MERCADO DE PETRÓLEO E GÁS BRASILEIRO REAGE À NOVA POLÍTICA DE PREÇOS ANUNCIADA NESTA MANHÃ PELA PETROBRÁS | Petronotícias




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MERCADO DE PETRÓLEO E GÁS BRASILEIRO REAGE À NOVA POLÍTICA DE PREÇOS ANUNCIADA NESTA MANHÃ PELA PETROBRÁS

magda 1qO mercado já está reagindo aos poucos à decisão de mudança na política de preços da Petrobrás, que era tão aguardada desde a posse do governo Lula. Algumas entidades e instituições discutem internamente se vão se pronunciar. Muitas empresas procuradas pelo Petronotícias preferiram não opinar. A nova metodologia abandona de vez a política de preços implementada em 2016, que tinha como base o tão polêmico Preço de Paridade de Importação (PPI). Até o momento da publicação desta reportagem, o mercado financeiro reagia bem à novidade. As ações ordinárias da companhia (PETR3, com direito a voto em assembleias) estavam com alta de 2,8%. Já os papéis preferenciais (PETR4, com preferência por dividendos) acumulavam valorização de 3,2%. Ao longo do dia, o Petronotícias vai acompanhar as repercussões do anúncio na Bolsa de Valores e as opiniões das principais entidades representativas do setor a respeito. Mas, a verdade é que a mudança nos preços dos combustíveis chegou e vai mudar a compreensão do mercado no Brasil. Para alguns, é positiva. Para outros, é confusa. Vamos saber as opiniões dos que já se pronunciaram.

Magda Chambriard(foto principal), profissional influente no mercado de óleo e gás e que esteve por anos na direção geral da Agência Nacional de Petróleo e Gás, declarou: “Acho que já era tempo de a Petrobrás considerar o preço de paridade internacional (e não o de importação para o produto nacional) e o market share da cia. A estratégia anterior, que previa a privatização da empresa, parecia não se importar com o seu market share do mercado. Fico satisfeita de saber que a Petrobrás vai disputar mercado em vez de cedê-lo. Quanto aos preços, entendo que as atuais reduções de preço do Brent e da taxa de câmbio já poderiam ter levado a queda de preços de diesel até um pouco maiores do que as anunciadas”.

Adriano Pires(foto a direita), Diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), que atua há mais de 30 anos na área de energia e foi da Agência Nacional de Petróleoadriano (ANP), onde atuou como Assessor do Diretor-Geral, Superintendente de Importação e Exportação de petróleo, seus derivados e gás natural e Superintendente de Abastecimento, e depois cotado para a presidência da Petrobrás no governo Bolsonaro, achou a nova política confusa:

O anúncio feito pela Petrobrás da nova política de preços é muito confuso. Não da para entender de forma clara como serão feitos os reajustes futuros. O fato relevante no fundo é sé ‘blá-blá-blá’. A única coisa que dá para afirmar é que acabou a transparência na determinação dos preços na refinaria. Quantos mais elementos você usa para determinar o preço dos combustíveis, menos transparência teremos e mais risco para o privado importar. Aumentou deyvid-barcelar-divulgacao-4-750x440o risco para todos os agentes que atuam no mercado de combustíveis. Parece que querem esconder a realidade. Voltamos para trás”.

Já o Coordenador Geral  da Federação Única dos Petroleiros (FUP),  Deyvid Bacelar(foto a esquerda), foi enfático ao dizer que “o pesadelo chegou ao fim”. Ele comemorou o anúncio da nova estratégia comercial da Petrobrás: “Em quase sete anos de PPI, o gás de cozinha aumentou 223,8%, na refinaria, custando R$ 108, em média, no Brasil, para o consumidor. Antes do PPI, o botijão custava R$ 55. Depois de quase sete anos assombrando o povo brasileiro, o pesadelo chega ao fim. Um dia para ser comemorado. O governo Lula abrasileirando o preço dos combustíveis, conforme promessa de campanha. Com a nova política, o Brasil terá gás de cozinha, gasolina e diesel mais baratos, pois os custos nacionais de produção, em reais, entrarão na composição dos preços”.

A Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET) tem criticado a política de Preços Paritários de Importação (PPI) desde 2017 e recebeu com “esperança” a informação de que ela foi extinta pela atual direção da Petrobrás. A AEPET diz que a direção da Petrobrás informa que usa referências de mercado como o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação e o valor marginal para a Petrobrás. O custo alternativo do cliente contempla as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos, diz os engenheiros. Já o valor marginal para a Petrobrás é baseado no custo de oportunidade dada às diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino.

Em sua nota, a AEPET afirma que, pela descrição, não é possível ter um juízo sobre a adequação da nova política de preços. “Será necessário avaliarfelipe como as referências (custo alternativo do cliente e custo de oportunidade da Petrobrás) serão utilizadas para determinar os preços ao consumidor brasileiro. Além dos novos preços praticados pelas refinarias da Petrobrás, outros dois indicadores que devem ser observados são os volumes importados pelos competidores da estatal e a ociosidade das suas refinarias. A AEPET acredita que a Petrobrás pode praticar preços inferiores aos paritários de importação (PPI) e obter excelentes resultados empresariais, com a recuperação da sua participação no mercado brasileiro e a maior utilização da sua capacidade instalada de refino.

