REACENDE O DEBATE SOBRE MISTURA DO BIODIESEL ENTRE AS ENTIDADES DE DIFERENTES CAMADAS DA ECONOMIA
A decisão do governo federal, que manteve o percentual reduzido de biodiesel em 10% para o próximo leilão de comercialização do combustível para o período entre julho e agosto, despertou reações no mercado. A Associação dos Produtores de Biocombustível do Brasil (AproBio) vê que a medida irá penalizar apenas a cadeia de produção do biodiesel. A entidade também diz que a redução da mistura pode prejudicar mais de 1,5 milhão de trabalhadores e coloca em xeque a continuidade dos investimentos do segmento na economia do país.
“A sensação do setor é que ele está sendo preterido em favor de outros agentes da economia e que o governo verá os danos que serão consumados na segurança jurídica e nos avanços dos biocombustíveis, que são tão importantes para o futuro do Brasil”, disse a associação, em nota. “Apesar do programa de biodiesel ser apresentado como um compromisso de Estado, o governo não se sensibilizou por nenhum dos argumentos apresentados pelas associações que indicam os impactos dessa decisão para a saúde, meio ambiente, inflação de alimentos e redução de empregos”, completou.
No outro lado da discussão, o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), a Confederação Nacional do Transporte (CNT) e outras entidades fizeram uma nota conjunta para criticar a adição de teor de biodiesel na mistura óleo diesel. Como se sabe, apesar da redução recente para 10%, o governo federal vinha nos últimos anos ampliando a mistura. A meta inicial era elevar esse percentual para 15% até 2023.
“A evolução do percentual de mistura implicará em maiores custos para o transporte de cargas e de passageiros e consequente aumento de preços de produtos para toda a sociedade. Também lançará o país em um cenário de estagnação tecnológica, impactará no desenvolvimento da indústria automotiva e de equipamentos e comprometerá a prestação de serviços”, afirmaram as entidades.
O texto aponta ainda para problemas de cristalização, higroscopia, baixa filtrabilidade e formação de borras do biodiesel decorrentes da mistura atual. A nota diz que esses casos “têm provocado danos a máquinas e motores; diminuição da vida útil; e baixa performance de equipamentos, além de aumento dos custos de manutenção e prejuízos aos mais diversos setores da economia e seus consumidores”.
Além de IBP e CNT, assinaram os textos as seguintes entidades: Federação BrasilCom, Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), SindTRR, Anfavea, Fenabrave e Sindipeças.
Deixe seu comentário