DIRETORIA TÉCNICA DA ELETRONUCLEAR TRABALHA PARA RETOMAR CONTRATOS RELACIONADOS À ANGRA 3 | Petronotícias




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DIRETORIA TÉCNICA DA ELETRONUCLEAR TRABALHA PARA RETOMAR CONTRATOS RELACIONADOS À ANGRA 3

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) – 

Carlos_Passos_Bezerril_diretor_Tecnico-EletronuclearO futuro é agora”. Assim resume o novo diretor técnico da Eletronuclear, o vice-almirante e engenheiro naval Carlos Passos Bezerril, sobre a visão da companhia a respeito da retomada de Angra 3. Há menos de um mês no posto, ele revela um pouco do que está sendo feito para o reinício das obras da usina, paralisadas desde 2015. “A Diretoria Técnica participa desse esforço realizando as ações necessárias para a manutenção de equipamentos e de construções existentes e, além disso, assessora a Presidência da empresa no tocante a assuntos ligados ao financiamento e ao modelo para retomada das atividades de construção da usina”, contou. Bezerril explica também que o gerenciamento do empreendimento está sob o comando da Diretoria Técnica cuja responsabilidade é retomar os diversos contratos paralisados. “Essa é uma árdua tarefa que já está sendo trabalhada”, revela. O novo diretor também elenca alguma de suas metas, como a renovação da licença de Angra 1 e 2, extensão de vida de Angra 1, a construção da Unidade de Armazenamento Complementar a Seco de Combustível Irradiado (UAS), dentre outras.

Gostaria que o senhor começasse falando de suas principais metas à frente da Diretoria Técnica da Eletronuclear.

A Eletronuclear possui um planejamento, no qual estão elencadas as principais metas da empresa. Essas metas são, portanto, as prioridades da Diretoria Técnica e estão relacionadas a seguir:

– Armazenamento de combustível usado
– Renovação da Licença de Operação de Angra 1 por mais 20 anos
– Preservação e retomada do empreendimento Angra 3
– Melhoria de confiabilidade de equipamentos
– Aumento de potência e dos ciclos operacionais de Angra 1 e Angra 2
– Ações com foco em pessoas e despesas de custeio.

O que será prioridade para o senhor no curto prazo?

A prioridade máxima é manter o excelente nível de operação e segurança de Angra 1 e Angra 2. As principais prioridades de médio e curto prazo são aquelas relacionadas ao projeto e construção da Unidade de Armazenamento Complementar a Seco de Combustível Irradiado (UAS), à extensão de vida de Angra 1 e à retomada do empreendimento de Angra 3. Essas metas são vitais para a gestão da Eletronuclear e demandam grandes esforços, não só da Diretoria Técnica, como também de todos os colaboradores da empresa. É um esforço conjunto de toda a empresa visando perenizar sua atuação no parque nacional de produção de energia.

De que forma a Diretoria Técnica está contribuindo, neste momento, para a retomada das obras de Angra 3?

O empreendimento de Angra 3 está paralisado desde meados de 2015 e gera um custo de manutenção de cerca de R$ 30 milhões anuais. Cerca de 62% do empreendimento já está realizado, o que inclui licenciamento, projeto, suprimentos, construção civil e montagem eletromecânica.

Há um grande esforço da empresa para tornar esse empreendimento viável e isso passa necessariamente pela disponibilização dos financiamentos. A Diretoria Técnica participa desse esforço realizando as ações necessárias para a manutenção de equipamentos e de construções existentes e, além disso, assessora a Presidência da empresa no tocante a assuntos ligados ao financiamento e ao modelo para retomada das atividades de construção da usina.

E quais novas ações a diretoria poderá adotar no futuro no sentido de ajudar na retomada da construção da usina?

Devido à necessidade de amortizações de financiamentos com o BNDES e com a CEF [Caixa Econômica Federal] e ao alto custo de manutenção de estruturas já edificadas e de equipamentos e matérias já adquiridos, não se pode esperar muito. O futuro é agora.
 
