ROUBOS FREQUENTES DE OLEODUTOS COM RISCOS DE EXPLOSÃO OBRIGAM O BRASIL A REAVALIAR MÉTODOS CONSTRUTIVOS
Parece já ter passado da hora de um debate sério sobre os métodos construtivos de gasodutos e oleodutos no Brasil. Os recentes acidentes na China, no México e no Rio de Janeiro, na semana passada, acenderam uma luz vermelha iluminando essa questão. Em Duque de Caxias, houve um altíssimo risco de explosão com possibilidades de mortes de muitos inocentes durante a tentativa frustrada do roubo em um dos dutos que transportava gasolina. Alguns se feriram com gravidade. E além de tudo a gasolina era pura, sem mistura com o álcool hidratado. Era de alta octanagem. O produto se infiltrou na terra e atingiu o lençol freático, contaminando poços artesanais e até mesmo com a possibilidade de uma poluir a Baía da Guanabara.
Tudo isso leva a um pensamento: os novos gasodutos e oleodutos que serão construídos com a necessidade de escoamento do gás do pré-sal precisam ser enterrados? Por que não mudar o método e construí-los de forma aparente, suspensa? Essa bandeira já foi levantada aqui no Brasil há pelo menos dez anos pelo empresário Paulo Fernandes, que sugeriu essa mudança à ANP aqui na sua sede no Brasil em uma reunião realizada diretamente com a ex-diretora da agência, Magda Chambriard, durante a realização da OTC, em Houston. Fernandes também levou pessoalmente e debateu sua sugestão com o então Secretário de Petróleo e Gás, Marco Antônio Martins Almeida, em uma reunião dentro do Ministério de Minas e Energia, em Brasília.
O argumento de que os dutos enterrados são mais seguros, caiu por terra. Os exemplos recentes, decisivamente, mostram que eles não são. Muito pelo contrário. Segundo os argumentos de Paulo Fernandes, cada vez mais os dutos da Transpetro tem sido roubados clandestinamente. A empresa, é preciso reconhecer, tem feito um esforço frequente para chamar a atenção da população para o problema. Mas ela não tem poder de polícia. Tem investido em controles e na comunicação com algumas comunidades sobre a necessidade de se dar o alerta. O que se compara a se tentar colocar trancas em portas já arrombadas. Além disso, não é difícil se concluir, que é muito mais cara uma obra de construção de dutos enterrados. No caso, os dutos aparentes levam uma grande vantagem. As tecnologias atuais são capazes de torná-los mais seguros, com a sua construção extremamente mais barata do que qualquer outro método construtivo.
Agora, com a possibilidade do mercado de gás se expandir no país, de se acelerar as construções de novas linhas de dutos, esse tema precisa voltar às rodas de discussão. Por que não mudar os métodos construtivos no Brasil e tonar essa construção mais barata? Mais rápida? Com maior alcance ao cliente final? Cobrir o Brasil com uma malha inteligente com muitas manobras, até em anel fechado? A malha dutoviária brasileira é muito pequena em relação ao tamanho do Brasil (com 8,5 milhões de km quadrados) e de seu potencial de produção e distribuição de óleo, gás, álcool, biocombustíveis e minério. A sua rede não chega a 7.200 km de oleodutos e 7.330 km de gasodutos, segundo os dados oficiais da Transpetro. O Qatar (com 11 mil Km quadrados) de território possui 6,4 mil quilômetros de dutos; A Rússia (com 17 milhões de km quadrados), por exemplo, possui 62 mil km de dutos e os Estados Unidos (com 9.8 milhões de km quadrados), 322 mil km de dutos para transporte de derivados de petróleo.
Em recente entrevista ao jornalista George Vidor, Paulo Fernandes, que é o Presidente da Liderroll, empresa de engenharia especializada na construção de dutos, premiada internacionalmente por suas soluções inventivas, falou sobre esse tema e alertou para esse grave problema. Ele também conversou com o Petronotícias:
– O senhor tratou desse assunto com a ANP uma certa época. Como foi a reação?
– Creio que muito bem. A minha proposta de construção de dutos aparentes é a saída mais rápida e mais barata, convergindo com as necessidades financeiras atuais do sistema Petrobrás ou mesmo de empresas privadas que pensam em investir em expandir a nossa malha de dutos. Esta minha posição inclusive foi a base e o tema até mesmo de uma monografia de pós-graduação, aprovada com grau “A”, da primeira turma de especialistas em regulação da defesa da concorrência em petróleo, gás e biocombustível que a ANP contratou junto à UFRJ. Ela continua lá. Basta colocar em prática.
– Os dutos aparentes são realmente seguros?
– Eu não tenho a menor dúvida. Há tecnologias capazes de monitorar uma dutovia permanentemente, online, evitando qualquer tipo de risco. O monitoramento pode ser feito por satélite, por sistemas acústicos de detecção de vazamentos que indicam com precisão de metros qualquer pequeno vazamento ocasional ou intencional, por imagens ao vivo, com drones. Há ainda outras tecnologias sendo testadas. É como acontece nos grandes países produtores, que não podem enterrar seus dutos por problemas climáticos, como o congelamento do solo.
