BRASIL TERÁ MOBILIZAÇÃO VOLTADA AOS JOVENS PARA MOSTRAR OS BENEFÍCIOS DA TECNOLOGIA NUCLEAR
Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –
Qualquer pessoa que goste de acompanhar o universo dos seriados já assistiu um pouco de obras como Dark e Os Simpsons. O que essas produções têm em comum é que ambas apresentam a tecnologia nuclear sempre associada a algo perigoso e catastrófico. O leitor do Petronotícias, por exemplo, sabe que a fonte é segura e traz inúmeros benefícios para a sociedade. Mas o público geral, em sua maioria, ainda vê o tema nuclear com muitas reticências – seja por falta de conhecimento ou pelo o que vê retratado no cinema ou na TV. Essa questão da comunicação do mercado nuclear é um problema reconhecido pela indústria, que agora age para tentar reverter esse quadro. Um passo nessa direção será dado no dia 26 de setembro aqui no Brasil, quando o país receberá pela primeira vez uma mobilização para desmistificar o tema: o Stand Up For Nuclear.
A iniciativa já conta com o apoio de mais de vinte instituições ligadas ao segmento, como a Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan): “Temos feito um esforço muito grande para apoiar essa iniciativa. Achamos que o projeto é muito importante, pois desmistificará o assunto para os leigos. A Abdan entrou de cabeça nesse movimento e está convidando as empresas e instituições para participar também”, afirmou o presidente da associação, Celso Cunha.
Para conhecer mais sobre o Stand Up For Nuclear, convidamos a coordenadora do evento, Danila Dias (foto), para falar um pouco sobre a mobilização, que terá um foco especial nos mais jovens. “Esperamos que por meio dessa abordagem um pouco mais divertida e mais leve, o jovem se interesse pelas ciências nucleares e suas variações”, declarou. Danila, que também é vice-presidente da Women In Nuclear Brasil, conta também que a ideia é chamar a atenção do público feminino: “A mulher tem o direito e o papel de fazer parte plenamente desse setor e das ciências, em geral. É um assunto que não podemos mais ignorar. Queremos contribuir bastante neste aspecto de igualdade”, disse.
Como surgiu a ideia de trazer o movimento Stand Up for Nuclear ao Brasil pela primeira vez?
O Stand Up for Nuclear é uma iniciativa anual, empreendida por um grupo chamado Nuclear Pride Coalition. É um conjunto de organizações ambientalistas que promovem o uso da energia nuclear ao redor mundo como resposta às mudanças climáticas e como parte essencial do desenvolvimento sustentável. É um grupo muito jovem. Existe um esforço recente da parte desse grupo em envolver lideranças femininas nessa iniciativa. Em paralelo a isso, está acontecendo um movimento de fortalecimento das mulheres no setor nuclear na América Latina.
Nesse contexto, eu fui convidada para liderar o Stand Up for Nuclear no Brasil pela primeira vez. Isso é muito legal, porque a iniciativa está acontecendo no México pela primeira vez e na Argentina pela segunda vez. Serão vários países da América Latina participando desse evento, que já acontece em peso na Europa, na Ásia e na América do Norte.
As coordenadoras do evento aqui na região são todas mulheres. Aqui no Brasil, eu fiz questão de envolver uma equipe 100% feminina. É um esforço direcionado de liderança feminina e de grande relevância neste momento.
E como será realizada a iniciativa aqui no nosso país?
O Stand Up é basicamente uma campanha de engajamento com o público. O objetivo é desmistificar as ciências e tecnologias nucleares e trabalhar para estabelecer uma comunicação positiva com a sociedade. Em uma data coordenada anualmente, esse grupo se reúne em espaços públicos, em diferentes cidades, para conversar com o público geral. A ideia é que isso sempre aconteça de uma forma interativa, criativa e educativa.
