ABB PLANEJA AMPLIAR PRESENÇA NO MERCADO BRASILEIRO COM NOVAS SOLUÇÕES FOCADAS EM ÁGUAS PROFUNDAS
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
A exploração do pré-sal representa um desafio, dadas as condições impostas pela própria natureza. Mas neste cenário, muitas companhias fornecedoras enxergam oportunidades de desenvolver novas tecnologias e conquistar negócios dentro do setor de óleo e gás. O grupo suíço ABB está bem atento às possibilidades de contratos no Brasil e já se movimenta para trazer soluções que vão facilitar e potencializar as atividades das operadoras que atuam no pré-sal. O gerente de Óleo, Gás e Química da empresa no Brasil, Maurício Cunha, detalha o funcionamento de equipamentos que, por exemplo, permitirão explorar poços de petróleo muito mais distantes da plataforma. “Desenvolvemos uma tecnologia que consegue alimentar motores a até 150 km de distância da plataforma”, afirmou. “Os poços de petróleo que hoje são explorados entre 10 km e 20 km de distância”, acrescentou. O executivo ainda revela que o mercado de óleo e gás tem sido destino de uma fatia considerável de investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) por parte da companhia, muito em virtude do Brasil. “A ABB investe anualmente US$ 1,5 bilhão em P&D e grande parte da pesquisa e desenvolvimento destinada ao óleo e gás é motivada pelo Brasil. O pré-sal realmente é um desafio que a ABB olha com bastante atenção”, disse.
Gostaria que o senhor começasse falando um pouco sobre as tecnologias da ABB para extração em águas profundas.
Essa novidade já tem algum tempo. É uma tecnologia que já vínhamos investindo e aplicando há 20 anos. Basicamente, o que desenvolvemos nesse período foi a distribuição de energia subsea, em águas profundas. Desenvolvemos três grandes equipamentos: transformador, todo o painel de distribuição de energia e os variadores de velocidade. Tipicamente, esses equipamento estão instalados no topside da plataforma. Eles alimentam os motores que estão em grandes profundidades, que por sua vez acionam bombas ou compressores.
E o que há de mais recente?
O que a ABB vem desenvolvendo são soluções híbridas, que alimentam os motores a distâncias cada vez maiores. Temos uma solução aplicada em Asgard, na Noruega, que detém um recorde. Conseguimos alimentar um motor que está a 43 km de distância da plataforma, operando a 310 metros de profundidade. Desenvolvemos uma tecnologia que consegue alimentar motores a até 150 km de distância da plataforma. Isso é um desafio porque, todas as vezes que o motor fica mais distante do variador de velocidade, existe uma perda de tensão e de características da operação.
Quais são as implicações do uso desta tecnologia?
Isso significa que você começa a explorar poços de petróleo mais distantes. Os poços de petróleo que hoje são explorados entre 10 km e 20 km de distância. O benefício para operador é que, com a mesma plataforma, ele consegue explorar maior quantidade do reservatório com essa tecnologia, chamada de Step Up Plataform.
Além desta solução, quais outras tecnologias que a ABB vem trabalhando?
Além dessa tecnologia, começamos a desenvolver soluções para ir a distâncias maiores. Estamos conseguindo ir mais longe, mais profundo e em temperaturas mais frias. Isso é música para o mercado brasileiro, onde se explora a profundidades de 3 mil metros. É possível chegar a 400 km de distância da plataforma, mas para isso precisamos mergulhar o variador de velocidade. Os testes desta tecnologia terminaram em novembro do ano passado. Este equipamento já está operativo em águas profundas. Ao colocar o variador de velocidade a 3 mil metros de profundidade, é preciso alimentá-lo. Por isso, desenvolvemos um painel de distribuição de energia e os transformadores também operando nesta profundidade. A grande economia é a quantidade de cabos que são necessários nessa instalação subsea. Levamos apenas um grande cabo, que alimenta o transformador e este faz toda a distribuição de energia.
Existe uma limitação técnica que é justamente na conexão do cabo à plataforma. Esses cabos começam a pesar muito e, por isso, são necessárias soluções intermediárias para levá-los a 3 mil metros de profundidade.
Quais as perspectivas de aplicação destes produtos no Brasil?
O mercado brasileiro começou a olhar com bastante atenção este tipo de tecnologia por conta do pré-sal, onde há uma quantidade muito grande de CO2 e gás. Todo o estudo hoje em torno do pré-sal começa a pensar em economia de espaço em plataformas. Mas se há muito CO2 que precisa ser processado, separado e reinjetado, é usado um espaço importante na plataforma. O pré-sal e o Brasil estão se beneficiando muito deste tipo de tecnologia que faz a separação de CO2 em águas profundas. O que estamos fazendo é levar esse processo do topside para ser executado em águas profundas.
Este processo está sendo evoluído em parceria com a Aker, que faz toda a separação do petróleo, gás e CO2, reinjeta o CO2 no subsolo. A ABB ajuda na alimentação elétrica de todo esse processo. Com isso, o Brasil ganhará espaço nas plataformas. Não existe ainda nada implementado no Brasil, mas tudo está sendo pensado e avaliado com bastante atenção pelo consórcio de Mero, como sendo uma tecnologia que pode viabilizar a exploração mais eficiente do pré-sal.
Então, já existem conversas com potenciais clientes em andamento?
Sim, existem negociações e tratativas técnicas de viabilizar soluções que consigam levar parte do processo que hoje é feito no topside para o fundo do mar.
Qual a visão da ABB em relação ao mercado de óleo e gás do Brasil?
As perspectivas são positivas. Tivemos uma boa mensagem na Rio Oil & Gas. Existe bastante entusiasmo no mercado. Continuamos com nossa estratégia de investimento no Brasil. Inauguramos uma fábrica de painéis de baixa e média tensão, que junto com as demais fábricas, permitem que a empresa atenda esse mercado de uma forma muito mais estruturada.
Outra informação interessante é que a ABB investe anualmente US$ 1,5 bilhão em P&D e grande parte da pesquisa e desenvolvimento destinada ao óleo e gás é motivada pelo Brasil. O pré-sal realmente é um desafio que a ABB olha com bastante atenção. Muitas tecnologias são desenvolvidas para atender essa demanda do mercado nacional. Mas não só o pré-sal. Quando falamos de companhias químicas e petroquímicas, muitas soluções que implementamos nesse mercado saem de um investimento global e de soluções feitas por esse time de P&D.
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