DEPOIS DOS REPLICANTES, DORIS QUER FAZER DETALHAMENTO E GERENCIAMENTO DE PROJETOS OFFSHORE
Quando a Doris Engenharia foi contratada pela Petrobrás para fazer o projeto básico dos oito FPSOs replicantes do pré-sal, em 2011, o volume de negócios da empresa no Brasil deu um salto de 500%. A subsidiária da companhia francesa estava no país há pouco tempo, desde 2006, mas foi o suficiente para perceber o potencial de expansão por aqui. Dos mil funcionários que o grupo possui em suas oito subsidiárias ao redor do planeta, 150 estão atuando no Brasil, e a previsão é dobrar esse quadro, além de começarem a fazer o detalhamento e o gerenciamento de projetos offshore. O Diretor Técnico, Pierrick Sauvage (à esquerda da foto), o Presidente, Nelson Romano (no centro), e o Diretor de Operações, Gregoire Lavignolle (à direita), conversaram com o repórter Daniel Fraiha e contaram um pouco da história e dos planos da Doris no Brasil.
Como foi a vinda da empresa para o Brasil em 2006?
Pierrick Sauvage: Já víamos no Brasil, e especialmente no Rio, um crescimento no setor de óleo e gás, um mercado que estava em plena expansão. A oportunidade veio em 2006, quando a Petrobrás nos estimulou para abrir uma filial no Brasil, ainda antes de ter conhecimento de todo o potencial do Pré-Sal.
De lá para cá, qual foi o crescimento da empresa no país e no mundo?
Pierrick Sauvage: A Doris Engineering está no mercado desde 1965 e de lá para cá a empresa cresceu bastante, tendo hoje mais de 1.000 colaboradores trabalhando nas subsidiárias do Canadá, Brasil, África, Estados Unidos, Sul da Ásia, Rússia, Reino Unido e Austrália, além da sede, na França. No Brasil, esse crescimento se deu em 2011, após a assinatura do contrato dos Replicantes com a Petrobrás, e hoje temos cerca de 150 colaboradores.
Quais os principais projetos realizados no Brasil?
Gregoire Lavignolle: No Brasil, a Doris faz projetos nas áreas de desenvolvimento de campo/garantia de escoamento, engenharia de plataformas e engenharia submarina. Para os projetos de desenvolvimento de campo, podemos citar os estudos comparativos, conceituais e de garantia de escoamento para o Campo Carioca.
E sobre engenharia de plataformas?
Gregoire Lavignolle: Temos uma equipe trabalhando no projeto dos replicantes da Petrobrás, um dos principais projetos que estamos realizando no Brasil. Além de nos contratar para fazer o FEED, a Petrobrás também nos solicitou a parte de assistência técnica. Para essa fase, estamos montando as equipes que vão acompanhar as obras de construção e integração dos 8 FPSOs em vários canteiros no Brasil. Também participamos de várias licitações para afretamento de FPSO e estamos focando fortemente em parcerias para os projetos de engenharia para detalhamentos de módulos e integração destes novos FPSOs.
E em relação a subsea?
Pierrick Sauvage: Na parte de engenharia submarina, a Doris já realizou no Brasil vários estudos de oleodutos e risers utilizados para produção ou exportação do óleo e do gás. São estudos conceituais e básicos que tem como objetivo determinar a viabilidade técnica e econômica de novos sistemas. Desde 2010, a Doris participou com a Acergy, e depois com a Odebrecht Óleo e Gás (OOG), da Design Competitions para os campos de Lula e Sapinhoá com conceitos de Torres de Risers, um desenho muito usado no oeste da África. Adaptamos o conceito para que estivesse adequado às condições de lâmina d’agua da Bacia de Santos. Sabemos que este conceito responde perfeitamente às necessidades do Pré-Sal. A própria Petrobrás utiliza um conceito similar em Cascade-Chinook, no golfo do México, que tem 2.800m de lâmina d’agua. Sobre a parte de sistema de produção submarina (manifolds, conexões submarinas, Plems, etc.), nós pudemos nos beneficiar da experiência da Matriz na França e estamos nos preparando para desenvolver esta área aqui no Brasil também.
Qual a estrutura da empresa no Brasil? Quanto o país representa no faturamento global da Doris e quais as expectativas em relação a isso?