Mas, esse ano, devido à pandemia, o Stand Up será totalmente virtual e acontecerá nas redes. É uma novidade para o evento em si, que sempre reuniu as pessoas em espaços físicos. E não acontecerá somente em um dia, mas sim ao longo de todo o mês de setembro. Neste ano, teremos quase 30 cidades em quase 20 países, espalhados pelos cinco continentes. A data da mobilização no Brasil será no dia 26 de setembro.
O que vamos fazer aqui, nacionalmente, é convidar um enorme número de organizações e figuras do setor nuclear, além de setores científicos mais abrangentes. Essa iniciativa tem que ser uma celebração pela ciência. Estamos muito entusiasmados porque temos muitas instituições embarcando conosco. Tem sido uma surpresa positiva, já que este é o primeiro ano do evento no Brasil. Estamos com uma adesão muito grande. Não queremos agregar apenas o pessoal apenas do setor nuclear, mas também espalhar um pouco mais essa colaboração. Queremos causar uma grande reverberação positiva nas redes sociais e realmente chamar atenção do público, em especial o público jovem – que é nosso foco.
Poderia falar um pouco mais da importância do apoio das instituições do setor nuclear à iniciativa?
Está muito claro que todos nós temos um objetivo em comum. O setor todo tem essa dificuldade de comunicar o tema. Isso é um problema histórico, que acontece não só no Brasil, mas em todo o mundo. As pessoas do setor gostaram dessa iniciativa por causa de sua abordagem jovem e simples. Essa é a maneira de se chegar ao público. O nosso movimento é virtual, onde todos podem ser reunir facilmente. Então, estão todos abraçando o projeto. Temos mais de 20 instituições que toparam apoiar. O apoio está maior do que eu esperava. Estamos com a expectativa de que o movimento seja muito bonito. Queremos sair da nossa bolha e atingir o público geral e as pessoas que nunca ouviram falar do tema.
Como será a abordagem do movimento em relação ao público jovem?
Este é um grande desafio. Justamente pela necessidade de atrair a atenção do jovem, a nossa comunicação será mais divertida. Queremos tirar a dificuldade do tema. Os jovens serão, no futuro, os tomadores de decisão e os futuros profissionais da área. Então, esperamos que por meio dessa abordagem um pouco mais divertida e mais leve, que o jovem se interesse pelas ciências nucleares e suas variações. Queremos mostrar que estas são áreas do conhecimento que, de fato, são fascinantes. E que eles possam vê-las como opção de carreira.
Estamos planejando envolvimento com escolas, com alunos do Ensino Médio. E teremos também envolvimento com universidades, com jovens que tenham interesse em se envolver em uma pós-graduação e seguir a carreira. Queremos ainda fazer um esforço para envolver as mulheres também. Temos muitas mulheres estudando nessa área, mas ainda não o suficiente. Temos essa preocupação de trazê-las mais para essa área, em especial nas posições de liderança e tomada de decisões.
O tema da igualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho está em alta nos dias atuais. Poderia falar um pouco dessa questão dentro do mercado nuclear? Qual a importância da maior participação feminina no setor?
As mulheres correspondem a mais da metade da população. Eu acho que existe uma questão de representatividade. A mulher precisa participar da sociedade de uma maneira mais ativa e plena. Por exemplo: uma empresa com 50% de mulheres e 50% homens está em uma situação de igualdade? Depende. As mulheres estão em posição de liderança e de tomada de decisão? Esse é o grande ponto. Apesar de conseguir uma participação igual na participação das empresas, existem menos mulheres nas posições de tomada de decisão. É importante mudar isso porque é preciso agregar os talentos e capacidades de todos. A mulher tem o direito e o papel de fazer parte plenamente desse setor e das ciências, em geral. É um assunto que não podemos mais ignorar. Queremos contribuir bastante neste aspecto de igualdade.
Outra questão importante do setor é melhorar a sua imagem, de modo geral, diante da sociedade. Muitas pessoas ainda são céticas sobre a tecnologia, sem ao menos conhecê-la um pouco. Como o Stand Up For Nuclear pode ajudar a melhorar esse cenário?
