PRESIDENTE DA LIDERROLL FARÁ ABERTURA DE EVENTO DO BANCO ITAÚ SOBRE INOVAÇÃO
Por Daniel Fraiha / Petronotícias –
Quando deixou a Petrobrás, em janeiro de 2002, Paulo Fernandes passou por dois anos difíceis, buscando uma nova forma de trabalhar fora da grande empresa em que estivera por 19 anos, sem saber se tomara a decisão certa ou se dera um passo em falso. As tentativas não paravam, mas nem sempre o espaço esperado era encontrado no mercado. Pouco mais de 10 anos depois, cinco à frente da Liderroll, que cresceu sem parar desde a criação em 2007, Fernandes se diz muito feliz com as coisas que conquistou, e agora vai compartilhar essa história com mais de 600 pessoas em evento fechado do banco Itaú.
Ele foi o único empresário do setor de óleo e gás convidado e fará a palestra de abertura do projeto “Insights”, criado pelo Itaú para estimular seus 500 principais executivos e mais 100 convidados do banco. O evento começa às 14h desta quinta-feira (22), no Teatro Geo, em São Paulo.
“Vou dividir a palestra em duas partes. Primeiro vou falar do sucesso da Liderroll com as patentes e depois contar um pouco das minhas origens”, explica Paulo Fernandes.
O executivo conta que estudou durante a infância no Sesi, seguindo para a escola técnica do Cefet, onde adquiriu a base dos conhecimentos que o levaram para a Petrobrás. Aos 20 anos, fez concurso para a estatal e passou para uma vaga de técnico. Já lá dentro, se formou em engenharia, mas continuou até os 39 anos como técnico na empresa.
“Via situações em que poderia responder como engenheiro, mas o meu cargo não me permitia, então comecei a amadurecer a ideia de abrir minha própria empresa. Saí com a cara e a coragem, comecei a tentar trabalhar fora, mas não achava espaço”, conta.
Apesar do longo tempo de carreira no segmento de óleo e gás, Fernandes levou dois anos batalhando para encontrar uma nova maneira de se firmar no setor. Chegou a trabalhar com reformas residenciais, mas em 2004 passou a representar empresas estrangeiras no Brasil. Vendia conexões, flanges e filtros de óleo, entre outras coisas, até que conheceu uma empresa alemã especializada em polímeros de alta performance, para quem também passou a trabalhar como representante.
“Quando aprendi melhor o que era o material e percebi seu potencial, vi que teria aplicação em vários problemas que não conseguíamos resolver na Petrobrás”, diz.
Deu-se o insight, mas a empresa alemã não estava interessada em fabricar novas peças. Seu negócio era vender a matéria prima e assim continuaria sendo.
“Comprei a matéria prima, fui até uma oficina e fiz a primeira peça [um rolete de suportação de dutos]. No início a Petrobrás não acreditou que o plástico seria mais resistente que o aço, mas aceitou testar a peça”, lembra.
O protótipo do rolete foi instalado na balsa BGL I, que utilizou a peça em teste durante três anos. Em paralelo, Fernandes montou uma empresa com dois sócios, mas por incompatibilidade administrativa acabou fechando, e em 2007 fundou a Liderroll, junto com um dos sócios que o acompanhara na primeira empreitada. Com os primeiros sucessos, a companhia desenvolveu novos produtos, expandindo seu mercado inclusive para o exterior, onde possui patentes em 51 países além do Brasil.
Começaram pensando em aplicar os roletes em balsas e píeres, mas logo viram que os túneis para gasodutos e oleodutos eram uma grande oportunidade. Em 2010, forneceram os primeiros roletes motrizes para suportação de dutos para o gasoduto Cabiúnas-Reduc (Gasduc III), da Petrobrás, que é o maior gasoduto da América do Sul em diâmetro, com 38 polegadas, e tem a maior capacidade de transporte (40 milhões de m³/dia) entre os gasodutos brasileiros. “A empresa deslanchou”, resume Paulo, que recebeu o Global Pipeline Award em 2011, promovido pela American Society of Mechanical Engineers (ASME), considerado o prêmio mais importante do mundo na área de dutos.
Sobre a palestra, Fernandes elogia a iniciativa – “Um país se faz também com a contribuição de grandes bancos” – e conta que é a primeira vez que vai falar em público sobre a própria vida. Este foi o motivo por que não foi preciso fazer uma preparação.
“Já fiz palestras para 800 pessoas, mas sempre eram técnicas, então ia com tudo estudado antes. Dessa vez é sobre a minha vida, então já está tudo na cabeça”, afirma.
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