ABB BRASIL TRAZ TECNLOGIAS SUBMARINAS COM FOCO EM NOVOS NEGÓCIOS NO PAÍS
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
A produção de campos marítimos no Brasil tende a crescer cada vez mais nos próximos anos, principalmente em virtude da entrada de novos projetos do pré-sal. Com esta janela de oportunidade aberta, a ABB já definiu que o segmento de subsea será uma parte importante em seus negócios no País, conforme revela o diretor de Industrial Automation da empresa no Brasil, Mauricio Cunha. Por conta disso, as tecnologias para este setor serão destaque da companhia durante a feira Rio Oil & Gas, em setembro. “Temos um projeto já operando, da Statoil, de uma estação de compressão de gás operando a 3 mil metros de profundidade”, afirmou o executivo. “Fazer isso no nível do sea bed (fundo do mar) é uma economia brutal em termos de custos e mitigação de riscos. Acho que essa é a grande evolução que acontece no upstream”, acrescentou. Outra área que desperta o interesse da ABB é a indústria 4.0. Uma das soluções da empresa neste mercado é o Smart Sensor, que captura informações sobre motores, permitindo identificar as condições de operação de todo o parque elétrico. “A nossa visão de médio e longo prazo é manter nosso foco no crescimento do Brasil. Nunca deixamos de investir no País, mesmo com todo o cenário que vivenciamos”, acrescentou.
Como a ABB enxerga atualmente o mercado brasileiro de óleo e gás?
Nós atuamos em óleo e gás no Brasil de uma forma bastante focada há mais de 20 anos. Neste período, nossa participação em todas as frentes é bastante importante – desde o upstream (módulo elétrico, compressores e automação, por exemplo), passando por midstream (no que diz respeito a transporte, terminais de líquidos…) e chegando ao downstream (onde nossa presença é bastante importante, principalmente em refino, onde temos uma base instalada e sistemas de controle em refinarias). Isso tudo em uma linha de produtos e soluções.
Somos também muito ativos em serviços. Imagine que essa base instalada no Brasil recebe o serviço local bastante intenso. Hoje, o grande mercado para a ABB é servir a esta base instalada, gerando mais produtividade e diminuindo o risco [para os clientes]. Esse tem sido nosso trabalho nos últimos dois anos.
Quais são as principais atividades e projetos neste segmento?
Temos algumas modalidades de serviços, que chamamos de ABB Care. Esse modelo de relacionamento pode ser um contrato de atendimento emergencial, por exemplo, onde alguns clientes têm um tipo próprio de operação das plantas e recorrem à ABB para uma atuação emergencial. Em outros casos, temos uma relação um pouco mais profunda com o cliente, incluindo manutenção preventiva e algumas ferramentas. Outros clientes chegam a uma relação extremamente profunda, o que permite que ajudemos em manutenção remota. Por exemplo, hoje operamos, de nossa unidade em São Paulo, 20 sites no mercado, onde ajudamos na operação e manutenção de forma remota. Estes são os tipos de contratos que temos hoje e entre nossos clientes estão a Petrobrás, Modec, Statoil, Vale, entre outros.
Como a empresa enxerga o potencial da indústria 4.0 dentro do mercado?
Algumas empresas entram na indústria 4.0 como consultoras, outras entram gerando uma interface com o usuário. A ABB é uma das poucas companhias que consegue atuar na cadeia inteira, desde a captura do dado. Temos condições de analisar e tratar esses dados. Vamos um pouco mais além, porque além de avaliar um equipamento (como um motor, por exemplo), olhamos o processo como um todo. Conseguimos avaliar a condição do equipamento e podemos dar insights para o cliente. Conseguimos antecipar ações em equipamentos a fim de ganhar mais produtividade na planta. Então, temos a captura e análise do dado, e condições de levar essas informações à nuvem, comparando diferentes processos para entregar aos clientes visões bastante úteis em termos de operação.
Quais são as novidades mais recentes da ABB para o óleo e gás?