Queremos desfazer essa percepção negativa que vem persistindo há décadas. Entendemos que a falta de conhecimento gera muito medo. E a indústria do entretenimento fortalece demais esse mito e dissemina essa imagem apocalíptica. Temos visto muitos seriados, como Os Simpsons, que tem um monte de conceitos problemáticos. Mais recentemente, tivemos a série Dark, que é uma série muito boa, mas que tem uma pegada super negativa sobre a energia nuclear.
Então, a mídia tem contribuído muito para essa imagem negativa da tecnologia. Além disso, estamos vivendo uma grande onda de negacionismo científico. Então, eu creio que o Stand Up for Nuclear é um elemento importantíssimo nesse momento. Precisamos mostrar que a Ciência e as ciências nucleares, especificamente, são fascinantes e benéficas. O setor nuclear faz parte desse universo científico e também é imprescindível na luta contra os desafios modernos. Queremos trazer essa conversa para os jovens, porque essa nova geração está com a cabeça mais aberta e estão mais preocupados com a mudança climática.
Queremos fazer o movimento de uma maneira muito simples e atrativa. Queremos envolver pessoas jovens, mulheres… toda essa abordagem conjunta vai ajudar a desmistificar a imagem apocalíptica do setor. Sabemos que isso é um processo contínuo. Não será do dia para a noite. Mas estamos aqui com a proposta de começar com essa mudança.
Quais serão os principais objetivos que vocês querem alcançar com o movimento?
O principal objetivo é começar a esclarecer conceitos básicos da ciência e da tecnologia nuclear e suas inúmeras aplicações benéficas. Queremos contribuir na construção de uma sociedade um pouco mais consciente e mais interessada no tema nuclear. Queremos mostrar que as tecnologias nucleares são, de fato, parte da nossa vida. A meta é que as pessoas passem a se identificar com esses conceitos. Não é à toa que o slogan do Brasil no movimento é “Nuclear é Pop”.
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kkkkkkkkkkkkk…. fukushima é mito agora? as mulheres já foram mais espertas. energias renováveis não salvarão o mundo, mas a nuclear tem seus perigos. para quem acha que as usinas dos anos 70 (Springfield Nuclear Power Plant) não existem mais, com seus conceitos ultrapassados, está mal informado. Estas usinas estão passando por estensão de vida há décadas, sem que NADA possa ser feito para reduzir seus riscos a padrões melhores.
Seu ser ignorante, vai assistir simpsons, vai
Vou assistir Alemanha com Hidrogênio e Renováveis em larguíssima escala.
Deixa eu te dizer aqui pra ver se deixa de ser ignorante: da onde vêm hidrogênio? Vai pesquisar, muleque.
Vem do, do, do, gás natural? biofuels? da água? …ah já sei, hidrogênio vem de um urânio que só vc produz.
Oi João, tudo bem? Eu discordo de você em todos os pontos. As mulheres estão cada vez MAIS espertas e ocupando os espaços que lhes são de direito também – como o setor nuclear e as outras ciências. A indústria do entretenimento colabora sim para uma percepção muito negativa e mítica. Vemos há anos a abertura dos Simpsons em que Homer brinca com uma fonte radioativa como se fosse a coisa mais trivial do mundo em sua usina onde não acontecem acidentes há apenas 3 dias (causando a impressão de que acontecem rotineiramente – o que está totalmente fora da… Read more »
Ótima contribuição, Danila!
A respeito de educar sobre o assunto, concordo sim: e isso passa por entender q Simpsons é apenas um desenho animado, para pessoas comuns. Ficção. Enquanto isso, na vida real, houve perda do ECCS do núcleo em Fukushima, e eu daria risada se fosse em um dos episódios do desenho…pq eu acharia impossível.
Lisa é muito mais esperta do que o Bart, por exemplo. Concordo que é uma percepção negativa e mítica dos homens.