RAMBOLL PREVÊ CRESCER ATÉ 15% ESTE ANO E SE PREPARA PARA EXPANDIR NEGÓCIOS EM DESCOMISSIONAMENTO | Petronotícias




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RAMBOLL PREVÊ CRESCER ATÉ 15% ESTE ANO E SE PREPARA PARA EXPANDIR NEGÓCIOS EM DESCOMISSIONAMENTO

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

Eugenio Singer9Existe uma perspectiva de que a Petrobrás desative de 15 a 20 de suas plataformas no Brasil até 2020. Isso abre um leque muito grande de oportunidades para as empresas que atuam dentro da área de descomissionamento de ativos. A multinacional de consultoria, engenharia e design Ramboll é uma das companhias que estão de olho no potencial desse mercado. “Esse tema de descomissionamento vem sendo abordado já há algum tempo. Há dois anos que temos promovido discussões com a Agência Nacional do Petróleo (ANP). O que vemos hoje são empresas de engenharia querendo se inteirar nesse setor porque vislumbram oportunidades de projetos destes trabalhos no país”, afirmou o diretor geral da Ramboll no Brasil, Eugenio Singer. O executivo diz também que a ANP deve apresentar uma norma específica de descomissionamento em julho, o que ajudará o desenvolvimento do segmento. Para o ano de 2018, a companhia prevê um crescimento de até 15% e mira na expansão de negócios no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Nordeste.

Como enxerga o momento atual de negócios?

O Brasil ainda está se recuperando do golpe forte da Lava-Jato na Petrobrás, além da reestruturação que a empresa teve com as questões do pré-sal, nova forma de concessões e também da crise mundial que afetou o setor como um todo. Mas não temos dúvidas que o potencial do Brasil é enorme, tanto no pré-sal quanto no pós-sal. Existem também desenvolvimentos tecnológicos avançados nos projetos de exploração do pré-sal. Então, o país está inserido dentro desse contexto. Mas, ao participar de congressos mundiais, percebe-se uma diminuição dos investimentos.

Isso reflete muito na área de consultoria. A parte de consultoria ambiental para petróleo e gás foi praticamente aniquilada. Existem empresas de consultoria que praticamente extinguiram. Isso porque você não tem mais licenciamentos. Há uma redução da quantidade de trabalhos nessa área e  o planejamento também é reduzido. Se você fazer uma análise das empresas que atuavam nesse segmento de consultoria ambiental, verá que elas sentiram um impacto enorme, colocando no mercado uma gama de profissionais de alto quilate. E, ao mesmo tempo, a área de mineração passa um momento de entusiasmo e de novas fronteiras. Mas, a expectativa para óleo e gás é que com essas novas rodadas, ocorra a volta de trabalhos. Enquanto isso, vamos desenvolvendo novas metodologias e capacitando pessoal.

Como avalia as futuras possibilidades de expansão dentro da área de descomissionamento no Brasil?

A Ramboll fez investimentos no Brasil na área de petróleo e gás, criando escritório no Rio de Janeiro, fazendo seminários, participando de câmaras e saindo do zero com uma equipe de sete pessoas. Estamos trabalhando em avaliação de benchmarking e marco regulatório, de análise de integridade de poços submarinos. Estamos tentando prospectar novos mercados, até na parte de engenharia, como análise estrutural de integridade de plataforma.

Nós avaliamos as oportunidades específicas, mas sempre com uma visão estratégica. A empresa, mesmo com a situação difícil no Brasil, cresceu 100% no ano passado. Neste ano, vamos ter crescimento menos acentuado, em torno de 10% ou 15%. Esse tema de descomissionamento vem sendo abordado já há algum tempo. Há dois anos que temos promovido discussões com a ANP. O que vemos hoje são empresas de engenharia querendo se inteirar nesse setor porque vislumbram oportunidades de projetos destes trabalhos no país.

Quais serão os principais desafios desta atividade no País?

O primeiro desafio é um marco legal bem claro, que deixe confortável todos os atores e como esse processo dar-se-á. Por exemplo, na área de mineração você já tem a questão de fechamento de minas, com planejamento antecipado. A partir do momento que vai acontecendo o fechamento, existem projetos para que os passivos não fiquem com ônus para governo e sociedade após o abandono desses empreendimentos.