As principais ações a empreender neste momento dizem respeito ao equacionamento do financiamento. Existem diversos modelos propostos pelo Grupo de Trabalho recém-criado pelo Conselho Nacional de Política Energética para propor medidas para retomada do empreendimento e todos eles estão em avaliação com a colaboração da Diretoria Técnica. 

O gerenciamento do empreendimento está sob o comando da Diretoria Técnica, que tem como uma das suas responsabilidades retomar os diversos contratos paralisados. Essa é uma árdua tarefa que já está sendo trabalhada.

Poderia nos dizer, em sua opinião, os benefícios para o Brasil a partir do momento em que for decidida a retomada de Angra 3?

angra 3As projeções de consumo de energia elétrica indicam um crescimento contínuo, o que demanda a construção de usinas de geração por todo o Brasil bem como a busca de uma maior descarbonizacão da nossa matriz energética. O uso frequente de térmicas nos indica que a matriz energética brasileira está se tornando uma matriz hidrotérmica. Neste contexto, a energia nuclear tem uma grande vantagem: seja no preço ou na produção de energia limpa. Desse modo, a retomada de Angra 3 proporcionará não apenas maior segurança energética (energia firme) como também possibilitará preços competitivos com outras térmicas.

Uma das atribuições da Diretoria Técnica é coordenar ações de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação. E o senhor trabalhou na diretoria do Centro Tecnológico da Marinha por muitos anos. Essa sua experiência profissional contribuirá de que forma para a Eletronuclear?

Encontrei na Eletronuclear um quadro de funcionários altamente qualificados e com grande dedicação às atividades da empresa. São pessoas com formação acadêmica excepcional, vasta experiência, tanto na área de projeto quanto na de operação, extremamente dedicados às suas funções e, por último, mas não menos importante, que gostam muito do que fazem.

Este ambiente era típico do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP). O quadro de pessoal é muito similar e a diferença reside no fato de que a Eletronuclear tem a possibilidade de fazer parcerias com empresas estrangeiras possuidoras de vasto conhecimento na área de projeto e operação de usinas nucleares, o que é um reforço de grande monta. Esse tipo de parceria era, muitas vezes, impossível no caso do CTMSP. A nossa experiência em lidar com pessoal de tão alto nível tem nos mostrado que a melhor forma de se conseguir bons resultados é com presença e apoio diuturno, e é isso que espero fazer.

Como o senhor enxerga o futuro da energia nuclear do Brasil? O que é preciso para desenvolver mais esse setor?

A energia nuclear é uma das formas de se obter energia elétrica em larga escala que tem a vantagem de não emitir gases do efeito estufa. As projeções do crescimento do consumo de energia elétrica mostram a necessidade de se construir usinas de geração de diversos tipos, devendo todas as fontes de energia serem avaliadas. É possível antever que uma avaliação isenta, por certo, indicará a energia nuclear como uma das fontes de geração.  As principais características que classificam a energia nuclear como uma forte concorrente são:

1- É uma energia firme;
2- Preço da energia compatível com outras térmicas;
3- Não emite gases do efeito estufa;
4- Pode ser implantada mais perto dos centros de consumo;
5- Combustível em abundância pela constatação de que o Brasil possui uma das maiores reservas do mundo;
6- Domínio total do ciclo do combustível

Uma participação da energia nuclear entre 8 e 10% da geração traria um grande impacto positivo na área, desde o ciclo do combustível (mineração, enriquecimento, fabricação do elemento combustível) até a área de geração. Tenho expectativa que esse percentual de geração seja atingido no futuro.

A solução para o desenvolvimento do setor passa necessariamente pela construção de novas usinas, já que o arrasto tecnológico e econômico causado atingiria beneficamente   os integrantes do Programa Nuclear: Eletronuclear, INB, NUCLEP, CTMSP, vários institutos e integrantes não-governamentais.

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