– E quanto a corrosão?
– Os benefícios do controle de corrosão e manutenção das linhas são uma vantagem a mais. Ao contrário do duto enterrado, o duto aparente quase não sofre corrosão, porque não ficam em contato com nada. Ficam isolados eletricamente no seu ponto de apoio, o que elimina a corrosão nos pontos de terra. O duto enterrado fica em constante contato com o substrato dos solos, químicos ou não, e a umidade. Quando estão aparentes eliminam a necessidades de sistemas de proteção e a corrosão por correntes impressas e outras técnicas. Só aí já se auto justificaria.
O uso de suportes por roletes especiais que desenvolvemos, proporcionam um enorme conforto para as linhas, sem risco de deformação da tubulação, eliminam a corrosão pontual porque são isolantes elétricos. Não causam estresse para a linha, sem falar nas vantagens para o meio ambiente, uma vez que qualquer falha de vazamentos, são detectados visualmente de forma rápida. Somando-se a isso a possibilidade e a facilite de uma manutenção muito mais barata, rápida e segura.
– A construção de uma rede de dutos aparentes quebraria um paradigma no Brasil. Isso seria possível? Como o senhor avalia?
– Este é o ponto. Pensar fora da caixa.
Precisamos quebrar paradigmas para avançarmos. A Engenharia não perdoa: “Sempre que continuarmos repetindo os mesmos modelos, as mesmas práticas; não será diferente, chegaremos sempre aos mesmos resultados”. Isso é fato ou é difícil de ver? A nossa sugestão para a ANP e nossas sugestões para o MME é que se faça algo novo, mais barato e de melhor resultado. Imagine triplicar a nossa malha de dutos por um terço do preço e muito mais rápido? Seria ruim? Com os dutos aparentes, as chamadas obras especiais, como os cruzamentos de rios, valas, furos direcionais. Lençóis freáticos e falhas geológicas, seriam eliminadas e trocadas por estruturas aéreas pré-fabricadas leves e baratas.
Imaginem a velocidade de montagem com uma equipe indo na frente do duto só instalando estas estruturas e o duto vindo atrás? Outro ponto de muito atraso e custo, são as desapropriações de novas faixas. Com este novo conceito, podemos aproveitar as faixas congestionadas com a cravação de estacas helicoidais por cima desta faixas e entre os dutos já existentes e colocar os suportes aéreos em cima destes dutos velhos. Mais uma vez, a servidão e faixa já existente e logo teria custo zero. Não acreditem em mim. Escolham um trecho e vamos testar. Está bandeira eu levantei lá trás em 2010. E também já falava da utilização dos drones para supervisão já naquela época. Ou seja há 9 anos, porém até hoje eu estou sozinho e levando pancadas. Às vezes me pego auto-comparando ao saudoso Dr. Eneas.
– Como seria esta construção?
– Como falei. Nós já temos tecnologia para isso. Como exemplo poderíamos fazer uma base toda provisória sobre caminhões operacionais utilizados como estações de solda do tipo a que fizemos na obra do túnel do Gastau, da própria Petrobrás. Ainda podemos atuar em várias frentes simultaneamente. Nosso processo é garantido e bastante seguro. Podemos lançar 10km de dutos para cada lado. Fechar um Tie-In (emenda) e
levantar “acampamento” do caminho e montar a próxima base a 20 km à frente para repetir o processo.
– E quanto aos impactos ambientais?
– Aí mesmo é que este método construtivo é incomparável, imagine você sair do Rio de Janeiro até Macaé. São 182 km. Abrindo uma vala de um metro e meio de profundidade por um metro de largura com máquinas pesadas, passando por cima da vegetação, queimando diesel, caminhões imensos e guindastes fazendo o desfile de tubos, poluindo e degradando o ecossistema? Com o nosso método, não haveria essa movimentação de terras e todas as operações seriam mínimas para instalação de cada suporte. As operações de desfile de tubos não existiriam e toda logística de trabalho e suprimentos só seria necessária a cada 10 km, 20 km e muitas das vezes por faixas já existentes e já desmatadas.
Temos tudo aqui para fazer história frente ao mundo, como nós da liderroll e as minhas consultorias já fizeram para a engenharia nacional e ao próprio Brasil. Na verdade, não entendo por que não partimos para um piloto em escala natural ligando um trecho de uns 30 Km? Lanço esta Ideia. pode ser uma boa proposta. O que não pode são estes furtos e vandalismos continuarem ou até mesmo se avolumarem até a Petrobrás, Transpetro, governo federal, perderem o controle da situação como já está ocorrendo lá no México.
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O problema é a dificuldade de convencer a velha engenharia e a maior compradora de tecnologia (PBR) mas com a abertura para as empresas estrangeiras com certeza sua tecnologia será absorvida e depois os louros irão para a iniciativa privada internacional. Parabéns.