NUCLEP VAI INAUGURAR NA PRÓXIMA SEXTA SUA NOVA LINHA DE PRODUÇÃO DE TORRES DE TRANSMISSÃO COM EVENTO ESPECIAL
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
A semana será especial para a Nuclep. Na próxima sexta-feira (19), a companhia irá realizar um evento para marcar a inauguração de sua linha de produção de torres de transmissão. É o início de uma nova era na história da empresa, que agora caminha de vez rumo à diversificação de negócios. Dada a importância do momento para a estatal, a cerimônia de inauguração deve contar com a presença do presidente da República, Jair Bolsonaro. Diante desses dias de festa e conquistas para a Nuclep, o Petronotícias conversará hoje (16) com o presidente da estatal, o contra-almirante Carlos Henrique Seixas. O entrevistado lembra que a entrada no mercado de torres de transmissão vai garantir uma previsibilidade no faturamento da companhia durante os próximos anos. “A nossa expectativa de faturamento para 2021 é de R$ 140 milhões. Esse valor aumentará para mais de R$ 200 milhões em 2022. Em 2023, chegaremos a cerca de R$ 400 milhões”, projetou. Além de avançar nesse novo mercado, Seixas lembrou ainda de outros importantes projetos que a Nuclep participa nas áreas de defesa e nuclear: “Temos também o bloco 40 do LABGENE, o término dos últimos acumuladores de Angra 3 e o condensador da usina, que deve ficar pronto até o final do ano. E teremos ainda, se Deus quiser, o início da fabricação do nosso submarino nuclear. Deve acontecer ainda em 2021 a assinatura do contrato para começarmos a construção do submarino em 2022”, afirmou.
Como surgiu a ideia de entrar nesse novo nicho de atuação?
Desde que cheguei à presidência da Nuclep, sempre senti falta de um produto que pudéssemos fabricar de forma contínua. Ou seja, que pudesse dar um faturamento rotineiro, trazendo previsibilidade de receitas. Nunca tivemos isso. Desde sua fundação, a Nuclep foi voltada aos segmentos nuclear e de defesa. Esses são dois setores muito importantes para o Brasil, mas que realizam encomendas de forma muito esporádica. Isso deixa um gap de novos projetos.
No início do ano de 2019, o Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, fez uma apresentação e apontou que, até 2027, o Brasil teria necessidade de instalar 55 mil km de linhas de transmissão. Conversei com nosso diretor comercial sobre a possibilidade de fabricarmos essas torres. Foi quando começou a nascer essa ideia. A partir de então, começamos a agir. Fizemos estudos de mercado e nos associamos a uma empresa de São Paulo, chamada Meta, que nos trouxe todo um know how de mercado. No final de 2019, vislumbramos a necessidade de adquirir novas máquinas para aumentar nossa capacidade de produção de torres de transmissão.
O próximo passo então foi a compra dessa novo maquinário?
Compramos cinco novas máquinas na Itália. Mas, em dezembro de 2019, ninguém ainda pensava em pandemia. Com isso, houve um atraso na entrega das máquinas. Elas deveriam chegar em maio de 2020, mas só desembarcaram no Brasil em dezembro. Já construímos duas torres de teste, que foram aprovadas pelo cliente. Agora então, vamos de fato começando a produzir. Na próxima sexta, será então realizada a inauguração da fábrica para iniciarmos a construção das torres para linha de transmissão. Isso vai nos garantir um faturamento mensal, que nos dá a possibilidade de fazer previsões para os anos de 2021, 2022 e 2023.
E quais são essas previsões?
São as melhores possíveis. Temos a expectativa de, a cada ano, aumentar a nossa capacidade. Até porque esse é um mercado que tem demanda reprimida, já que não existem fábricas no Brasil com capacidade para suprir a necessidade do país. A nossa produção chegará até 30 mil toneladas por ano. Não vamos começar a produzir nesse patamar agora. Primeiro, haverá uma curva para acostumarmos com o maquinário. Estamos em uma fase de adaptação da fábrica para otimização da nossa produção.
A nossa expectativa de faturamento para 2021 é de R$ 140 milhões. Esse valor aumentará para mais de R$ 200 milhões em 2022. Em 2023, chegaremos a cerca de R$ 400 milhões de faturamento.
Temos também o bloco 40 do LABGENE, o término dos últimos acumuladores de Angra 3 e o condensador da usina, que deve ficar pronto até o final do ano. E teremos ainda, se Deus quiser, o início da fabricação do nosso submarino nuclear. Deve acontecer ainda em 2021 a assinatura do contrato para começarmos a construção do submarino em 2022.
Como ficará o cronograma de entrega das torres do primeiro contrato da Nuclep em transmissão, assinado com a Neoenergia?
Em função do atraso da entrega das máquinas, da pandemia e da escassez de material no mercado, conseguimos junto com a Neoenergia fazer uma readequação no cronograma. A princípio, deveríamos entregar todo o escopo do contrato até maio deste ano. Conseguimos postergar esse prazo para o início de 2022. Pretendemos até janeiro do próximo ano concluir esse contrato.
Em junho, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) fará um novo leilão de linhas de transmissão. E há ainda a expectativa do país demandar ainda mais novos empreendimentos do tipo ao longo dos anos. Diante disso, as perspectivas para o futuro são positivas?
Fizemos esse primeiro contrato com a Neoenergia. Agora, a Nuclep está aberta ao mercado. Já tivemos demandas de outras companhias. Ainda não fizemos novos contratos porque precisávamos nos sentir mais seguros após a chegada das novas máquinas. Agora que as máquinas chegaram, vamos focar no cumprimento do contrato com a Neoenergia e, ao mesmo tempo, negociar com outras companhias. A demanda é grande e vamos assinar novos contratos. Tenho uma expectativa excelente para os próximos anos. Tenho certeza que o faturamento da Nuclep vai crescer de forma exponencial.
A entrada no mercado de transmissão também ajudará nos planos da Nuclep em reduzir sua dependência do Tesouro Nacional?
O nosso propósito é exatamente esse. Ou seja, reduzir a dependência da empresa em relação ao orçamento da União. É importante a empresa faturar mais. Não tenho dúvida que o mercado no curto e médio prazo será muito bom. Teremos o faturamento das torres, que será algo contínuo. Temos também nos próximos dois ou três anos a instalação dos equipamentos de Angra 3. A Nuclep tem interesse em participar disso. Tenho certeza que poderemos ajudar a Eletronuclear nas instalações do empreendimento. E teremos ainda o início da construção do submarino nuclear para a Marinha. São três grandes obras que iremos participar. Será muito bom para a Nuclep em termos de faturamento.
A Nuclep é uma empresa estratégica de defesa. Foi constituída em Itaguaí, na beira da Rio-Santos, para atender às necessidades de Angra 1, Angra 2 e, futuramente, Angra 3. Já fomos solicitados para fazer reparos em Angra 1. A Nuclep hoje é a única empresa brasileira qualificada para trabalhar no sistema primário das nossas usinas nucleares. Essa é uma posição estratégica da empresa.
Além disso, a Nuclep é muito importante no segmento de defesa. A tecnologia para construção de cascos dos submarinos é da Marinha e não pode ser entregue para qualquer um. Então, há todo um termo de confidencialidade para que a Nuclep possa construir esses cascos. O vaso do reator do submarino de propulsão nuclear também está sendo construído na Nuclep. Então, toda a parte nuclear que envolve o submarino nuclear está sendo desenvolvido pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo e será construída na Nuclep.
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