ENAUTA PROPÕE COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS COM A 3R PETROLEUM E MEXE COM O MERCADO DE ÓLEO E GÁS
O noticiário do dia promete. A Enauta anunciou que seu Conselho de Administração aprovou a apresentação de uma proposta para a combinação dos negócios com a 3R Petroleum. A operação pode criar uma das principais operadoras independentes do Brasil e da América Latina, com potencial de produção que pode superar os 100 mil barris de óleo equivalente por dia – em linha com o volume da maior independente brasileira até então, a PRIO. A Enauta pediu exclusividade por 30 dias para que a diretoria da 3R se dedique à sua proposta. A 3R, por sua vez, aceitou a solicitação e disse que já começou a avaliar o negócio. A carta com a proposta de fusão enviada à 3R é assinada pelo presidente do Conselho de Administração da Enauta, Mateus Tessler, e o CEO da empresa, Décio Oddone (foto).
Em um comunicado ao mercado, a Enauta disse que vê ainda que a fusão abre a oportunidade de alcançar reservas operadas superiores a 700 milhões de barris em portfólio altamente complementar e diversificado. “A combinação resulta em um portfólio com escala, balanceado e de alto crescimento orgânico nos próximos cinco anos, com capacidade de adicionar valor em ambiente de consolidação e com resiliência a ciclos de preço”, disse a companhia.
A proposta da Enauta envolve a troca de ações entre as empresas de maneira a otimizar a transação, com simplificada estrutura e execução, sem necessidade de carve-outs, waiver fees e restruturação de garantias. Durante os 30 dias de período de exclusividade nas negociações com a Enauta, as duas companhias realizarão diligências confirmatórias. A transação também está condicionada a condições precedentes usuais para transações da mesma natureza e outras que venham a ser acordadas pelas companhias, tais como obtenção das aprovações legais e regulatórias, incluindo, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), entre outras.
A Enauta disse ainda que enxerga oportunidades de crescimento nas operações offshore e onshore, mitigando riscos operacionais, geológicos e regulatórios, com capacidade de reagir a ciclos monetários e de commodities, complementariedade em equipes, capacidade de atração e retenção de talentos e alta aderência a princípios ESG.
COM A PROPOSTA DA ENAUTA, NEGOCIAÇÕES COM A PETRORECONCAVO SÃO SUSPENSAS
O movimento feito pela Enauta mexe e sacode o mercado. Isso porque, para lembrar, a 3R já estava em conversas para uma possível combinação de negócios com a PetroReconcavo – uma ideia apresentada pela empresa sueca Maha Energy, que possui 5% do capital da 3R.
Conforme o plano delineado em uma carta (disponível neste link), a intenção era consolidar todos os campos onshore das duas empresas sob a PetroReconcavo, resultando em ganhos de US$ 1 bilhão em sinergias. Por sua vez, a 3R manteria seus atuais ativos offshore, e os acionistas receberiam ações na PetroReconcavo. Contudo, após a Enauta se antecipar e pedir negociações exclusivas com a 3R, as conversas com a PetroReconcavo foram suspensas, pelo menos por enquanto.
“A PetroReconcavo S.A. comunica aos seus acionistas e ao mercado em geral que foi notificada ontem pela 3R Petroleum Óleo e Gás S.A. sobre a deliberação do seu Conselho de Administração de suspender as negociações com a Companhia em razão do recebimento de uma proposta da Enauta Participações S.A., enviada por meio de uma carta, de uma transação de combinação ampla de negócios entre as duas companhias”, disse a petroleira em um comunicado.
Ainda não se sabe qual será o desfecho da possível fusão com a PetroReconcavo, mas o final do comunicado da Enauta ao mercado deixa um recado claro: “A realização dessa combinação (com a 3R) não inviabiliza novas transações com outras empresas do setor, capazes de acelerar a criação de valor a todos os acionistas.” No mercado, há quem entenda que a Enauta pode estar piscando o olho também para a PetroReconcavo. Resta saber se a diretoria da PetroReconcavo aceitaria fazer parte de uma possível fusão envolvendo 3R e Enauta.
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