TRADENER ESTÁ OTIMISTA COM O FUTURO DO MERCADO LIVRE DE ENERGIA, MAS PEDE MAIOR ORGANIZAÇÃO NO SETOR
A série especial de entrevistas Perspectivas 2024 vai abordar hoje (5) o mercado livre de energia do Brasil. Para isso, nosso convidado é o presidente da comercializadora Tradener, Walfrido Avila. Ele nos conta que sua empresa cresceu no ano de 2023, na esteira da própria expansão do segmento de mercado livre durante o período. Para o próximo ano, as perspectivas do executivo são positivas, especialmente porque a demanda por energia deve aumentar. Além disso, a abertura do mercado livre a partir de 2024, que passará a permitir a entrada de novos tipos de consumidores, também deixa um sentimento de otimismo. Contudo, Avila avalia que o setor elétrico ainda precisa de um rearranjo, por conta dos efeitos deixados pela entrada dos sistemas de geração distribuída e autoprodução. Para ele, o próprio mercado deve se autorregular, contando com uma mínima intervenção do Estado.
Como foi o ano de 2023 para sua empresa no seu segmento de negócios?
Houve crescimento de mercado para a Tradener. O mercado livre também teve uma expansão. A partir de janeiro, qualquer unidade consumidora do grupo A, independentemente de sua demanda contratada, poderá migrar para o mercado livre, o que causou uma agitação no mercado.
No entanto, essa abertura não ocorreu da forma desejada, pois o mercado está um tanto desorganizado. A função específica do regulador, que é organizar o mercado, não foi cumprida. A Geração Distribuída e a Autoprodução apareceram “por trás da esquina”, afetando uma parte do mercado, o que causou problemas nos encargos e subsídios. Isso complicou a situação das distribuidoras e desregulou o mercado. Isso desregula o preço, a operação do sistema, o ONS, e até mesmo coloca em questão a formação do preço, que não reflete mais o que está acontecendo no mercado.
Apesar desses desafios, este foi um ano interessante, pois, para o mercado em si, essas desregulações abrem muitas oportunidades, algumas boas e outras ruins. O setor precisa de intervenção, não do governo, mas sim de uma organização de mercado. Em qualquer princípio de economia, o governo precisa estar presente em pelo menos com o mínimo de regulação. Eu costumo brincar dizendo que passamos de “um mínimo de regulação para um máximo de confusão”.
Que sugestões gostaria de passar para o governo ou para o mercado com o objetivo de melhorar as condições de negócios no Brasil?
Minha sugestão é que tenhamos um mercado completamente aberto e homogêneo, onde os consumidores livres e os regulados não tenham diferença de encargos. Isso também se aplica aos geradores distribuídos, que precisam ser integrados de maneira otimizada no sistema. Não podemos sustentar um grupo de consumidores em prejuízo do outro; é necessário pensar cuidadosamente nessas questões.
O mercado não se regula por lei. Dentro dos princípios econômicos, o mercado é autorregulado, mas com uma pequena intervenção do governo, dentro dos princípios básicos de economia e de uma liberdade econômica bem fundamentada. No entanto, estamos presenciando o contrário. Já vimos que a geração de energia e distribuição no país pode ser impulsionada por investimentos da iniciativa privada.
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