ENGENHEIRO MIGUEL FERNÁNDEZ SE LANÇA CANDIDATO À PRESIDÊNCIA DO CREA-RJ E PROPÕE PROMOVER A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL DO CONSELHO
A eleição do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (CREA-RJ) acontecerá no próximo dia 17, das 8h às 19h, no horário de Brasília. A novidade no pleito deste ano é que os votos serão transmitidos pela internet, o que deve ampliar a participação dos profissionais de engenharia registrados na entidade. O Petronotícias entrevista um dos candidatos ao cargo: o engenheiro civil Miguel Alvarenga Fernández. Ele explica que sua candidatura está baseada em três eixos: Defesa do setor, Representatividade e Inovação e Tecnologia. Uma das propostas de Miguel é justamente promover uma verdadeira revolução digital nos processos e procedimentos do CREA-RJ, com o objetivo de dar mais agilidade ao conselho. “Costumamos dizer que entendemos que o CREA opera como se ainda estivesse no século passado, e às vezes até no século retrasado”, alerta. “Algumas das principais certidões que o CREA-RJ emite são a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) e a CAT (Certidão de Acervo Técnico). No entanto, esse processo é extremamente burocrático e demorado, podendo levar meses ou até anos”, conta. O engenheiro também explica que quer ampliar a participação do CREA-RJ nos debates com órgãos públicos, além de aproximar o conselho das empresas de engenharia. “Queremos implementar no CREA-RJ um projeto chamado ‘Vozes do CREA’, que visa criar câmaras setoriais para facilitar o diálogo com o empresariado e grandes instituições”, revela. Por fim, Miguel defende zerar a anuidade do CREA-RJ, assim como acontece em outros conselhos, e promete promover uma maior aproximação da entidade com o setor de óleo e gás. “Existe uma lógica clara na qual o conselho pode contribuir com o setor de óleo e gás, especialmente neste momento em que se discute a integração com novas matrizes energéticas. É um momento que exige a participação de outras engenharias no setor de óleo e gás”, concluiu.
O que motivou a sua candidatura?
O que me motivou, primeiramente, foi uma insatisfação com a forma como o CREA-RJ atua hoje em relação ao setor profissional das engenharias, seja com o profissional individualmente ou com as próprias empresas e instituições relacionadas à área. Recentemente, participei de um grande evento da área de óleo e gás, a OTC Brasil 2023, e houve uma ausência completa do CREA-RJ na feira. Imagine um evento desse porte, com a presença de empresas e discussões sobre engenharia, e o conselho não estava presente. Portanto, essa ausência completa traduz uma crise de representatividade. Este é um dos nossos principais objetivos: resgatar a representatividade do conselho.
Historicamente, apenas 5% dos eleitores aptos votam. Existe um ciclo vicioso de descrédito no conselho e de sua histórica inoperância. Por isso, muitos colegas acabam não votando. Queremos mudar isso e incentivar as pessoas a votarem. Além disso, a eleição será online pela primeira vez. Em menos de dois minutos, é possível votar através do site www.votaconfea.com.br em 17 de novembro, tornando o processo muito simples e permitindo que as pessoas votem de qualquer lugar do mundo.
Como você enxerga o momento atual do CREA-RJ?
Costumamos dizer que entendemos que o CREA-RJ opera como se ainda estivesse no século passado, e às vezes até no século retrasado. Um dos slogans de nossa campanha é “trazer o CREA-RJ para o século 21”, porque o conselho ainda utiliza uma metodologia operacional completamente manual. Estamos propondo uma revolução digital no conselho para tornar as respostas mais rápidas. Atualmente, uma certidão pode levar até dois anos para ser emitida, dependendo da complexidade de cada caso.
O que percebemos é que há um grupo que permanece no poder do conselho por muito tempo e acredita que tudo está perfeito. Isso representa um choque de conceitos, porque eles consideram que tudo está ótimo. As pessoas que fazem parte do ecossistema e se conhecem, conseguem ajudar uns aos outros a acelerar o processo. No entanto, para aqueles que não fazem parte desse ecossistema e precisam dos serviços do conselho, ele é extremamente inoperante. Portanto, uma de nossas ideias é a total digitalização do conselho.
