AGÊNCIA INTERNACIONAL DE ENERGIA APONTA QUE PAÍSES PRECISAM DE MAIS INICIATIVAS PARA CUMPRIR METAS CLIMÁTICAS

Um novo relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) observa um aumento na cooperação internacional nos últimos anos e o progresso na implantação das tecnologias necessárias para o cumprimento das atuais metas climáticas. Entre os recentes avanços está a duplicação das vendas de veículos elétricos em 2021 em relação ao ano anterior, para um novo recorde de 6,6 milhões. Além disso, a agência apontou para um aumento previsto na capacidade renovável global de 8% em 2022 – ultrapassando a marca de 300 GW pela primeira vez. O volume seria equivalente a energia necessária para abastecer aproximadamente 225 milhões de residências. No entanto, o relatório também alerta que é necessária uma cooperação internacional muito maior para colocar o mundo no caminho certo para cumprir seus compromissos climáticos.

“Estamos no meio da primeira crise energética verdadeiramente global, com consequências devastadoras em toda a economia mundial, especialmente nos países em desenvolvimento. Somente acelerando a transição para energia limpa e sustentável podemos alcançar uma segurança energética duradoura”, disse o diretor executivo da AIE, Fatih Birol. “Através da colaboração internacional, podemos tornar a transição mais rápida, barata e fácil para todos – com inovação mais rápida, maiores economias de escala, maiores incentivos para investir, igualdade de condições e benefícios que são compartilhados por todas as partes da sociedade. Sem essa colaboração, a transição para emissões líquidas zero será muito mais desafiadora e poderá ser adiada por décadas”, acrescentou.

O relatório apresenta 25 recomendações para os líderes discutirem no Fórum Global de Ação de Energia Limpa e na 13ª Reunião Ministerial de Energia Limpa a ser realizada em Pittsburgh, Estados Unidos, de 21 a 23 de setembro de 2022. Entre elas estão a demonstração e os testes de sistemas de energia de baixo carbono flexíveis para expandir a gama de soluções e aumentar a participação de renováveis variáveis. Outra sugestão é a criação de uma definição comum e datas-alvo em que todos os novos veículos rodoviários serão líquidos zero, visando 2035 para carros e vans e 2040 para veículos pesados.

A AIE sugere ainda mobilizar o investimento em infraestrutura de carregamento de veículos elétricos, incluindo assistência prioritária para países em desenvolvimento e harmonizar os padrões internacionais de carregamento para impulsionar o investimento e acelerar a adoção globalmente. A agência propõe também o desenvolvimento de políticas governamentais e compromissos de compra do setor privado para impulsionar a demanda e a implantação de hidrogênio renovável e de baixo carbono juntamente com padrões para permitir o comércio global.

O relatório destaca que, além de fornecer reduções urgentes de emissões, uma colaboração mais forte proporcionará uma transição mais rápida e mais barata, além de impulsionar o crescimento do emprego. Pesquisas da AIE mostram que, sem colaboração internacional, a transição para emissões globais líquidas zero pode ser adiada por décadas. Embora novas pesquisas citadas pelo relatório mostrem que alguns custos de tecnologia podem diminuir em até 18% até 2030.

As estimativas da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) citadas pelo relatório sugerem que uma transição energética alinhada com a limitação do aumento da temperatura global a 1,5°C poderia criar cerca de 85 milhões empregos adicionais até 2030 em comparação com 2019, mais do que compensando as perdas de 12 milhões de empregos.

“A crise energética e climática expôs as fraquezas e vulnerabilidades de um sistema fortemente dependente de combustíveis do século 20. Qualquer coisa que não seja uma ação radical e imediata acabará eliminando a chance de permanecer no caminho de 1,5°C”, disse o diretor-geral da IRENA, Francesco La Camera (foto à direita). “A Breakthrough Agenda e nosso relatório conjunto enviam um forte sinal antes da COP27 de que uma maior colaboração internacional pode ampliar a ambição e acelerar o progresso. Avançar na transição para as energias renováveis é uma escolha estratégica para trazer energia acessível, empregos, crescimento econômico e um ambiente mais limpo para as pessoas no terreno”. O relatório completo, em inglês, pode ser lido neste link.