MODELO DE LEILÃO PARA ESCOLHER PARCEIRO DE ANGRA 3 TRARÁ DESCONTOS NA CONTA DE LUZ
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
A quarta-feira (9) deve ser decisiva para o setor nuclear brasileiro. Os olhos de membros do setor estão voltados para Brasília, onde uma comissão mista deve analisar e votar o relatório do deputado Júlio Lopes sobre a privatização da Eletrobrás e suas distribuidoras. O texto, como se sabe, também inclui pontos fundamentais para a retomada de Angra 3. Ontem, o deputado complementou seu relatório com a proposta de realização de um leilão para a escolha de um parceiro estrangeiro que ajudará a completar a obra. A ideia do parlamentar é que o governo crie uma tarifa teto para a comercialização da energia da usina. O investidor que ofertar o valor com maior desconto em relação à que foi estipulada pelo governo seria o vencedor da licitação.
Na opinião do presidente Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), Celso Cunha (foto), este modelo será benéfico para o bolso do consumidor brasileiro. “Se tivermos um teto para a tarifa de Angra 3 da ordem de R$ 400 por MW/h, este valor será reduzido nos lances feitos no futuro leilão, assim a economia será muito grande”, afirmou. O executivo ainda lembra que com a entrada de Angra 3, o país deixará de contratar as usinas emergenciais movidas a gás, que são muito mais caras que a fonte nuclear. “Eu acho que se resolvido este imbróglio ainda este ano, podemos em 2019 colocar no mercado este leilão e cumprir o cronograma até 2026”, concluiu.
Como o senhor enxergou a proposta de realização para escolha do parceiro de Angra 3?
Eu avalio que a questão do leilão já estava encaminhada. Ou seja, ganha quem oferecer a menor tarifa de energia elétrica. Então, ao invés de ser usado o critério de menor participação acionária [na usina], e sim o critério de menor valor de tarifa, isso será benéfico para o consumidor. Isto porque quando esta energia for vendida no mercado, o impacto dela será minimizado no global de todo o conjunto de geração. Desta forma, se conseguirmos uma tarifa um pouco menor, será melhor ainda.
Para o mercado, este modelo de disputa é atrativo?
Em relação ao leilão, acho que é muito razoável este tipo de modelo. No passado, já foi praticado em outros empreendimentos no país.
E para o consumidor? Gostaria que o senhor detalhasse um pouco mais os benefícios deste modelo de leilão.
Sobre a tarifa, precisamos lembrar que hoje gastamos um volume de recursos muito alto (chegando a R$ 900 MW/h) para despachar as usinas emergenciais. Então, se tivermos um teto para a tarifa de Angra 3 da ordem de R$ 400 por MW/h, este valor será reduzido nos lances feitos no futuro leilão, assim a economia será muito grande. Vamos retirar uma energia cara das emergenciais e colocaremos na rede uma mais barata. Só temos a ganhar.
Assim sendo, o aumento na conta de luz não será muito elevado?
Se tivermos um aumento, ele será muito pequeno e diluído dentro da matriz como um todo. E, repito, se comparamos este reajuste na tarifa de Angra 3 com o custo das emergenciais, veremos que o Brasil ganhará muito com isso.
Recentemente, a ABDAN se reuniu com o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco. O que foi discutido no encontro?
O ministro falou do seu comprometimento para resolver a questão de Angra 3. Ele comentou também rapidamente sobre o futuro do uso da energia nuclear na matriz brasileira. Pedimos a ele dedicação para que, tão logo a votação da MP da privatização da Eletrobrás terminar, as negociações com BNDES e Caixa ganhem rapidez. O ministro se comprometeu a acelerar esta discussão.
A MP é questão prioritária, porque com a nova tarifa definida, podemos ter viabilidade econômica. O reajuste na tarifa permite a renegociação de dívidas, que serão pagas após o início da geração de energia na usina.
Resolvida a questão da MP, é possível cumprir o cronograma para início da operação da usina?
Acredito que sim, com certeza. Eu acho que se resolvido este imbróglio ainda este ano, podemos em 2019 colocar no mercado este leilão e cumprir o cronograma até 2026.
Está caminhando tudo certo, só que a população de Angra não aguenta a falta de segurança por conta do desemprego. O caso é grave e 2019 passar se ligo tempo. Não dar para entender que a 3 anos atrás estava em andamento a conclusão civil, junto com a engenharia e a montagem eletromecânica. Esses trabalhod não foram jogado fora. Porque não pode ter a retomada ainda em 2018. Mesmo que seja devagar o astral e a esperança de dias melhores contamina a população o comércio e melhora o ambiente. Não sei se isso é compreendido pelos atuais políticos.