GASOLINA APARECE AOS POUCOS SOMENTE EM BUENOS AIRES DEPOIS DO SURGIMENTO DO ÁGIO PELOS COMBUSTÍVEIS
Nenhuma novidade na reação do mercado quando há imposição pelo congelamento de preços: falta produtos, surge o ágio e aumenta-se os preços. Ainda no processo lento de normalização da situação da escassez de gasolina e diesel na Região Metropolitana de Buenos Aires, as empresas produtoras de combustíveis aplicaram aumentos entre 7,6 e 9,6%, em média, no país, o que vai forçar ainda mais a bola de neve da inflação neste mês de novembro que acredita-se ultrapassará a casa dos 140%. Desde esta manhã, os novos valores começaram a vigorar. O candidato e ministro da Economia, Sergio Massa, disse em mensagem gravada que “nas últimas horas ouvimos pedidos de aumento de 40%, 20%, 10%, muito acima da realidade que um setor dos grandes vencedores de a economia argentina precisava para continuar investindo”. No entanto, as indústrias negam que estes aumentos tenham sido solicitados. Entre elas está a YPF, petrolífera estatal, que representa 56% do total das vendas de gasolina e diesel.
Na verdade, a YPF foi vista como uma das responsáveis pela escassez de combustível, ao programar a paralisação das refinarias de La Plata e Luján de Cuyo para manutenção. Porém, quando a petroleira quis aumentar as importações para substituir essa menor capacidade de refino, o Banco Central atrasou a venda de dólares, razão pela qual os petroleiros deixaram de entrar no porto de Buenos Aires. Os preços dos combustíveis aumentaram cerca de 74% no ano, enquanto a inflação acumulada até outubro é de 138% . Em troca, o Ministério da Economia ofereceu à indústria petrolífera o adiamento do pagamento dos direitos de exportação até ao final de Março, para que pudessem vender um barril de petróleo às refinarias a 56 dólares, bem abaixo dos 85 dólares do mercado internacional, como Brent, referência internacional utilizada no país.
Massa anunciou hoje (1) também que adiou novamente para fevereiro o aumento do imposto sobre combustíveis líquidos (ICL) e dióxido de carbono (IDC) pela nona vez consecutiva, para evitar exercer mais pressão sobre os preços. Os líderes da YPF propuseram há dois anos mudar a forma como o imposto era atualizado, mas o partido no poder nunca promoveu o projeto no Congresso. Atualmente, devem ser atualizados trimestralmente com base na inflação passada. O Governo também permitiu que as refinarias importassem diesel e gasolina sem impostos até o final de novembro, conforme decreto assinado pelo Chefe da Casa Civil, Agustín Rossi, e por Massa. A Argentina ainda está a espera de mais dez navios de combustíveis comprados na emergência, mas eles ainda vão demorar a chegar. Nos últimos dias a indústrias recebeu 5 outros navios, mas ainda não estão dando conta.
A indústria emitiu um comunicado conjunto no qual afirma que continua a fazer todos os esforços para normalizar rapidamente a situação do abastecimento de combustível em todo o país. “As ações implementadas nos últimos dias já começaram a dar resultados e os postos de todo o país confirmam que aumentaram os volumes de combustível que estão recebendo. O setor aumentou o ritmo de expedição das suas refinarias e implementou um esquema logístico especial com mais de 4.000 caminhões tanques que permitiu aumentar o abastecimento habitual de combustíveis entre 10 e 15%”, explicaram. Disseram ainda que foi adicionado o combustível fornecido pelos cinco navios e está prevista a chegada de mais dez navios que permitirão a reposição dos estoques de combustível. Cada navio custa entre US$ 35 milhões e US$ 40 milhões, que seriam financiados com dólares ao câmbio oficial (US$ 350) do Banco Central.
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