MUDANÇA GRADATIVA PARA GERAÇÃO NUCLEAR DE ENERGIA NA CHINA ESTÁ REDUZINDO A EMISSÃO DE CO2 NO PAÍS
A China é o país que mais emite dióxido de carbono no mundo: a liberação de CO2 cresceu substancialmente nas últimas décadas e, hoje em dia, compõe quase um terço do total global de emissões. Mas um estudo publicado na revista Nature Geoscience demonstra que o país já pode ter atingido o seu pico de emissões, uma vez que as quantidades de carbono liberadas na atmosfera estão caindo. De acordo com uma equipe formada por pesquisadores da China, do Reino Unido e dos Estados Unidos, as emissões de CO2 do país diminuíram entre 2014 e 2016, totalizando uma queda de 4,2% no período. Esse declínio nas emissões ocorreu muito mais cedo do que o previsto por outros cientistas. Estudiosos britânicos, por exemplo, não esperavam um pico das emissões chinesas antes de 2025. O recuo não parece ser muito grande: 9,2 gigatoneladas de CO2 em 2016 contra 9,53 gigatoneladas em 2013. Mas, mesmo assim, os pesquisadores escrevem que a contração é um sinal de esperança.
Se a diminuição fosse apenas o subproduto de uma crise econômica, não haveria muitos motivos para esse otimismo: as emissões de dióxido de carbono simplesmente aumentariam novamente assim que a economia voltasse a florescer. E, de fato, o crescimento econômico na China desacelerou nos últimos anos, o que facilitou a redução de emissões. Mas, segundo as investigações, o crescimento econômico mais lento não é o principal motivo para a queda. A China está passando por uma mudança estrutural, com a transição para o exterior de fábricas que emitem muitos poluentes. O deslocamento para uma produção de maior valor agregado e para a indústria de serviços transformou a China, acarretando numa queda no processamento de ferro e aço, e nas produções de cimento e carvão, com alto grau de emissões de poluentes. Lina Li, coordenadora de projetos e consultoria de políticas públicas relativas às mudanças climáticas, meio ambiente e desenvolvimento, concorda com declínio das emissões de CO2 não ser acidental. O mix de energia chinês também está mudando: “O céu azul está se tornando uma questão política, especialmente em Pequim. A política antipoluição do ar ajudou muito a reduzir as emissões de dióxido de carbono”.
Enquanto as novas políticas se concentram prioritariamente nas partículas finas no ar, elas também estão levando a uma redução no consumo de carvão, o que teve o efeito colateral de reduzir as emissões de carbono. O governo chinês limitou a construção de novas usinas energéticas de carvão a partir de 2013, também fechando usinas mais antigas e menores. O consumo de carvão recuou, em média, 5,6% ao ano. As maiores quedas foram registradas no setor energético. Porém, a demanda por energia na China continua crescendo. Mas a energia extra vem de energias renováveis e, principalmente de usinas nucleares, que produz energia limpa. Neste momento a China está construindo simultaneamente 12 novas usinas de energia nuclear e há novos projetos em andamento. O carvão é sujo demais e os renováveis não são muito estáveis. Assim, a energia nuclear é vista como uma fonte estratégica de energia para o futuro.
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