caçado pelo ministério público e rodeado de pessoas que, como ele, são acusadas de corrupção no mais alto grau. A pressa imposta pela diretoria de estratégia, dirigida por Nelson Costa e Silva, que coordena e inspira o projeto de privatização da companhia, aceito pela presidência, sua diretoria e pelo conselho de administração, faz com que decisões erradas na origem sejam tomadas. Depois da malha de gasodutos, das fábricas de fertilizantes, chegou a vez de importantes refinarias. Pelo menos houve bom senso no recuo da “ hibernação” de duas fábricas de fertilizantes localizadas na Bahia e em Sergipe. Espera-se o mesmo bem senso na absurda venda de malha de dutos da TAG, no exato momento em que o país está em vias e receber uma quantidade de gás gigantesca dos campos do pré-sal. A decisão faz com que a companhia passe a pagar para trafegar o próprio gás que produz, depois de ter investido bilhões de dólares para se criar essa malha de gasodutos. O preço que se espera arrecadar para a venda da empresa, US$ 6 bilhões, é menor do que realmente vale a companhia. O mesmo foi feito com a NTS, a malha de dutos do sudeste, vendida para o Grupo Brookfield.
A Folha de São Paulo trouxe uma informação de que a Petrobrás está se preparando para vender também parte de seu parque de refino. É um desmanche completo na estrutura da companhia. A justificativa de ser um plano de desinvestimentos, já não se sustenta. Aos poucos, a empresa vai sendo privatizada em seus pontos nevrálgicos, dorsais. A impressão que se tem é que é preciso vender tudo antes que esse governo termine. A informação revela que o plano de venda está em fase final de elaboração. Seriam dois blocos regionais. No sul e no nordeste, cada um com duas refinarias, terminais e dutos de transporte. As refinarias a serem privatizadas representariam 37 % da capacidade de refino do país, com a Petrobrás mantendo menos de 75 % dessa capacidade. O projeto envolve atividades onde trabalham pelo menos 6.500 empregados e sua subsidiária Transpetro. As refinarias em vias de serem vendidas em todo ou em parte são a Landulpho Alves, na Bahia, a primeira a ser construída no Brasil, Abreu e Lima, em Pernambuco, além de cinco terminais e dez oleodutos; No sul, as refinarias Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul, e a Presidente Getúlio Vargas, no Paraná, além de sete terminais e nove oleodutos.
No caso das fábricas produtoras de fertilizantes, ninguém se ateve ao fato de desempregar mais de 700 pessoas de uma vez, ou de paralisar uma cadeia de outras empresas ligadas ao funcionamento dessas fábricas e ainda o prejuízo para do setor mais ativo da economia brasileira: o agronegócio. Alega-se prejuízos para a razão do fechamento das empresas. Mas alegar prejuízos de uma fábrica que produz fertilizantes para um dos maiores consumidores desse produto no mundo, alguma coisa está muito errada. É isso que precisa ser visto. Não falta quem compre o que essas fábricas produzem. Como justificar o fechamento de duas fábricas e abandonar o projeto de produção de fertilizantes num país que tem mais de 80 % de sua economia apoiada no agronegócio?
O Brasil importa fertilizantes e o agronegócio nacional é dependente deles. As reações em todo Brasil, principalmente nos setores do agronegócio, foram de revolta e indignação. Os próprios engenheiros da Petrobrás, através de sua associação de classes, se posicionaram de forma dura. Os governos da Bahia e de Sergipe também fizeram pressão. Para uma saída honrosa, a Petrobrás suspendeu o fechamento das fábricas, mas só por três meses. Depois decidirá o que vai fazer. O fechamento dessas fábricas afetaria a operação de pelo menos 15 outras empresas, comprometendo diretamente a vida de 675 trabalhadores só na Bahia. A decisão foi tomada apesar dos aumentos sucessivos na produção agrícola brasileira, de um modo geral, e na baiana, em particular – o que impulsionou o consumo de fertilizantes. Como exemplo do cenário, no ano passado, as importações do insumo agrícola através do Porto de Aratu apresentaram crescimento recorde de 28%, atingindo a marca 1,267 milhão de toneladas movimentadas. As fábricas utilizam gás natural para produzir amônia, ureia, ácido nítrico, hidrogênio, gás carbônico e Agente Redutor Líquido Automotivo. A produção de amônia é necessária para Oxiteno, Acrinor, Proquigel, IPC do Nordeste e PVC. A ureia é utilizada na Heringer, Fertpar, Yara, Masaic, Cibrafertil, Usiquímica e Adubos Araguaia; e o gás carbônico, na Carbonor, IPC e White Martins
Não há setor estratégico no país!! A setor de empoderamento político nas estatais!! Por isso sou a favor da privatização! aliás, já passou da hora meu amigo!
Carlos Eduardo, você fala de um assunto que desconhece ou então está representando interesses. O “empoderamento político” que você cita deve ser afastado da estatal. Agora este desgoverno com o sr parente a frente da companhia está matando receitas presentes e futuras da Petrobras em nome do pagamento de dívidas e de interesses das concorrentes. É absurdo que se faça o jogo das concorrentes que prejudica o país, e que compromete seu futuro. Como é que se pode investir num empreendimento de um campo que dura em média 7 anos com reservas provadas e com potencial e logo meses antes… Read more »
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Carlo Eduardo, discordo da privatização de setores estratégicos. Como exemplo: a Petrobras possui uma universidade própria direcionada a área de petróleo. Quando um jovem entra na empresa ele faz um treinamento específico de seis a oito meses para melhorar a sua qualificação. Por outro lado, O CENPES – maior centro de pesquisa na América Latina é formada por jovens pesquisadores brasileiros.
Pergunto a Voce: Qual empresa que for comprar a Petrobras vai manter essa universidade e esse centro de pesquisa que trazem para o Brasil os maiores premios internacionais?
Ledo engano seu!
Tem que haver uma balanço entre o liberalismo, conservadorismo e igualdade. PP é sem dúvida um liberalista e usa este fato para demonstrar que coisas públicas não s]ao de sua alçada. Está destruindo um patrimônio público porque não tem a competência para fazer as devidas cobranças do governo do qual é pau mandado.É notório o entendimento que a Petrobrás foi criada não para ser uma multinacional mas para que o pais tivesse a auto suficiência em petróleo e uma vez conseguido isto, é para ter um valor de preço do barril razoável. Empresa multinacional visa lucros e dividendos para seus… Read more »