INSTITUTO TECGRAF BUSCA APROXIMAÇÃO COM EMPRESAS DE ÓLEO E GÁS PARA APRESENTAR SOLUÇÕES DE INDÚSTRIA 4.0
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
A revolução digital tem trazido benefícios para toda a sociedade e também possibilitado novos modelos de negócios ao redor de todo o mundo. A indústria de óleo e gás, atenta a isso, está cada vez mais descobrindo as possibilidades que a indústria 4.0 pode fornecer no sentido de ampliar a produtividade. Por isso, o Instituto Tecgraf de Desenvolvimento de Software Técnico-Científico da PUC-Rio criou uma gerência de indústria 4.0 onde todos os esforços estão concentrados para trabalhar na área de petróleo e em outros mercados também. Atualmente, o laboratório está em fase de testes de um novo modelo de motor rotativo e se prepara também para apresentar equipamentos durante a feira Rio Oil & Gas, em setembro, com o foco em se aproximar das companhias do setor petrolífero. Para entender como funciona o desenvolvimento de soluções no laboratório e seu modo de atuação junto ao mercado, conversamos com o Coordenador de Operações, Felipe Gouvea; com o Gestor de Projeto, Jorge Bruno; e com o gerente de indústria 4.0, Carlos Camerini.
Poderiam nos detalhar sobre as origens do laboratório?
Felipe Gouvea – Este projeto nasceu em 2014 e foi financiado pela Petrobrás por meio da cláusula de pesquisa e desenvolvimento. Com isso, tínhamos uma missão de tentar divulgar e aproximar as tecnologias dos pequenos e médios empresários. Existia um gargalo na parte tecnológica no país e a Petrobrás enxergou na PUC uma possibilidade de tentar passar a tecnologia que a universidade já detinha em petróleo para as pequenas e médias empresas. Isso ocorreu durante dois anos. Foi um projeto de bastante sucesso. Num primeiro momento, fizemos uma aquisição de R$ 12 milhões de máquinas. Depois disto, o projeto foi renovado, potencializando a parte operacional para continuar desenvolvendo protótipos e produtos para empresas do setor de petróleo.
Qual foi o próximo passo?
Felipe Gouvea – Na segunda renovação do projeto, outros setores da economia vieram nos procurar, como medicina, aeroespacial, mecânica e energia elétrica, complementando as demandas. Tudo isso em cima dos preceitos da indústria 4.0. Se fala muito de automação, instrumentação e fabricação avançada. Tudo isso com uma certa interatividade entre essas competências. Por isso, a PUC resolveu formar, por meio do instituto Tecgraf, uma gerência de indústria 4.0 onde todos os esforços estão concentrados para trabalhar na área de petróleo e em outros mercados também.
Quais são os principais desenvolvimentos em andamento?
Felipe Gouvea – Como trabalhamos com produtos de teor de inovação muito alto, não podemos falar [detalhadamente] sobre os nossos desenvolvimentos. Mas podemos comentar que já desenvolvemos muitos projetos e protótipos para a Petrobrás e também para grandes fornecedoras hoje localizadas no Parque Tecnológico do Rio de Janeiro, na Ilha do Fundão. Já fornecemos uma diversidade de projetos de grande porte, tanto em termos financeiros quanto em volume. Alguns exemplos são produtos como sistemas submarinos, robótica avançada e mecânica industrial.
E quais os projetos que já estão anunciados no mercado que podem ser citados?
Felipe Gouvea – Podemos citar um motor rotativo, que participou do prêmio de inovação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), no ano passado. Estamos trabalhando na parte de desenvolvimento do produto. Hoje, ele está em fase de testes de performance. É fabricado por meio de manufatura aditiva, usando um processo avançado de fabricação e de engenharia de desenvolvimento. Os testes finais estão sendo feitos em um laboratório de engenharia vinculado.
Poderiam explicar como funciona a aproximação do laboratório com as empresas?
