ESTUDO APONTA A NECESSIDADE DE INVESTIMENTOS DE R$ 88 BILHÕES PARA GARANTIR ABASTECIMENTO DE COMBUSTÍVEIS
O Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) e a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) apresentaram estudos que apontam a necessidade de expansão da malha de dutos para transporte de derivados, biocombustíveis e gás, com potencial para atrair investimentos bilionários. Caso venham a ser realizados, tais investimentos trarão um forte impacto positivo para a economia do país e geração de empregos. Segundo estudo do IBP e da consultoria Leggio, o Brasil precisa investir R$ 88 bilhões até 2030 para assegurar o abastecimento de combustíveis diante especialmente do cenário de aumento da oferta de etanol e maior participação do biodiesel.
Desse total, R$ 12,3 bilhões estão previstos para ampliação da infraestrutura logística sobretudo de dutos, portos e terminais. Outros R$ 37,2 bilhões devem ser investidos em projetos multi-setoriais, principalmente ferrovias. O maior volume de investimentos estimados é na implantação ou ampliação de usinas de etanol e biodiesel – R$ 38,5 bilhões. O montante é necessário para fazer frente às metas do RenovaBio, programa do governo de estímulo à produção de biocombustíveis. Para Alberto Guimarães, secretário-executivo de Downstream do IBP, a expansão da movimentação de combustíveis por dutos, terminais e ferrovias reduz o custo do abastecimento, por serem alternativas mais econômicas do que o transporte rodoviário. “É ainda um estímulo ao investimento privado e à maior competividade no suprimento de combustíveis no país”, disse.
Segundo o executivo, o desafio para o setor é se preparar para as mudanças que os desinvestimentos da Petrobrás em refino e logística (downstream) trarão para o setor, permitindo a entrada de novos atores e maior competitividade ao segmento. “Mas é preciso regras estáveis e segurança para conseguirmos atrair novos investimentos”, disse. De acordo com o estudo, os investimentos prioritários em infraestrutura logística, destinados a evitar gargalos no abastecimento, devem reduzir em R$ 1,6 bilhão ao ano o custo de suprimento de combustíveis no país, a partir de 2030, caso sejam realizados. O trabalho do IBP e da Leggio identificou ainda a atratividade e a viabilidade econômica de novas rotas de dutos para expansão da malha brasileira, passando pelos Estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná. Essas ampliações demandarão, sozinhas, investimentos de R$ 7,7 bilhões.
A Empresa de Planejamento Energético (EPE) apresentou seu plano indicativo para a expansão da malha de gasodutos do país, que prevê investimentos de cerca de R$ 17 bilhões na construção e ampliação de dutos de transporte gás natural. O objetivo principal é interligar os novos polos de oferta de gás – que aumentará nos próximos anos com a produção crescente do pré-sal – à malha de gasodutos já existente e reforçar trechos onde já existe uma demanda potencial mapeada.
A EPE estima a necessidade de construção de 1,7 mil km de novos gasodutos, com expansão de 20% da rede atual. A ampliação da malha contribuirá para o desenvolvimento de indústrias que utilizam o gás natural como insumo (petroquímica, fertilizantes, metanol, cerâmica, vidro e outras), de acordo com José Mauro Coelho (foto à direita), diretor de Estudos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE. O gasoduto previsto que demandará maior investimento é o Brasil Central, que ligará São Carlos (SP) a Brasília, com aporte estimado de R$ 7,1 bilhões. Outros projetos identificados são a implantação do segundo gasoduto Porto Alegre-Uruguaiana e a duplicação do Gasbol, entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
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