RIO DE JANEIRO ABRIRÁ AS ATIVIDADES DA PRIMEIRA EDIÇÃO BRASILEIRA DA SEMANA DA CIÊNCIA NUCLEAR
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
A mistura entre final de semana e Rio de Janeiro nos remete rapidamente a um dia de sol e praia lotada. Mas no próximo domingo (18), um novo ingrediente vai certamente trazer um tempero a mais para a Avenida Atlântica, no bairro carioca de Copacabana. Lá, será dado o pontapé inicial da Semana da Ciência Nuclear, com uma atividade bem diferente em relação ao que os cariocas estão acostumados a ver no local. Cientistas e pesquisadores irão receber a população para conversar a respeito dos benefícios da tecnologia nuclear para a sociedade. Este será só o início de uma semana de agenda cheia de palestras e outras atividades em diversos pontos do país, conforme conta a engenheira Alice Cunha, uma das organizadoras do evento. “O foco [do evento] é ser diferente dos congressos técnicos, para que a população possa aprender mais sobre o tema e descobrir sobre como essa tecnologia está em nosso dia a dia”, declarou. A programação completa e as instruções para participar da Semana da Ciência Nuclear estão disponíveis neste link.
Quais são os principais objetivos do evento?
A Semana da Ciência Nuclear já acontece em outros países. Nos inspiramos especialmente na versão americana. O foco do evento é ser uma semana de celebração da tecnologia nuclear e de seus benefícios para a sociedade. E uma forma de celebrar é compartilhar esse conhecimento com a sociedade. Então, a Seção Latino Americana da Sociedade Nuclear Americana (LAS-ANS) resolveu trazer essa ideia para o Brasil pela primeira vez. Vamos unir o setor nuclear como um todo para promover atividades e compartilhar as informações sobre esses benefícios com a sociedade.
Como avalia a importância deste evento para o setor nuclear brasileiro?
A nuclear é uma tecnologia estratégica. Por isso, é importante para o público conhecê-la. Quando você investe na geração de energia nuclear, está investindo em uma energia limpa e confiável. Na parte de medicina, quando você investe na produção de radiofármacos, está investindo no tratamento de doenças. A população não tem conhecimento sobre todo esse retorno do investimento nesta tecnologia.
Estamos em um momento onde a nuclear tem sido discutida. O país tem falado sobre terminar Angra 3 e também acerca de projetos como o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). O Brasil tem ainda projetos como o submarino nuclear. Estamos em um momento onde vários projetos estão em andamento. O governo fala em colocar vários reatores nucleares dentro do Plano Nacional de Energia 2050. O Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tem movido e colaborado para o retorno das obras de Angra 3. É importante que a sociedade entenda todos os benefícios que estes projetos vão trazer para as pessoas.
O plano de trazer a Semana da Ciência Nuclear para o Brasil começou há alguns anos. Mas tivemos alguns empecilhos e não foi possível realizá-la antes. Mas, neste ano, as coisas foram acontecendo. O evento tem o suporte de quase todas as associações nucleares do Brasil, institutos de pesquisa, universidades e indústria. É um conjunto do setor se unindo em prol de dialogar sobre os benefícios que a tecnologia nuclear traz para as pessoas.
Então, este será um evento voltado para o público em geral?
Sim, será aberto para quem quiser participar. No site do evento estão as descrições das diversas atividades que acontecerão. Teremos atividades em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Recife e Rio Grande do Sul. Serão palestras e visitas em laboratórios abertas ao público. No site do evento também há informações sobre como participar de cada uma das atividades. O Museu de Ciências Nucleares, em Recife, ficará de portas abertas durante a semana para receber as pessoas.
No primeiro dia da semana, haverá uma atividade chamada Conversa com o Cientista. Alguns pesquisadores estarão na Avenida Atlântica, na cidade do Rio de Janeiro, no domingo. Estaremos ali disponíveis para conversar com as pessoas que estiverem passando por ali.
Será realizada também uma palestra dentro da sede da Amazul para que a empresa fale sobre os projetos, como o RMB e o submarino nuclear. Eles abrirão as portas de sua sede para falar sobre esses projetos que desenvolvem no Brasil. Para quem quiser participar, basta mandar um email para alicecs@poli.ufrj.br, com o assunto: “Palestra Amazul”. Tudo terá entrada franca.
Qual o grande diferencial deste tipo de evento?
Esse é um evento completamente diferente. Primeiro, porque não existe um espaço físico único. Teremos atividades espalhadas pelo país. Segundo, o foco é ser diferente dos congressos técnicos, para que a população possa aprender mais sobre o tema e descobrir sobre como essa tecnologia está no dia a dia. É um diferencial que vimos em eventos fora do Brasil e que enxergamos um potencial muito grande de replicar aqui no país.
Existe muito desconhecimento na população acerca dos benefícios da tecnologia nuclear. Como avalia isso?
É muito comum essa falta de informação. Vivemos em um mundo onde a tecnologia nos permite muitas informações, mas em muitas vezes não sabemos onde buscá-las. E a tecnologia nuclear não é algo que vêm à cabeça das pessoas rotineiramente, quando na verdade está presente na vida de todos.
É com a tecnologia nuclear que esterilizamos materiais médicos. O reator nuclear de Angra foi responsável pelo abastecimento de 40% da energia do Rio de Janeiro em 2018. E as as pessoas não dão conta disso. É isso que esse evento tenta trazer, mostrando que existem inúmeras aplicações para a tecnologia nuclear. As pessoas geralmente pensam na produção de energia. Lembram alguma coisa de medicina nuclear, mas a maioria não sabe muito bem sobre o tema. O objetivo do evento é mostrar que a nuclear está no cotidiano das pessoas e que traz inúmeros benefícios para a sociedade. A ideia é tentar, aos poucos, mudar esse cenário de desinformação e desconhecimento.
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