AP AMPLIA SUA PARCERIA COM A AVEVA E INOVA NA AUTOMAÇÃO DE PROJETOS DE ENGENHARIA NO BRASIL
Uma parceria de mais de uma década entre a empresa brasileira AP Consultoria e Projetos e a britânica AVEVA está trazendo inovações para a elaboração da engenharia de empreendimentos industriais. Em entrevista ao Petronotícias, o diretor de engenharia da AP, Thomaz Miglio, revela como essa parceria permitiu à empresa expandir seu foco, integrando diversas disciplinas em um ambiente comum de dados. Um marco desse progresso foi um projeto multidisciplinar realizado pela AP para um grande cliente de óleo e gás, no estado de São Paulo. “Trata-se de um projeto de extrema importância para o crescimento nacional e que contribui significativamente para o PIB do país. Todo o projeto foi conduzido a partir dos escritórios da AP localizados em Salvador e Rio de Janeiro”, detalhou. Diante dos grandes resultados alcançados nessa planta, a AP foi convidada pela AVEVA para apresentar os resultados desse trabalho em um evento na Califórnia, nos Estados Unidos. “Nós fomos a única empresa de projetos do Brasil a fazer uma apresentação sobre sistemas de automação de projetos no evento. Foi uma experiência única, pois elevou a empresa para outro patamar”, afirmou o executivo. Em paralelo, no mês de abril, a AP foi eleita pela terceira vez como a empresa mais inovadora de engenharia de projetos do país pela revista “O Empreiteiro”. Agora, a companhia brasileira olha para o futuro, buscando a incorporação da inteligência artificial. “A inteligência artificial está sendo introduzida para complementar a natureza técnica e a habilidade peculiar dos seres humanos na proposição de soluções. Estamos buscando um equilíbrio entre esses dois aspectos na execução de projetos”, concluiu.
Gostaria de começar esta entrevista falando sobre a evolução da AP na automação de projetos. Como a parceria com a AVEVA contribui nesse sentido?
Trabalhamos com a AVEVA há mais de 10 anos de forma ininterrupta. Ela é a nossa principal parceira em softwares de automação de projetos industriais. Anteriormente, tínhamos um foco muito grande em tubulações, mas expandimos nossos horizontes para outras disciplinas, com o propósito de integrá-las em um ambiente comum de dados. Em 2020, iniciamos um projeto para um grande cliente do ramo de óleo e gás no Brasil, no qual tivemos a oportunidade de realizar a modelagem multidisciplinar de mais de 1.000 linhas de diversos equipamentos e integrar tudo na plataforma da AVEVA. Isso não só qualificou as informações de tubulação, mas também das outras disciplinas – a exemplo de elétrica e instrumentação. Conseguimos integrar ainda a tudo isso o escaneamento a laser – uma tecnologia bastante conhecida, mas pouco utilizada pelas empresas de engenharia.
O nível de evolução que alcançamos em apenas dois anos foi tão significativo que a AVEVA nos convidou para fazer uma apresentação no evento AVEVA World 2023, em São Francisco, na Califórnia. Nós fomos a única empresa de projetos do Brasil a fazer uma apresentação sobre sistemas de automação de projetos no evento. Foi uma experiência única, pois elevou a empresa para outro patamar.
Paralelamente a isso, fomos eleitos pela terceira vez, e premiados no mês de abril, como a empresa mais inovadora de engenharia de projetos do país pela revista O Empreiteiro.
Quais foram as principais informações apresentadas no evento?
Nós explicamos como funciona o processo de integração da automação de projetos, abordando o processo de integração automatizada, que envolve o cadastro da base de dados, a modelagem, a extração de documentos e a integração de disciplinas, com o objetivo de criar um ambiente comum de dados acessível ao cliente em qualquer momento. Foi uma apresentação de 20 minutos que nos proporcionou uma visibilidade avassaladora sobre a integração de dados e disciplinas em conjunto com escaneamento.