Somente a Petrobrás consegue suprir o mercado doméstico de derivados com preços abaixo do paritário de importação e, ainda assim, obter resultados compatíveis com a indústria internacional e sustentar elevados investimentos que contribuem para o desenvolvimento nacional. A Petrobrás deve abastecer o mercado brasileiro aos menores custos possíveis e garantir sua sustentabilidade empresarial, ao assegurar que suas margens operacionais sejam compatíveis com a indústria internacional, com alta capacidade de investimento e resiliente à variação do preço do petróleo.”

O do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) disse que a  revisão da política era urgente e necessária. vigentes na Petrobrás desde 2016, o preço de paridade de importação (PPI), segundo o Ineep, não só permitiu ganhos extraordinários para os acionistas da companhia nos últimos anos, como resultou na explosão dos preços dos combustíveis no mercado nacional, “penalizando, sobretudo, os consumidores brasileiros. As novas diretrizes indicam menor volatilidade dos preços praticados pela Petrobras no mercado interno, mas elementos comerciais e geopolíticos internacionais seguirãoPosto incidindo sobre a política comercial da companhia.”

A Diretoria Executiva aprovou a substituição do PPI por uma estratégia comercial para definição dos preços do diesel e da gasolina nas suas refinarias. O anúncio apresenta os parâmetros dessa nova política de preços. “Como primeira grande marca da atual gestão, a nova estratégia poderá garantir mais flexibilidade à Petrobrás para definição de seus preços, que devem se orientar por outras premissas, como competitividade, ampliação de seu market share, rentabilidade e otimização operacional. Os custos de produção e as condições de mercado passarão a ser parâmetros para além do PPI. A companhia passa a não ter obrigação de acompanhar o preço de paridade de importação (PPI) tão de perto. Portanto, o PPI deixa de ser mandatório para seguir apenas como uma das referências a serem consideradas. Não sai de cena, mas muda de papel.

argusAmance Boutin (foto a esquerda), especialista em combustíves da ARGUS, disse que a nova diretriz da Petrobrás aumenta a complexidade da precificação, acrescentando variáveis de mercado interno, competitividade e market share. Podemos esperar preços mais baixos do que a PPI, em linha com as declarações mais recentes do governo e do JP Prates. A leitura do preço dos derivados, principalmente do diesel, tem sido dificultada pelo surgimento de dois preços distintos no mercado nacional. Segundo o levantamento da Argus, o diesel S10 russo tem ficado 25¢/USG mais barato do que o produto dos EUA ao chegar no Brasil, o que equivale a uma diferença de R0,33/l.

O contexto atual de câmbio, com o fortalecimento do real em relação ao dólar, junto com as quedas no mercado internacional das cotações de petróleo e diesel, são propícios para um reajuste de preços para baixo que não crie grandes distorções com o valor do produto importado. A nova política de preços será colocada à prova mesmo em uma situação de subida das cotações lá fora. Isso é talvez o ponto mais importante para os participantes de mercado. Durante o governo anterior, a Petrobrás recuou na atividade de importação de diesel, deixando agentes privados cuidar do que o parque de refino nacional não podia suprir.

Diferente do que ocorreu em 2022, não existe hoje um risco de quebra de suprimento de diesel. Na verdade, com a abertura da arbitragem do produto russo, algumas regiões estão numa situação superavitária, o que pressiona os preços e até leva alguns participantes a deslocar diesel para países vizinhos. Qualquer mudança de estratégia neste aspecto pode ter um impacto significativo sobre o balanço e os investimentos das empresas importadoras de combustíveis.

A Abiquim também se posicionou sobre este assunto. A nota da associação diz que “ Entende como muito positiva a decisão da Petrobrás quanto à alteraçãoandre da política de preços para combustíveis, saindo do preço de paridade internacional e adotando uma política que busque maximizar as condições competitivas internas, como falou Jean Paul Prates, presidente da Petrobras. Ganha a empresa, o mercado e, sobretudo, ganha o país. Segundo André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Abiquim, a expectativa do setor químico, a partir dessa decisão, é que esse caminho de mudança abra a possibilidade de revisão, também, da política de preços para o gás natural, trazendo-os para, onde possível, uma base mais competitiva que permita estabelecer um ponto de partida para a retomada do desenvolvimento industrial no Brasil.

 “Temos a certeza de que, assim como no caso dos combustíveis derivados de petróleo, com o gás natural também será possível avançar em um processo estruturado, não conjuntural, de estabelecimento de preços competitivos, o que trará, como na decisão tomada hoje, vantagens para a Petrobras, para todo setor produtivo, em especial a indústria, e, principalmente para o país em geração de valor agregado, novos empregos, renda, efeitos ambientais positivos e segurança na cadeia de suprimentos. A Abiquim percebe a Petrobras dando, com a cautela, governança e a firmeza necessárias, passos positivos.

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