Na área de petróleo e gás, eu acredito que a ANP deve apresentar uma norma específica de descomissionamento em julho que, no conjunto das outras resoluções existentes, permitirá o melhor funcionamento das empresas para cumprir com conformidade perante a ANP. E também vai capacitar os demais órgãos a saber o que exigir e de que forma gerenciais essas demandas. Esse é um primeiro cenário necessário para que se dê de forma clara a questão do descomissionamento.

A indústria precisa se capacitar e se organizar, além de migrar para essas unidades. Existem riscos e dificuldades para o exercício do descomissionamento, como toda a parte de trabalhos subaquáticos. Existe também a parte de limpeza de cascos. O descomissionamento implica em questões econômicas e de segurança bastante elevadas. Nem a engenharia e nem os provedores de serviço da cadeia de suprimento estão preparados se houver uma demanda alta dos serviços no Brasil. Isso só vai acontecer gradualmente, ganhando experiência e atraindo as empresas de manutenção industrial, de serviços submarinos também. Ao se fazer um desmanche de plataforma, gera uma série de produtos e subprodutos que precisam de tratamento adequado. Então, é necessário que se tenha uma organização e preparação de resposta organizada para essas questões.

Quais são os principais riscos? Quais as formas de mitigar esses riscos?

A operação de petróleo offshore é uma coisa para big players. O cuidado que deve-se ter é que as empresas que atuam nesse setor estejam lastreadas para arcar com os custos e tenham provisionamento para desenvolver o descomissionamento de forma adequada. O simples abandono de plataforma em alto mar impõe o risco para praticamente todos os setores – de segurança marítima, biodiversidade, segurança de forma integrada com outras plataformas, segurança da saúde humana, entre outros. Dependendo da forma como é feito o descomissionamento, existem riscos escalonados. Para isso que existe a metodologia de Análise de Benefício Líquido Ambiental (NEBA), para avaliar esses riscos. Uma plataforma abandonada oferece vários riscos à navegação marítima, além riscos de contaminação. A biodiversidade marinha é uma questão internacionalmente importante para os projetos de financiamento. Os bancos tem uma preocupação com isso.

Gostaria que o senhor explicasse, resumidamente, como funciona a NEBA?

Ela consiste numa análise de custo e benefício, onde vemos os prós e contras de um processo de desmantelamento de uma instalação. O primeiro passo é estabelecer o arcabouço conceitual, as metas e restrições do projeto. Depois, identificar a necessidade de coleta de dados e atributos necessários para o processo de decisão. A fase seguinte é coletar esses dados e completar as lacunas de informações para o fim da vida útil da plataforma ou se existem planos de extensão da vida útil deste ativo. Após isso, é feita a análise das consequências ambientais e econômicas. Nesse processo, você analisa a qualidade da água, do ar, o impacto na vida aquática, o impacto no uso do solo, considerações comerciais, impacto na saúde humana, conformidade com arcabouço legal do país, etc. Com isso, se cria uma base para analisar as opções e escolher a melhor estratégia.

Quais são as metas da Ramboll para os próximos anos no Brasil?

Como eu disse, a empresa cresceu 100% ano passado. Neste ano, estamos revisando nosso orçamento dentro do nosso planejamento estratégico, que revemos a cada três meses. Nós fazemos um ajuste dele e semestralmente batemos o martelo em cima do plano que vamos cumprir no ano. Para 2018, a previsão de crescimento de 15%.  Mas estamos ainda com possibilidade de ganhos substanciais com as práticas que temos e explorando as geografias onde não estamos tão estabelecidos. Existem ainda desafios para Belo Horizonte, Nordeste e Rio de Janeiro. Podemos ter um crescimento maior nessas áreas. E é possível também aproveitar as competências que a matriz tem, na Dinamarca. No setor nórdico, todas as áreas do mercado de planejamento urbano, de energia e saneamento, de transportes, entre outras, estão desenvolvidas. E queremos trazer isso para o Brasil gradualmente. Apesar do potencial do país, o fator de compliance afetou muito todo esse mercado e estamos fazendo um esforço heroico para mostrar as oportunidades grandiosas presentes aqui. Estamos conversando com as empresas de engenharia e vislumbramos o sonho para explorar o óleo e gás quando o crescimento for retomado no setor.

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