COM O FORTE CALOR NOS ESTADOS UNIDOS, O PETRÓLEO ESCORRE DE ROCHAS NO ESTADO DE UTAH E ALIMENTA SONHO DE RIQUEZA
Uma espécie de nova corrida do ouro nos Estados Unidos. Com os dias quentes na bacia do Uinta, no Estado de Utah, escorre petróleo sobre as rochas. Riachos de alcatrão preto denunciam as riquezas inexploradas que existem ali. Ao pegá-la com a mão, a pedra esfacela-se, tão quente e cerosa como o alcatrão fresco. A perspectiva de ter acesso a essas riquezas atraiu um grupo de pessoas para este deserto nos arredores de Vernal, não muito longe da fronteira com o Colorado. Os homens por trás da Petroteq Energy – um ucraniano que é chefe de uma empresa de caminhões da Califórnia, um químico e um executivo que trabalhava até há pouco tempo com fertilizantes – esperam ser os primeiros a extrair petróleo bruto das chamadas areias petrolíferas do Utah, algo que poucos tentaram e que ninguém conseguiu.
O CEO da Petroteq, David Sealock, disse que “Quando vemos os recursos que temos nesta área, sabemos que aqui temos petróleo suficiente para produzir 10 mil barris por dia durante mais de 25 anos”. Isso seria significativo para o Utah, que no ano passado produziu apenas 91 mil barris por dia, uma gota no oceano para os EUA, cuja produção subiu para 10,9 milhões de barris por dia. A Petroteq faz parte de um novo grupo de exploradores de petróleo que se mobilizou desde que os preços da matéria-prima nos Estados Unidos começaram a subir no ano passado. Rejeitam o dinheiro fácil do fracking e preferem as possíveis recompensas gigantescas de empreendimentos especulativos com prazos de entrega prolongados e custos elevados. Entre as empresas que estão olhando para Utah contam-se a Enefit, da Estônia, que planeia extrair petróleo bruto de uma densa formação rochosa a 96 quilômetros a sul de Vernal, e a Rose Petroleum, que tem sede em Londres e pretende adotar a tática incomum de perfurar um reservatório naturalmente fragmentado. Para eles, o Utah é um paraíso de vastos recursos inexplorados e regulamentações permissivas.
O estado oferece um crédito fiscal de energia alternativa de 75% a qualquer empresa capaz de produzir mil barris de petróleo de areias petrolíferas ou xisto. Utah tem alguns dos maiores depósitos de areias petrolíferas e petróleo de xisto do mundo. O desafio é o desenvolvimento. A última empresa a tentar, a U.S. Oil Sands, entrou com um pedido de recuperação judicial em 2017 depois de ter gastado mais de 60 milhões de dólares numa unidade de exploração que não produziu um único barril de petróleo. A produção nas instalações da Petroteq, a poucos quilômetros de Vernal, numa área rejeitada pelos mórmons, tem um desenvolvimento previsto para este verão no hemisfério norte.
São projetos caríssimos. O Brasil já faz isso, há muito, retortando, no Paraná, os folhelhos betuminosos da unidade geológica denominada folhelhos Irati, erroneamente chamados de xistos. Em Sergipe, na área de Castanhal, parte norte do Campo Riachuelo, há exsudações de óleo com características similares em arenitos e conglomerados que não se mostraram, até o momento, projetos economicamente viáveis.