Além disso, após o evento em São Francisco, decidimos investir no AVEVA Connect, que é a principal plataforma integrada de dados da AVEVA. Com essa plataforma, não é mais necessário ter servidores robustos dentro da empresa. O processo de modelagem, a estruturação, o projeto e o armazenamento na nuvem são feitos por meio de um link no servidor da Amazon. Isso permite acesso às informações 100% do tempo.
A AP já utilizou essas ferramentas em algum projeto no Brasil?
Recentemente, utilizamos essas ferramentas em um dos principais projetos do país no ramo de óleo e gás. Trata-se de um empreendimento de extrema importância para o crescimento nacional e que contribui significativamente para o PIB do país. É uma planta industrial localizada em São Paulo, porém, por questões de confidencialidade, não posso mencionar o nome do cliente. Todo o projeto foi conduzido a partir dos escritórios da AP localizados em Salvador e Rio de Janeiro.
Como a empresa enxerga o potencial de crescimento de negócios no Brasil?
A AP sempre foi uma empresa com os pés no chão. Embora seja ousada, ambiciosa e agressiva na busca por tecnologias e formas inovadoras de trabalho, a companhia nunca coloca os pés onde não consegue alcançar. Nossa empresa possui vastas oportunidades de expansão. Construímos nossa carteira de clientes principalmente por meio da adesão, e não apenas competindo por preço. Buscamos clientes que reconhecem o valor da engenharia, de modo a reduzir custos operacionais, melhorar a eficiência e investir em transição energética e transformação digital. Acreditamos que o Brasil oferece um terreno fértil para isso, tanto em exportação de serviços quanto em necessidades internas.
A demanda no Brasil está evoluindo para um novo patamar. Embora possa estar temporariamente suprimida, acreditamos que é apenas uma questão de tempo para que esse crescimento de demanda se acelere nos próximos anos.
Poderia nos antecipar algumas das novidades que a AP pretende apresentar ao mercado?
Atualmente, ainda nos deparamos com plantas industriais obsoletas e com informações desatualizadas no Brasil. É comum buscar um documento ou uma especificação técnica de equipamentos em uma planta e não saber onde encontrá-los. A AP tem oferecido soluções para essas plantas, visando atualizar ativos enquanto realiza o revamp ou a construção de novas unidades industriais.
Além disso, estamos estudando a incorporação da inteligência artificial no processo de elaboração de projetos. A AVEVA é nosso principal parceiro nesse aspecto, com uma parceria estabelecida e confiável. Estamos estudando como integrar a inteligência artificial para alcançar mais resultados com menos esforço físico. A ideia não é demitir pessoas, mas sim reduzir o desperdício intelectual e aumentar a produtividade por meio do trabalho humano.
Queremos utilizar menos trabalho manual e mais trabalho intelectual. A inteligência artificial está sendo introduzida para complementar a natureza técnica e a habilidade peculiar dos seres humanos na proposição de soluções. Estamos buscando um equilíbrio entre esses dois aspectos na execução de projetos.
Quais são as perspectivas da companhia no setor de óleo e gás brasileiro?
Olhando para o horizonte, existem investimentos importantes que estão por vir. Há uma demanda significativa para o escoamento de gás natural e a retomada das obras das unidades de fertilizantes.
É importante destacar que o tema transição energética urge em nosso país. Não é mais opinião, é ciência. Precisamos repensar nossas fontes e como fazer uma transição energética economicamente viável, mas que atenda a necessidade ambiental. Acredito que os investidores estarão atentos a essas oportunidades.
Já no curto prazo, vejo perspectivas positivas em relação a esse tema tanto para o upstream, midstream e downstream, assim como para a cadeia secundária, nos próximos dois ou três anos.
E quais são os movimentos da AP para alcançar negócios nesse contexto de transição energética?
Estamos estudando maneiras de entrar nesse mercado. Nossa abordagem envolve a combinação da matriz energética atual com as energias renováveis. Nossa carteira de clientes está fortemente alinhada a esse enfoque. Acreditamos que devemos usar o óleo e gás como uma mola propulsora para acelerar a transição energética no país.
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