INB INAUGURARÁ EQUIPAMENTOS PARA PRODUÇÃO DE COMBUSTÍVEL NUCLEAR EM AGOSTO E QUER REATIVAR MINA DE CAETITÉ NESTE ANO
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
A empresa Indústrias Nucleares do Brasil (INB) se prepara para inaugurar a sétima cascata de ultracentrífugas, usada para enriquecer o urânio utilizado na produção de combustível para a central nuclear de Angra dos Reis (RJ). O lançamento dos equipamentos acontecerá até o final do próximo mês, de acordo com o presidente da companhia, Reinaldo Gonzaga. “No dia 30 de agosto, devemos inaugurar a sétima cascata. Ao final da décima, teremos cerca de 70% da capacidade de Angra 1 enriquecida no Brasil“, disse o executivo. Como se sabe, a INB tem planos de chegar a dez cascatas. Posteriormente, numa segunda fase de expansão de sua capacidade, a companhia quer aumentar esse número em 30 unidades, sendo possível assim atender toda a demanda de Angra 1, Angra 2 e Angra 3, mais o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB).
O presidente da companhia também se mostrou bastante atento à redução de custos de aquisição com urânio. Para isso, a empresa precisa retomar a mineração em sua mina localizada na cidade baiana de Caetité. “Considerando o planejamento estratégico da empresa em ser autossuficiente do governo, queremos baixar os custos de aquisição de urânio. Ou seja, retomar a mineração é fundamental. Temos todo o custo operacional fixo lá [em Caetité], mas estamos precisando comprar urânio. Temos que retirar este encargo da empresa e estamos trabalhando nisso“, afirmou Gonzaga.
De acordo com o executivo, o planejamento é colocar o ativo em operação novamente ainda este ano. “Isso para o programa nuclear brasileiro é um marco. Eu tenho perseguido isso dia após dia. Tenho visitado a mina de Caetitié pelo menos duas vezes por mês para podermos retomar a mineração“, detalhou. “Operacionalmente, posso afirmar para vocês que a mina está pronta, faltando apenas algumas pendências, em parceria com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)“, acrescentou.
Ainda falando de mineração, o presidente da INB destacou também a sua preocupação com outra mina de urânio, na cidade de Santa Quitéria, no Ceará. “É inconcebível estarmos sentados numa reserva de urânio e não tirarmos nada do solo“, criticou. “Estamos concentrando os esforços para conseguir a liberação dessa licença. Tivemos algum avanço, porque o processo ia ser arquivado. É uma mina de fosfato onde tiramos urânio associado. A questão de Santa Quitéria vai em direção na autossuficiência em fosfato. Observem a importância desse projeto”.
O presidente afirmou nesta semana, durante o Seminário Internacional de Energia Nuclear (SIEN 2018), no Rio de Janeiro, que a meta da INB é se tornar independente do Tesouro Nacional até o ano de 2026. Por isso, é importante para o caixa da companhia que as receitas aumentem enquanto que as despesas e custos operacionais de processos internos sejam reduzidos. E o caminho escolhido para isso pode beneficiar a cadeia local de fornecedores, já que a ideia da INB é nacionalizar componentes usados na montagem do elemento combustível para as usinas de Angra.
“Nós temos também em Resende (RJ) a fábrica de montagem de elemento combustível. Hoje, nós ainda compramos alguns desses elementos do exterior. Então, é fundamental que nós avancemos no processo de nacionalização desses componentes“, opinou. Gonzaga disse que a INB atualmente, dentre as 18 estatais dependentes do Tesouro, é a que possui o menor nível de dependência: 34%. Então, fundamentado nisso, a companhia começou a pensar no que deve ser feito para alcançar a independência.
Para aumentar as receitas, a estratégia tem sido olhar também para oportunidades além do mercado brasileiro. “Estamos buscando parcerias internacionais com Westinghouse e Framatome no sentido de nos qualificar para prestar serviços e, no futuro, fornecer componentes de elemento combustível para essas empresas“, concluiu.
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