Quais serão as suas metas e prioridades?
Algumas das principais certidões que o CREA-RJ emite são a ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) e a CAT (Certidão de Acervo Técnico). Essas são atestados que o profissional deve fornecer sempre que executa um serviço. No entanto, esse processo é extremamente burocrático e demorado, podendo levar meses ou até anos, devido a múltiplas etapas.
Nossa proposta é criar a ART CAT Inteligente, uma plataforma B2B baseada em blockchain, que conecta contratantes e contratados. A plataforma funcionaria como um diário de obras, onde o contratado registra a conclusão do serviço e o contratante confirma. Automaticamente, o atestado do serviço é gerado. Isso representaria uma revolução para profissionais que lidam com licitações públicas e dependem desses atestados para participar de concorrências.
Além disso, outra proposta é promover uma mudança radical na forma como o conselho se comunica, tornando-se mais assertivo na defesa d os interesses de nosso setor, principalmente em relação a órgãos públicos, demandas de serviços e instituições.
Por fim, outra ideia que tem ganhado destaque entre os profissionais é a “Anuidade Zero”. Essa abordagem não é inédita e já existe em outros conselhos, como o Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro. A proposta é implementar um sistema de cashback, onde parte das taxas que você paga – como a ART, ou a participação em cursos ou eventos pagos – podem ser convertidas para abater o valor da anuidade. Outra possibilidade é estabelecer um clube de vantagens com supermercados, academias e outros estabelecimentos registrados. Usando esses serviços, você acumula pontos que podem ser usados para reduzir o valor da anuidade. Essa lógica é adotada por outros conselhos e queremos trazê-la para o CREA-RJ.
Como pretende fazer a relação entre o CREA-RJ e as empresas de engenharia?
Um dos nossos principais objetivos é a defesa do setor de engenharia, o que inclui a defesa dos profissionais, naturalmente, mas também das empresas e das instituições. Atualmente, as empresas e instituições não têm um diálogo significativo com o conselho. O CREA-RJ não enxerga as empresas como entidades com demandas individualizadas. Não existe uma estrutura para ouvir os empresários e suas necessidades. Queremos implementar no CREA-RJ um projeto chamado “Vozes do CREA”, que visa criar câmaras setoriais para facilitar o diálogo com o empresariado e grandes instituições.
Além disso, buscamos uma maior participação do conselho em comissões públicas que discutem políticas públicas, de forma a influenciar essas discussões. Atualmente, o conselho está ausente em grandes debates, tanto nacionais quanto regionais. Por exemplo, a OAB está sempre presente nesses debates, mas ela tem uma perspectiva jurídica. O CREA-RJ conta com profissionais que podem oferecer uma perspectiva voltada para o desenvolvimento. O setor de engenharia desempenha um papel crucial na geração de riqueza e deve se afirmar como tal, organizando-se para apresentar e defender seus projetos.
E em relação as discussões envolvendo o setor de óleo e gás? Quais são suas propostas?
Participei de diversos eventos do setor de óleo e gás nos últimos três meses durante esta campanha, e infelizmente, em todas as vezes em que estive presente, houve uma completa ausência do CREA-RJ. Minha proposta é que o conselho esteja presente em ações relacionadas ao setor de óleo e gás. Além disso, pretendemos influenciar por meio de ações assertivas de comunicação e participação em comissões relacionadas ao tema de óleo e gás.
Outro foco importante é a formação profissional. Acreditamos que o CREA-RJ pode desempenhar um papel significativo na oferta de cursos de aperfeiçoamento e no apoio ao desenvolvimento de programas de certificação. Existe uma lógica clara na qual o conselho pode contribuir com o setor de óleo e gás, especialmente neste momento em que se discute a integração com novas matrizes energéticas. É um momento que exige a participação de outras engenharias no setor de óleo e gás. Nesse sentido, acredito que o CREA-RJ pode desempenhar um papel fundamental ao estabelecer um diálogo com os setores elétrico, de construção civil, de infraestrutura e outros.
É um fanfarrão !!!