TRANSIÇÃO ENERGÉTICA PODE CRIAR 40 MILHÕES DE EMPREGOS NO SETOR DE ENERGIA ATÉ 2050, MAS DESIGUALDADE ENTRE PAÍSES PREOCUPA
Políticas progressistas são fundamentais para impulsionar os benefícios socioeconómicos da transição energética e espalhá-los amplamente por todo o mundo, conclui um novo relatório divulgado pela Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA) antes da Conferência do Clima da ONU COP28 no Dubai. O segundo volume do estudo, publicado sob o título Impactos socioeconômicos da transição energética, mostra que o mundo poderá testemunhar um aumento médio anual no PIB de 1,5% até 2050 sob o caminho de 1,5°C em conformidade com o Acordo de Paris. Espera-se também que a transição energética crie 40 milhões de empregos adicionais no setor energético até 2050, com mais 18 milhões de empregos globalmente apenas nas energias renováveis.
O Volume 1 do Panorama (disponível aqui) lançado no início deste ano apresentou um caminho para atingir a meta de 1,5°C, posicionando a eletrificação e a eficiência energética como principais motores de transição, habilitados por energias renováveis, hidrogênio limpo e biomassa sustentável. O relatório ressaltou que a transição energética está fora de rumo, exigindo medidas urgentes e radicais, incluindo a triplicação da capacidade instalada de energia renovável até 2030. O novo relatório desta semana destaca os impactos socioeconômicos do cenário de 1,5˚C da IRENA. Ele fornece aos decisores políticos informações sobre como a atividade econômica, o emprego e o bem-estar humano serão afetados por 1,5°C e, assim, ajuda os governos a conceberem políticas que maximizem os benefícios da transição.
“Faço eco do apelo da Presidência da COP28 para uma meta global de energias renováveis como um passo prático para se implementar o Acordo de Paris. Mas os decisores políticos se concentraram predominantemente nas facetas tecnológicas da transição energética, muitas vezes ignorando suas implicações socioeconômicas”, avaliou o Diretor-Geral do IRENA, Francesco La Camera.
O diretor da agência acrescentou que a transição energética é uma grande promessa para impulsionar a economia global, mas deve existir um foco na desigualdade persistente. “Preencher lacunas na ambição da política climática e adotar mudanças estruturais essenciais impõe exigências sem precedentes aos decisores políticos. Devemos facilitar resultados de transição positivos, assegurando ao mesmo tempo que essas oportunidades sejam distribuídas equitativamente entre regiões e países”, disse.
A análise socioeconômica da IRENA conclui que os impactos da transição variam entre regiões e países, destacando as disparidades no desenvolvimento econômico e sublinhando a necessidade de estratégias econômicas inclusivas. Embora se preveja que o emprego no setor das energias renováveis triplique até 2050, em geral, os empregos estão distribuídos de forma desigual entre as regiões. Espera-se que a Ásia ocupe 55% dos empregos nas energias renováveis globais até 2050, seguida pela Europa com 14% e pelas Américas com 13%. Somente 9% desses empregos serão na África Subsaariana.
E embora o PIB per capita de África deva duplicar, os países ricos em recursos do continente provavelmente registarão um crescimento mais rápido, exacerbando as desigualdades regionais. Porém, economias emergentes como a Índia e a China estão preparadas para um crescimento significativo, potencialmente remodelando o cenário econômico global.
Os impulsionadores dos resultados econômicos diferem, sublinhando a necessidade de se apoiar proativamente as despesas nos países em desenvolvimento. Para os países do G20, o investimento e o comércio são os impulsionadores mais fortes. Para os países em desenvolvimento, os pagamentos de subsídios sociais são frequentemente o fator dominante nas diferenças do PIB.
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