IVAN MONTEIRO DEFENDE A GESTÃO DE PEDRO PARENTE PARA MANTER A MESMA POLÍTICA DE PREÇOS DA PETROBRÁS
Tem um ditado que o brasileiro sabe de cor e salteado: “ errar é humano, mas persistir no erro...” Todo mundo sabe qual é o final a frase. Mas as vezes a teimosia faz o ser humano repetir erros até ver que ele não é o único certo. A Petrobrás acabou de ter provas do que a sua política de preços para reajustar os combustíveis causou ao país. Culminou com a demissão do próprio presidente da companhia. Era um pouco óbvio que seu substituto, diretor financeiro da empresa, tivesse as mesmas opiniões. Mas diante do quadro de desordem absoluta que colocou o país de mãos para o alto sem ter como reagir, insistir na mesma fórmula que causou este problema, não parece ser a melhor opção. Nesta quarta-feira (6) o atual presidente da companhia, Ivan Monteiro, eleito pelo conselho de administração e confirmado pelo Presidente Temer, se dirigiu por carta aos funcionários em seu primeiro comunicado oficial para dizer que o alinhamento de preços com o mercado internacional é essencial para que a companhia cumpra seu papel de gerar riqueza e desenvolvimento: “A capacidade de estabelecer nossos preços como um reflexo das variações do preço do petróleo, sem perdas para a companhia, e competir de igual para igual neste mercado são condições essenciais para que a Petrobrás seja capaz de cumprir seu papel de empresa que gera riqueza e desenvolvimento”.
Na carta aos petroleiros, ele defendeu a gestão de Pedro Parente à frente da companhia, mesmo sabendo que os próprios funcionários da Petrobrás, estavam exigindo a cabeça do ex-presidente nas reivindicações que fizeram quando entraram numa greve que o Tribunal Superior do Trabalho considerou ilegal e estabeleceu uma multa pesada se o movimento fosse mantido: “Se olharmos as mudanças pelas quais a Petrobrás passou nos últimos anos, veremos realidades completamente diferentes. Essa visão de longo prazo é necessária agora, pois coloca em contexto o momento atual, em que temos agir para mostrar à sociedade brasileira que sabemos de nossa responsabilidade em contribuir para uma solução para a grave crise em que o país viveu com a greve dos caminhoneiros, ao mesmo tempo em que mantemos a nossa capacidade de investir, de crescer e continuar construindo o futuro da Petrobrás”.
Por determinação do Ministro das Minas e Energia, Moreira Franco, a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis anunciou que vai abrir consulta sobre a possibilidade de interferir na periodicidade dos reajustes dos combustíveis no país. A ideia é estabelecer prazos mínimos para as mudanças de preço. A Petrobrás disse que vai colaborar no esforço por um diálogo que possa resultar em maior competição ao mesmo tempo em que mantém a liberdade para a formação de preços. Desde outubro de 2017, a estatal inaugurou uma nova política de reajustes diários, alegando que precisava ter maior agilidade para combater importações de combustíveis por terceiros. Nos últimos meses, porém, a estratégia passou a ser questionada diante da pressão altista provocada pela escalada do petróleo no mercado internacional. Após o início da greve dos caminhoneiros, a própria estatal decidiu reduzir em 10% o preço do diesel em suas refinarias e congelar o valor por 15 dias. Em acordo com a categoria, o governo federal ampliou o prazo de congelamento e concedeu mais subsídios aos preços. Além da desordem na gestão das empresas que deixaram de ter controle sobre a previsibilidade de seus custos, nos postos de gasolina houve um avanço absurdo nos preços, culminando no caos provocado pela revolta e a greve dos caminhoneiros. Todo mundo sabe qual o resultado que deu. Se o presidente Ivan Monteiro considerar e acreditar que a carta endereçada aos funcionários, mantendo as mesmas premissas, terá um resultado diferente, será o primeiro grande engano de sua gestão à frente da Petrobrás.
Nada irá mudar enquanto séquito ainda estiver na Petrobrás.