A ABB investe 1,4 bilhões de euros anualmente em pesquisa e desenvolvimento. Poucas empresas no mundo têm essa presença tão forte. Temos duas tecnologias bem bacanas para destacar. Uma delas é associada ao motor, chamada de Smart Sensor. Imagine uma planta com 2.000 motores de baixa tensão e alguns motores de média tensão. O Smart Sensor pode ser conectado a qualquer motor – ABB ou não ABB – de média ou baixa tensão. Ele captura algumas informações interessantes sobre os motores. Com esses dados, conseguimos identificar as condições de operação de todo o parque elétrico. Temos essa solução instalada em um parque da BASF, na Alemanha, com quase 50 mil motores.
Indo para offshore, os investimentos da ABB são muito fortes em subsea. Hoje, temos soluções que permitiram quase 100% do topside no nível do leito do mar. Temos transformadores de tensão que podem operar a 3 mil metros de profundidade e drives de média e baixa tensão que podem operar a 150 km de distância do topside. Temos um projeto já operando, da Statoil, de uma estação de compressão de gás operando a 3 mil metros de profundidade. E assim por diante. O subsea é o grande desenvolvimento da ABB nos próximos anos – e para o Brasil é um desenvolvimento que faz bastante sentido.
Quando você opera uma plataforma subsea, o nível de confiabilidade dos equipamentos é extremamente alto. Quando estamos falando de 3 mil metros de profundidade, o custo para sacar o petróleo, levar ao topside, operar, separar óleo, gás e rejeitos é extremamente alto. Fazer tudo isso no nível do sea bed (fundo do mar) é uma economia brutal em termos de custos e mitigação de riscos. Acho que essa é a grande evolução que acontece no upstream e a ABB é líder nessa revolução. Vamos trazer todas essas informações durante a Rio Oil & Gas, no segundo semestre no ano.
Como a empresa pretende crescer dentro do mercado de óleo e gás do Brasil nos próximos anos?
A nossa visão de médio e longo prazo é manter nosso foco no crescimento do Brasil. Nunca deixamos de investir no País, mesmo com todo o cenário que vivenciamos. Nós entendemos que o mercado de óleo e gás não tem decisões de investimento hoje e canceladas pouco tempo depois. Elas podem até atrasar, mas as decisões que foram tomadas há, por exemplo, cinco anos atrás, vão virar projeto em três anos.
As decisões que estão sendo tomadas hoje, como é o caso da Petrobrás em Parque das Baleias e Búzios, são projetos que acontecerão em 2022 ou 2023. Isso, para nós, é uma visão de muito longo prazo. Em termos de estrutura, nosso foco, no curto prazo, é focar em serviço e manutenção da base instalada. No médio prazo, uma estrutura que abarca nosso conhecimento global, trazendo isso para os players locais, ajudando a desenvolver novos projetos. No momento, estamos ajudando o pessoal da Lubrax a montar a maior planta de lubrificantes da América Latina, em Duque de Caxias, com uma tecnologia de processo que temos na França.
Um investimento recente no Brasil foi a abertura de um escritório no Rio de Janeiro. Fale um pouco sobre isso.
Este escritório foi uma aposta de aproximação. O nosso grande mercado está no Rio de Janeiro, por isso montamos esse escritório focado em três coisas: operações colaborativas, treinamento das tecnologias da ABB e indústria 4.0. Em termos de treinamento, nunca percebemos tanta demanda dos nossos clientes para ter seu corpo técnico preparado para as tecnologias quanto agora. Temos trabalhado muito com a Petrobrás e outras empresas no Rio de Janeiro, que querem conhecer profundamente nossas tecnologias.
No ano passado, tivemos várias sessões sobre o ABB Ability (portfólio de soluções digitais para indústria), onde convidamos diversas empresas. Discutimos o que o mercado esperava a respeito disso. As companhias colocaram sobre a mesa a expectativa sobre a indústria 4.0. Ao final do evento, saímos com oportunidades bastante interessantes, de construir soluções que atenderiam a estas expectativas. Teremos novamente essa sessão, nos próximos dois meses, no Rio de Janeiro.
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