Nelson Romano: Com o crescimento da companhia, tivemos que mudar de escritório e em 2011 fomos para a Av. Almirante Barroso, no Centro do Rio. A estrutura do novo espaço permitiu à empresa comportar bem todos os colaboradores e nossos clientes. Com isso, pudemos desenvolver nosso programa de apoio a estudantes, treinamentos, além de estimular o intercâmbio entre os colaboradores do Brasil e da França, com a finalidade de trocar experiências e estimular o conhecimento e vivência em outro país. Em relação ao faturamento, o Brasil representa um vetor significativo de crescimento para a Doris. Nosso faturamento aumentou mais de 500% em 2011 e nossa expectativa é dobrar esse patamar nos próximos anos.
Como foi a negociação para o projeto dos replicantes? O que representa para a empresa?
Gregoire Lavignolle: Nós vencemos o processo de licitação em 2010 e assinamos o contrato com a Petrobrás no final do mesmo ano para o projeto de FEED de oito FPSOs e a assistência técnica para construção e integração. Esse projeto marcou um ponto decisivo no desenvolvimento da Doris Engenharia, com um aumento de cinco vezes do volume de negócios para o ano de 2011, se compararmos com 2010. Ainda assim, a empresa continua em fase de desenvolvimento e de investimento, mas com certeza o projeto dos replicantes representa um momento inédito para nós. Com este projeto na mão, podemos construir uma base sólida e participar de novos projetos de porte maior.
Como a empresa vê o mercado brasileiro de engenharia e projetos? Quais são os maiores desafios para o setor pensando na área de óleo e gás?
Nelson Romano: A Doris vê o mercado brasileiro de engenharia como um mercado muito promissor, tendo em vista os investimentos que estão sendo projetados para os próximos 10, 20 anos. Temos muitos desafios no setor, como, por exemplo, a descoberta de novas tecnologias e alternativas para o aumento da segurança, soluções para irmos cada vez mais fundo, para nos afastarmos cada vez mais da costa, etc. Além disso, podemos citar também a preocupação com a sustentabilidade como um grande desafio, pois é uma questão de interesse global e que afeta o mundo inteiro. O setor de óleo e gás é um campo que demanda muito cuidado em relação ao meio ambiente e os operadores estão preocupados com isto. Recentemente fomos contratados para realizar um estudo comparativo de tecnologias visando a redução das emissões de gás de efeito estufa. Hoje, a importância de pensar nossos projetos com responsabilidade frente à sociedade e ao meio ambiente é uma realidade.
Quais são os principais clientes da empresa no Brasil (além da Petrobrás)?
Gregoire Lavignolle: O projeto dos Replicantes para a Petrobrás representou um aumento significativo no número de clientes procurando nossos serviços. Além disso, nossa expertise também tem sido um fator importante para esse crescimento. Entre as operadoras, além da Petrobrás, podemos citar Repsol, BG e Statoil. Entre as epecistas estão UTC, Odebrecht, OAS, Construcap, Jurong e OSX, entre outros.
Quais tipos de projetos são mais requisitados no Brasil?
Pierrick Sauvage: Aqui, no setor de óleo e gás, os mais requisitados são os projetos de detalhamento. Estudos conceituais e básicos são tradicionalmente realizados pelo Cenpes ou até fora do Brasil quando a operadora não é Brasileira. A Doris é uma empresa que foca em engenharia conceitual e básica, antes de fazer detalhamento, e no mercado atual a demanda por este tipo de engenharia deve crescer.
Há alguma diferença de conceito nos projetos voltados para o pré-sal?
Gregoire Lavignolle: Sim, existe diferença. As plataformas Replicantes do Pré-Sal são projetadas a partir do conceito de engenharia que privilegia a simplificação de projetos e principalmente a padronização dos equipamentos, daí o conceito das replicantes, onde são projetados FPSO padronizados, capazes de atender qualquer campo, ganhando, deste modo, em escala de produção.
Quais são os planos da Doris no Brasil para os próximos anos? E quais as expectativas de expansão?
Nelson Romano: Queremos nos solidificar no mercado brasileiro, um mercado muito competitivo. Estamos nos preparando para entrar em projetos de engenharia de detalhamento junto com parceiros brasileiros e em gerenciamento de projetos de offshore, pois já temos experiências muito bem sucedidas lá fora. Nossa expectativa para o futuro é duplicar o quadro de colaboradores para alcançar o tamanho que a empresa considera ideal e, assim, administrar mais projetos, tanto de pequeno, quanto médio e grande porte.
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