EXPLOSÕES EM VÁRIOS TRECHOS DO MAIOR GASODUTO DO IRÃ NA MANHÃ DE HOJE PODEM TER SIDO UM ATAQUE TERRORISTA
Várias explosões atingiram o maior gasoduto de gás natural do Irã na madrugada (manhã no Brasil) desta quarta-feira (14), com um oficial das forças armadas iranianas atribuindo as explosões a uma “sabotagem e ação terrorista” no país, enquanto as tensões permanecem altas no Oriente Médio em meio à guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza e os ataques dos terroristas Houthis, armados pelo Irã e pela Coreia do Norte, a navios comerciais e militares da coalizão de 41 países, no Golfo de Aden e no Mar Vermelho. Ainda são poucos os detalhes, embora as explosões tenham atingido um gasoduto que vai da província iraniana de Chaharmahal e Bakhtiari, no norte, até cidades no Mar Cáspio. O gasoduto de aproximadamente 1.271 quilômetros começa em South Pars, um centro para o campo de gás offshore do Irã.
Saeed Aghli, gerente do centro de controle da rede de gás do Irã, disse à televisão estatal iraniana que uma ação de “sabotagem e terrorismo” causou explosões ao longo de diversas áreas da linha. Não há grupos insurgentes conhecidos operando naquela província, onde vivem os Bakhtiari, um ramo do grupo étnico Lur do Irã. Aghli não identificou nenhum suspeito das explosões. O Ministro do Petróleo do Irã, Javad Owji, também falando à televisão estatal, comparou o ataque a uma série de assaltos misteriosos e não reclamados a gasodutos em 2011 – incluindo por volta do aniversário da Revolução Islâmica de 1979 no Irã. Teerã comemorou o 45º aniversário da revolução neste domingo (11). “O objetivo que os inimigos perseguiam era cortar o gás nas principais províncias do país e isso não aconteceu”, disse Owji. “Exceto pelo número de aldeias que estavam perto das linhas de transmissão de gás, nenhuma província sofreu corte”, acrescentou.
No passado, separatistas árabes no sudoeste do Irã alegaram ataques contra oleodutos. No entanto, os ataques em outras partes do Irã contra essas infraestruturas são raros. Desde a revolução, o Irã tem enfrentado agitação separatista de baixo nível por parte dos Curdos no noroeste do país, dos Baluch no Leste e dos Árabes no Sudoeste. No entanto, as tensões aumentaram nos últimos anos, à medida que o Irão enfrenta uma economia prejudicada por sanções internacionais devido ao seu programa nuclear. O país enfrentou anos de manifestações em massa, mais recentemente em 2022 pela morte de Mahsa Amini, uma jovem que morreu sob custódia após a sua detenção, alegadamente pela forma como usava o lenço de cabeça obrigatório.
Entretanto, Israel realizou ataques no Irã que visaram predominantemente o seu programa nuclear. Na terça-feira, o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi, alertou que o Irã “não é totalmente transparente” em relação ao seu programa atômico, especialmente depois de um funcionário que já liderou o programa de Teerã ter anunciado que a República Islâmica tem todas as peças para uma arma “em mãos”. As tensões sobre o programa nuclear do Irã surgem num momento em que grupos que Teerã está armando na região – o militante libanês Hezbollah e os rebeldes Houthis do Iémen – lançaram ataques contra Israel durante a guerra em Gaza. Os Houthis continuam a atacar a navegação comercial na região, provocando repetidos ataques aéreos dos Estados Unidos e do Reino Unido.
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