BRASIL TERÁ QUE MUDAR ESTRATÉGIA DE PRODUÇÃO DE GÁS DEPOIS QUE O PRESIDENTE BOLIVIANO ANUNCIOU O FIM DAS RESERVAS EM SEU PAÍS

O presidente da Bolívia, Luis Arce, disse que vai suspender as exportações de gás para o Brasil e para a Argentina porque as reservas de gás do país estão exaurindo-se. “Desde 2014, houve, infelizmente, uma queda da produção, que naquele ano havia atingido um pico de 59,6 milhões de metros cúbicos ao dia”. A queda seguiu até julho passado, quando a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) informou que a produção chegou a 36 milhões de metros cúbicos ao dia. O chefe de Estado boliviano tentou transmitir uma mensagem de encorajamento, explicando que já está em ação um plano estratégico da Ypfb para aumentar a produção, ainda que no momento não seja suficiente para reconstituir as reservas. Segundo ele, a estatal  pretende investir neste ano US$ 324  milhões mais de 40% de seus US$ 690 milhões para explorar os campos. Esse processo, segundo o presidente da Ypfb, Armin Dorgathen, dará resultados em um período entre três e seis anos, garantiu. Seja como for, o Brasil terá que mudar sua estratégia em relação ao uso do gás boliviano. Com isso, cresce a importância de aumentar os investimentos no setor e acelerar os projetos de hidrotratamento  e distribuição, para não injetar mais gás do que o necessário nos poços de petróleo, principalmente do pré-sal.

Um relatório da consultoria de energia inglesa Wood Mackenzie indica que a produção de gás boliviano diminuirá mais rápido do que o esperado. O motivo é o envelhecimento dos campos produtivos no país e a ausência de novas descobertas. De acordo com o estudo,  a produção de gás da Bolívia deve sair dos atuais 39 milhões de metros cúbicos por dia em 2022 para 11 milhões de m³/dia em 2030.  Segundo o relatório, será necessário um impulso na exploração, com novas descobertas relevantes na Bolívia para reverter a tendência de declínio acentuado na produção. No entanto, os esforços até o momento não foram bem-sucedidos. O declínio projetado terá um efeito dramático no mercado de exportação. O gás natural é um setor crucial para a economia boliviana, tendo as exportações para Brasil e Argentina um papel fundamental. As exportações para os 2 países representam mais de 70% das vendas totais de gás e 20% das exportações totais.