ABEGÁS AVALIA QUE BRASIL TEM GÁS SUFICIENTE PARA SUBSTITUIR DIESEL POR GNV EM VEÍCULOS PESADOS

O diretor técnico-comercial da Associação Brasileira de Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) avalia que a projeção de aumento de oferta de gás natural no país dá margem de segurança para que o Brasil possa começar um projeto de substituição do óleo diesel na matriz de transportes. O executivo fez essa análise durante o Seminário Internacional Frotas & Fretes Verdes, nesta semana, em São Paulo.

“Se considerar somente os três projetos mais importantes até 2030, temos um incremento de oferta estimado em pelo menos 50 milhões de metros cúbicos por dia. Então, o País tem gás suficiente para realizar o projeto de substituição de diesel por gás natural”, afirmou.

O cálculo inclui os volumes do duto de escoamento Rota 3, que deve entrar em operação plena no ano de 2024, e dos projetos Sergipe Águas Profundas (Bacia Sergipe-Alagoas) e BM-C-33 (Bacia de Campos), com início da produção previsto para 2026 e 2028, respectivamente. Enquanto isso, a produção de biometano pode chegar a mais de 6 milhões de metros cúbicos por dia até 2030, de acordo com cálculos da Associação Brasileira de Biogás (ABiogás).

Segundo Mendonça, um bom ponto de partida para um projeto que incentive o uso de gás natural é a existência de uma rede de distribuição que já atende 2,6 milhões de consumidores, basicamente condutores de veículos leves – já são quase mil caminhões rodando a gás no Brasil. “Cerca de 25% dos mais de 1750 postos de combustíveis que comercializam GNV no Brasil estão em estradas“, detalhou Mendonça. Esse número é superior ao número existente nos Estados Unidos, onde são 950 postos. “Então, um programa de substituição, além de não sair do zero, já sairia com uma infraestrutura montada“, ressaltou.

Com o apoio das associadas, a Abegás elaborou um mapeamento de 50 rodovias, principalmente nos eixos Sul-Sudeste e Nordeste, cruzando os principais fluxos de carga pesada com os postos de combustíveis existentes e a indicação de localidades onde seria recomendável priorizar investimentos para estruturar essas unidades com testeiras e bicos, entre outras adaptações, para acelerar o atendimento de frotas de caminhões em um tempo de abastecimento de aproximadamente 20 minutos, similar ao de veículos a diesel. Em uma segunda onda, a proposta é investir nas melhorias em rodovias de menor fluxo. O biometano também seria importante, inclusive para o atendimento ao interior, sugeriu Mendonça.

“Se substituir esse diesel por gás, estamos falando de 30 milhões de metros cúbicos por dia, quase o equivalente à demanda industrial brasileira, o dobro do consumo industrial de São Paulo, apenas substituindo o diesel importado“, comparou, destacando ser esta a melhor opção disponível para um programa de descarbonização na matriz de transportes. “O gás natural é o combustível do presente. O que a gente precisa é de velocidade para implementar essa solução“, finalizou.