LOCAR PLANEJA PARTICIPAR DO ROTA 3 COM BALSA LANÇADORA DE DUTOS
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
A Locar Guindastes e Transportes Intermodais investiu R$ 140 milhões para construção de uma balsa lançadora de dutos. Após um período relativamente longo sem conseguir estrear o ativo, em virtude do marasmo do mercado, a empresa fechou o primeiro negócio para a embarcação. Ela será usada na instalação de uma tubulação da termelétrica Porto de Sergipe. Mas os planos da Locar vão muito além deste projeto. O vice-presidente da empresa, Henrique Bravo, detalha o interesse em utilizar a balsa no projeto do gasoduto Rota 3, que vai ligar o pré-sal da Bacia de Santos ao Comperj. O executivo ainda afirma que outros empreendimentos do pré-sal, como Mero, também estão no radar de oportunidades, além de revelar planos para buscar novos contratos na América Latina. “Temos propostas para Chile, Peru e Argentina para utilização do barco em alguns projetos de termelétricas. Podemos atender até mesmo um pouco do Caribe de forma competitiva. Estamos tentando fazer a mobilização desse ativo nesses locais”, disse.
O que significa para a empresa este primeiro contrato da balsa?
É de importância máxima. A balsa é um ativo que foi planejado para ter uma vida de trabalho e que ficou cinco parada, sem utilização, em função do mercado não ter demanda. A importância dela iniciar suas atividades e de ter um novo mercado é máxima, além do fato do setor está se reaquecendo.
Poderia detalhar um pouco este primeiro contrato?
Esse primeiro contrato foi para uma instalação de uma tubulação da termelétrica Porto de Sergipe. A contratação da balsa foi feita pela Sapura Energy do Brasil, empresa terceirizada pela Celse (Centrais Elétricas de Sergipe). Os dutos vão transportar gás para alimentar as turbinas que produzirão energia elétrica. Isto já é uma sinalização de um mercado que é próprio para essa balsa. E o setor de óleo e gás também está dando sinais de que vai entrar em regime de produção normal.
Quais são as perspectivas em óleo e gás?
Já temos o Rota 3, que é um projeto de ligação para o Comperj que vai acontecer em fevereiro. Também temos o projeto de Mero, já para o outro ano. Então, temos sinais de que o mercado de óleo e gás começou a demandar alguma coisa nessas ligações. Estas atividades estão defasadas há cinco anos. Elas precisavam de uma continuidade em 2013 ou 2014. Houve esse hiato de cinco anos e, agora, a partir de fevereiro do ano que vem, esse mercado de lançamento de dutos do pré-sal vai começar a acontecer. Isso não deixa de ser uma sinalização, embora nossa perspectiva de melhora desse mercado a partir do final de 2019.
E como estão as negociações para participar destes projetos?
Já estamos negociando com as empresas de engenharia que são especialistas em lançamento de dutos. No caso do contrato da termelétrica, fomos contratados pela Sapura, como disse anteriormente. É uma empresa da Malásia, com um know how muito grande nessa área. No caso da Petrobrás para o Rota 3, a estatal ainda não homologou a licitação, mas temos dois finalistas: a Sapura e a McDermott. Estamos conversando com essas duas empresas, porque temos esse ativo, que é único no país. Os demais do tipo, estrangeiros, estão longe, em outras localidades. O custo do deslocamento dessas embarcações é altíssimo. Por isso, acredito que tudo indica que faremos este trabalho, em fevereiro, nas instalações das tubulações do Rota 3.
E existem planos também para negócios no exterior?
Estamos posicionados na América Latina como a empresa com o único barco capaz de fazer este tipo de lançamento. Nesta atividade, o custo de mobilização é altíssimo, temos uma vantagem competitiva para atender a América Latina. Dessa forma, temos propostas para Chile, Peru e Argentina para utilização do barco em alguns projetos de termelétricas. Podemos atender até mesmo um pouco do Caribe de forma competitiva. Estamos tentando fazer a mobilização desse ativo nesses locais.
Como seria especificamente a atuação da balsa em projetos do pré-sal?
Nossa balsa é própria para lançamento em águas rasas. De qualquer forma, normalmente, você tem uma aproximação na praia em qualquer lançamento desses que vem do mar. Nosso trabalho está nessa região a partir de 100 metros até a praia. Conseguimos atuar nessa área desde que o trabalho seja feito com tubos rígidos.
Qual a principal característica da embarcação?
É uma balsa muito nova, foi construída em 2013 e nunca foi usada até então, o que não é muito comum para esse mercado. Ela tem capacidade para hospedar 160 tripulantes, com acomodações de alto nível e tecnologias de vanguarda. O desenho dela permitiu uma maior aproximação com a praia. Ela tem algumas características que faça que tenha uma produtividade muito boa.
Nós pudemos fazer a construção da balsa no nosso próprio estaleiro, com engenheiros brasileiros. Alguns equipamentos foram importados, porque não existem no Brasil. Mas a concepção, projeto e construção foram feitas aqui. Durante as obras, tivemos 200 pessoas trabalhando, durante dois anos. Foi uma geração de emprego importante. Estamos em uma fase de Revamp do barco, porque ele ficou parado cinco anos. Nos últimos três meses, tivemos mais de 100 pessoas trabalhando nisso.
Como o senhor enxerga a demanda de novos contratos para os próximos anos?
Não consigo precisar em quanto tempo teremos demanda para um novo barco desse. Mas entre cinco e dez anos, acredito que possamos ter necessidade de colocar mais barcos no mercado. O que se espera é que a exploração de novos poços seja massiva com a entrada dos novos players na indústria. Mas ao longo dos próximos cinco anos, eu vejo que não teremos uma utilização de 100% de nossa balsa. Tanto é que estamos buscando novos negócios na América Latina e também no Brasil.
O setor de óleo e gás é o mais importante para todos. Tudo que fazemos na área marítima está ligado a a área de óleo e gás. Então, esse segmento entrando numa crescente, vamos acompanhar esse ritmo. Há uma defasagem entre o tempo de projeto. Os recentes leilões definiram uma série de novas empresas para explorar os campos de petróleo, que agora estão em fase de definições. Durante esse período, há um hiato. Só temos novos negócios quando há movimentação de equipamentos e de produtos nesses poços.
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