Felipe Gouvea – Trabalhamos em vários tipos de estágios. A demanda pode chegar de diversas maneiras. O empresário ou empresa podem chegar com uma ideia e nós os ajudamos com uma engenharia multidisciplinar. Podemos entrar em qualquer projeto, em qualquer estágio, desde a concepção da ideia, até a parte de fabricação de protótipo. Ou seja, podemos receber uma peça já conceituada e fazer reposição dela; podemos conceber o projeto como um todo, construir uma solução junto à empresa, desenvolver um protótipo e auxiliar no produto final; ou somente fabricar de forma avançada uma peça conceituada. Em suma, nós conseguimos atender as demandas de diversos mercados.
Carlos Camerini – As máquinas são, em sua maioria, de origem alemã. Mas, nós já dominamos a maneira de fabricação destes produtos. E inclusive, vamos levar para a Rio Oil & Gas alguns destes equipamentos feitos na PUC. Mas o importante a ser destacado é que apesar de termos condição de fabricar qualquer coisa, nossa real intenção é ensinar os empresários a fazer um determinado produto que foi desenvolvido por nós até sua fase final. Nosso objetivo é suportar as empresas em vários momentos, para aumentar a competitividade delas.
E em que fase estão as conversas com essas empresas?
Felipe Gouvea – Estamos fazendo a aproximação do mercado, de pequenas e médias empresas. Vamos divulgar muito isso na feira Rio Oil & Gas. Já fizemos uma aproximação considerável.
Carlos Camerini – Nós fizemos um acordo com o Sebrae para apresentar alguns equipamentos na área deles dentro da feira. Vamos fazer também alguns mini cursos para micro e pequenos empresários, mostrando as possibilidades de desenvolvimento.
Como enxergam as futuras oportunidades da indústria 4.0 dentro de óleo e gás?
Carlos Camerini – O processo 4.0 começou na Alemanha por volta de 2011. É algo um pouco recente para eles também. E nós conseguimos, com os recursos que recebemos, avançar muito em relação às instituições brasileiras, como Ministério de Ciência e Tecnologia e Senai. As empresas multinacionais instaladas no Brasil são as que mais avançam nesse setor. Elas têm um relacionamento grande com o exterior. Então, essas companhias estão avançando enquanto o restante da indústria brasileira está quase no ponto zero. E hoje, estamos partindo para um mundo totalmente digitalizado em termos de projeto. A partir da digitalização, você consegue transformar os objetos físicos. Quem não entrar na indústria 4.0 vai ficar de fora. É um caminho sem volta.
Como a indústria 4.0 vai revolucionar o mercado de óleo e gás e outros setores também?
Jorge Bruno – A indústria 4.0 abrange um conjunto de ferramentas que, quando congregadas, geram um salto de tecnologia. Estamos falando desde computação em nuvem, internet das coisas, realidade aumentada, fabricação digital, inteligência artificial e outros recursos que foram integrados desde a criação do conceito de indústria 4.0.
No caso do petróleo, por exemplo, quando é feita a sísmica, você tem a parte de intepretação, o uso de inteligência para integrar os dados por meio de inteligência artificial. Você também pode fazer sísmica 4D com virtualização e imersão imagética. Você pode interpretar os dados usando inteligência artificial e redes neurais, imprimir o reservatório… isto é, tudo isto vai dando condições de tomar decisões muito mais apuradas quando aquelas tecnologias que citei antes estavam soltas e não integradas.
Agora, partindo para outras áreas, vamos usar o exemplo de um avião. Uma turbina de aeronave durante um voo tem algo em torno de 1 milhão de dados gerados por minuto. Um paciente numa UTI gera um terço disso. E como interpretar tudo isso de uma maneira mais ágil? Usando as ferramentas da indústria 4.0. Então, estamos desenvolvendo alguns equipamentos que são integrados em sua comunicação por nuvem.
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