FUP PROMETE PARADA DE PRODUÇÃO EM TODAS AS ÁREAS DA PETROBRÁS A PARTIR DE SÁBADO, COM ALTA ADESÃO DOS TRABALHADORES
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
A greve dos petroleiros que está sendo planejada para o próximo sábado (26) terá adesão da maior parte dos trabalhadores e vai afetar todas as áreas da Petrobrás. É o que afirma o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel. Em entrevista ao Petronotícias, ele afirma que o indicativo da greve recebeu a aprovação de cerca de 70% dos empregados durante as assembleias, o que seria um indicador de que o movimento será bem relevante. Os efeitos da paralisação, na visão do líder sindical, vão demorar entre 24 horas e 36 horas até serem sentidos. “Obviamente que, iniciada a greve, os efeitos não serão sentidos da noite para o dia. As refinarias possuem estoque de combustível. No caso das plataformas, até a paralisação dessas unidades ser sentida em terra demora um certo tempo”, projetou.
O que será afetado com a greve programada para o próximo sábado?
O nosso indicativo é de uma greve com parada de produção em todas as áreas da companhia – nas áreas de refino, produção, transporte e termelétrica. Obviamente que, iniciada a greve, os efeitos não serão sentidos da noite para o dia. As refinarias possuem estoque de combustível. No caso das plataformas, até a paralisação dessas unidades ser sentida em terra demora um certo tempo, porque existem o que eles chamam de colchão de amortecimento. Os efeitos podem demorar de 24 horas a 36 horas para serem percebidos.
Como o senhor está percebendo a mobilização e o sentimento dos trabalhadores em relação à greve?
Nós colocamos quatro indicativos em votação nas assembleias. Um deles dizia respeito à greve. Este indicativo, em média, foi aprovado na ordem de 70% em assembleias bastante representativas. A refletir os resultados das assembleias, o que teremos a partir de 0h do dia 26 será um movimento bastante consistente.
Como foi o processo de mediação do Tribunal Superior do Trabalho (TST)?
Nós ingressamos no processo de medição com o TST, que foi provocado pela Petrobrás. Isso quebrou uma tradição de anos, de resolver os nossos conflitos de maneira interna. Mesmo sendo contrários a este processo, participamos da mediação. O rito que o TST implementa nas mediações prevê reuniões unilaterais (com uma das partes) e reuniões bilaterais (com ambas as partes). Essas reuniões bilaterais não aconteceram por conta da Petrobrás, que se recusou a participar desses encontros.
Outro detalhe que deve ser levado em consideração é que essa mediação foi bastante rápida. Tivemos apenas 18 dias de negociação, por conta da intransigência da Petrobrás. Na nossa visão, o extrato dessa mediação fica prejudicado. E não por culpa do TST. Acontece que temos um acordo bastante complexo e que necessitaria de mais tempo para explicarmos as nuances do mesmo. Pelo tempo que foi imposto pela Petrobrás, não conseguimos fazer isso.
Por isso, indicamos a rejeição da proposta do TST, mas apontamos alguns pontos que, na nossa visão, podem melhorar a proposta do tribunal.
Quais são esses pontos?
Os pontos são: a validade do acordo coletivo, o pagamento de hora extra, o custeio do plano de saúde, a retenção das mensalidades sindicais e promoção de faixas salariais. Esses foram os pontos que apontamos para o TST, para que ele nos desse retorno. Até o momento, o tribunal não nos deu esse retorno. Mas também não encerrou a mediação – que é uma prerrogativa do TST.
E quais sinalizações ou medidas os trabalhadores esperam para encerrar o movimento de paralisação que será iniciado no sábado?
Estamos focando todo o nosso processo para a realização da greve a partir de 0h do dia 26. Isso foi aprovado nas assembleias e comunicado à empresa com 72h de antecedência. Provocamos o Ministério Público do Trabalho, no sentido que ele busque regrar a greve. Cumprimos as etapas.
O que pode evitar o conflito [o entrevistado estava se referindo ao movimento de greve] é uma resposta aos pontos que nós apresentamos ao TST. Se assim acontecer, vamos avaliar em assembleia os pontos que forem colocados para definir os próximos passos.
Mas volto a dizer: os trâmites para realizar a greve estão em curso e respeitando a decisão das assembleias.
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