EMPRESAS ESTRANGEIRAS PEDEM MAIS PREVISIBILIDADE E ABDAN PROPÕE FÓRUM PARA DISCUTIR SETOR NUCLEAR
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
O Seminário Internacional de Energia Nuclear (SIEN 2018) entrou em seu segundo dia de atividades, com uma intensa agenda de debates sobre o setor. Eventos como esse são importantes porque reúnem as mais importantes empresas da indústria, e estas, por sua vez, passam seus recados e anseios para os tomadores de decisão do país. Duas companhias estrangeiras que se manifestaram interessadas em atuar na retomada de Angra 3, a russa Rosatom e a francesa EDF, apresentaram seus principais projetos ao redor do mundo e compartilharam o mesmo anseio: que o governo confirme a construção de novas usinas no Plano Nacional de Energia 2050, que deve ser lançado ainda este ano. Diante da necessidade de trazer à tona este debate, a Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN) lançou a proposta de criar um fórum de debate para discutir esta e outras questões ligadas ao setor. Até o momento, 6 associações da indústria nuclear já aderiram à ideia.
A questão de Angra 3 e também o anúncio de planos para construção de novas unidades são os assuntos mais comentados pelas companhias que participaram do SIEN até agora. No material apresentado pelo diretor de pré-desenvolvimento e marketing da EDF, Patrick Zak, a empresa se disse satisfeita com a decisão do governo de rever a questão da tarifa de Angra 3. Este reajuste no valor é fundamental para viabilizar o reinício das obras do empreendimento. Contudo, a EDF acredita que o Brasil precisa dar mais previsibilidade para a indústria sobre as perspectivas de novas unidades para ajudar a mobilizar parceiros internacionais.
Outra companhia estrangeira que demonstrou o interesse pelo setor nuclear brasileiro, particularmente nas obras de Angra 3, foi a Framatome. O diretor da empresa no Brasil e América Latina, André Salgado, disse que a usina “já foi um assunto bem discutido e a Framatome está à disposição da Eletronuclear para oferecer suporte, tecnologia, engenharia e o que for necessário para fazer o projeto dar certo“. O executivo frisou que além dos serviços que a Framatome faz para a usina de Angra 2, a retomada de Angra 3 está no radar de oportunidades, destacando também o esforço da Eletronuclear e da ABDAN para que as obras do empreendimento recomecem. “Todos os que estão analisando o projeto de Angra 3 têm em mente o que será feito depois. As empresas que estão olhando para o mercado nuclear brasileiro estao visando o futuro de longo prazo“, acrescentou.
Além da área de geração, o assunto de combustível nuclear também foi debatido pelas empresas. “Na área de fabricação de combustíveis, estamos em discussões com a INB para aumentar a troca de informações e desenvolvimento de uma parceria ainda mais forte para poder evoluir [neste setor]“, afirmou Salgado. A russa Rosatom, além de atuar no Brasil no fornecimento de radiosótopos, também declarou que quer aumentar as áreas de cooperação com a INB.
Na tarde desta quinta-feira (26), será a vez da Westinghouse apresentar seus planos para o setor nuclear brasileiro. O diretor da companhia na América Latina, Carlos Leipner, revelou recentemente em entrevista ao Petronoticias que a empresa fechou um acordo comercial para fornecimento de componentes para combustível nuclear para Angra 1 e assinou um contrato relacionado ao aumento de vida da usina.
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