ABERTURA DE EVENTO SOBRE O SETOR DE ENERGIA DISCUTIU O FUTURO DE NUCLEAR, BIOGÁS E RENOVÁVEIS
O futuro da matriz energética em debate. Na manhã desta terça-feira (16), aconteceu a abertura do evento Welcome Energia 2021, reunindo lideranças de toda a indústria energética do país. Na mesa de abertura do encontro, os palestrantes destacaram a pluralidade de opções de fontes disponíveis no país, com destaque para as renováveis, biogás e nuclear. O Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque (foto), abriu o evento reforçando os movimentos da pasta para estimular a inovação no setor e a ampliação da geração limpa no país.
“Estamos realizando uma reflexão estrutural da priorização dos investimentos em inovação no segmento, além de de verificar a melhor forma de valorar os benefícios ambientais das fontes limpas. Esse movimento foi acelerado pela Medida Provisória 998, aprovada pelo Congresso Nacional e convertida em lei, que também reforça o papel da fonte nuclear para o país – energia limpa atuando na base do sistema”, declarou Albuquerque.
O segmento de energia nuclear foi representado no encontro pelo presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (Abdan), Celso Cunha. Além de destacar a importância da fonte para a geração de energia firme no país, o executivo também voltou a reforçar a necessidade do Brasil começar a mapear os novos sítios para as próximas centrais nucleares brasileiras.
“A partir do momento que se toma a decisão de construção de uma usina nuclear, até essa unidade entrar em operação leva cerca de dez anos. Significa que, de imediato, temos que iniciar as escolhas dos sítios para esses 8 GW ou 10 GW. Esse é o passo fundamental”, analisou Cunha. Para lembrar, o Plano Nacional de Energia (PNE) 2050, apresentado pelo governo no ano passado, avalia que o Brasil poderá construir até 10 GW de novas centrais nucleares no horizonte até 2050.
O presidente da Abdan também mencionou que existe uma complementariedade entre as fontes renováveis – solar e eólica – e a geração nuclear. Nesse contexto, os chamados pequenos reatores modulares (SMR, na sigla em inglês) também poderão empregados no país em combinação com outras fontes. “A energia nuclear faz um papel importante com as renováveis, gerando energia de base. Há uma conjunção muito importante aí. Se olharmos para frente com os SRMs, que permitem modulação de carga, isso vai ser muito mais forte ainda. Realmente vivemos um momento de ascensão do setor nuclear brasileiro”, completou.
O presidente da Datagro, Plinio Nastari, especializado em agronegócio, esteve na mesa de abertura e trouxe previsões otimistas relacionadas ao biogás brasileiro. Segundo ele, o potencial deste combustível no país é estimado em 102 milhões de m³ por dia, o que representa mais de três vezes a capacidade de transporte de gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol).
“O biogás não purificado pode ser usado para geração elétrica, enquanto que o biogás purificado (biometano) pode ser injetado na rede gasoduto e é fundível com gás natural fóssil, o que representa uma oportunidade muito grande fazer geração distribuída de gás em todo o pais. O Brasil tem esse potencial enorme de aproveitamento de resíduos orgânicos disseminado por todo o país, por conta das atividades agrícolas e industriais”, avaliou Nastari.
Outra fronteira muito interessante no setor energético brasileiro é a geração eólica solar. O diretor técnico da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Sandro Yamamoto, ressaltou que a fonte poderá ser uma possível janela de oportunidade para o país nos próximos anos. “A energia eólica offshore tem seus atributos e seu grande fator de capacidade. O desafio dessa fonte é ter competitividade e o sistema de transmissão. Mas ao longo do tempo, assim como outras fontes foram ganhando [competitividade], nós acreditamos que offshore também ganhará”, concluiu.
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