SETOR DE BIOCOMBUSTÍVEIS DISCORDA DE CÁLCULO DO GOVERNO SOBRE ECONOMIA COM MISTURA DE BIODIESEL A 10%
Em um novo capítulo do embate entre o governo federal e o setor de biocombustíveis, associações do segmento de biodiesel reafirmaram que a manutenção da mistura de biodiesel em 10% durante 2022 é um equívoco. Em uma nota conjunta, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio) e a União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) contestaram os argumentos usados pelo Ministério de Minas e Energia para defender a redução da mistura.
Em um comunicado lançado nessa semana, a pasta afirmou que foi um acerto manter o teor de biodiesel no diesel em 10% ao longo de 2022. “A conjuntura internacional, que provocou o aumento significativo do preço do óleo de soja, aliado à desvalorização cambial, gerou o aumento do preço do biodiesel a patamar muito superior ao preço do diesel”, disse o ministério. “Considerando as informações atuais, o aumento do teor do biodiesel no diesel A, de 10% para 13% até fevereiro e 14% entre março e dezembro, significaria um gasto adicional para a população brasileira de R$ 9,15 bilhões ao longo do ano, considerando o volume projetado de 61 bilhões de litros de diesel B para 2022”, acrescentou. A íntegra do texto do ministério, divulgado na segunda-feira, pode ser lido neste link.
Já as associações do setor discordam dos dados apresentados pela pasta. Abiove, Aprobio e Ubrabio disseram que não parece certa a suposição de que o país possa economizar R$ 9,15 bilhões ao longo de 2021. “A afirmação de que o consumidor brasileiro economizará R$ 9,15 bi ao longo do ano com esta decisão não nos parece correta, e o cálculo citado pelo MME não explicou o que levou em consideração”, contestaram. “O aumento estimado no custo do diesel B (diesel fóssil com adição de biodiesel) em cerca de 25% está superestimado. Deve-se usar como referência o custo do diesel A importado e não o diesel das refinarias nacionais, que hoje está abaixo da paridade de importação”, adicionaram as associações.
As entidades alertaram ainda que o biodiesel não utilizado na mistura terá de ser substituído por diesel importado, cujo preço internacional entre dezembro de 2020 e dezembro de 2021 aumentou 77,4% em dólar, pois as refinarias brasileiras não têm capacidade de atender à demanda. O comunicado conjunto na íntegra está disponível neste arquivo pdf.
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