BIOMETANO DA VINHAÇA PODE SUPRIR 16,6% DA DEMANDA POR GÁS NATURAL EM SÃO PAULO
Um estudo publicado pelo Journal of Cleaner Production, pesquisadores do Fapesp Shell Research Centre for Gas Innovation (RCGI), que é um centro de pesquisa financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e pela Shell, revelaram os resultados de uma investigação sobre tecnologias de processos de purificação para remoção de contaminantes do biogás. O RCGI tem cerca de 200 pesquisadores que atuam em 45 projetos de pesquisa. Eles criaram um modelo para avaliar o rendimento do processo de limpeza do gás e estimaram que, após a remoção de contaminantes, poderiam ser produzidos 1,975 bilhões de Nm³/ano de biometano a partir da vinhaça da cana-de-açúcar em São Paulo, suprindo 16,6% do consumo de gás natural de todo o estado. Além disso, a substituição do gás natural e do óleo diesel nas usinas de açúcar e álcool poderia evitar o lançamento de 3,965 milhões de toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera, o que equivale a 5,48% das emissões do estado.
Caio Joppert, o primeiro autor do estudo, diz que “Há um número grande de tecnologias disponíveis para realizar estes processos, o que pode ser uma barreira para desenvolvedores de políticas e planejadores energéticos estimarem rapidamente, com poucas incertezas e precisão satisfatória, potenciais de biometano levando em conta normas e padrões estabelecidos por órgãos reguladores”. Segundo ele, a ideia foi facilitar o trabalho dos tomadores de decisão e planejadores, criando um modelo que conseguisse estimar quanto gás estará disponível para uso depois da limpeza (em termos de volume) e qual é o conteúdo energético (poder calorífico) desse combustível: “Esses parâmetros podem variar consideravelmente de acordo com a tecnologia utilizada, pois cada tecnologia é como se fosse uma caixinha preta, por assim dizer. O que sabemos é que nunca haverá purificação total do metano de outros gases e vapores que compõem o biogás. E é comum que haja uma perda de metano nesses processos de separação.”
Joppert, que é engenheiro químico e cursa o mestrado no Instituto de Energia e Ambiente da USP (IEE/USP), afirma que os parâmetros de perda de metano são muito bem fundamentados na literatura. “Esse parâmetro de perda influencia a quantidade de gás no final do processo de separação, o teor de metano que esse gás terá… E é algo que acaba não sendo levado em conta pelos planejadores energéticos e desenvolvedores de políticas públicas”, alerta.
De acordo com ele, o Brasil está estipulando agora as normas para injeção de biometano na rede. “Seria um momento oportuno para apresentar a metodologia aos tomadores de decisão e planejadores, algo que o grupo pretende fazer.”
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